Não é de se admirar que a organização criminosa nigeriana tenha se tornado tão proeminente na Itália: o país tem sido uma das portas de entrada da Europa para os migrantes que se dirigem para o velho continente. Foto: Um bote inflável tentando atravessar o Mar Mediterrâneo rumo à Itália com 47 migrantes africanos a bordo, ao ser resgatado pelo Sea Watch 3 de bandeira holandesa na costa da Líbia em 19 de janeiro de 2019. (Foto: Federico Scoppa/AFP via Getty Images) |
A máfia nigeriana é uma das redes criminosas que mais cresce na Europa, alastrando suas atividades criminosas nos quatro cantos do velho mundo. Ela é formada por grupos rivais como o Black Axe, Vikings e Maphite. Recentemente as autoridades da Itália, França, Alemanha, Holanda e Malta conduziram uma operação internacional direcionada a dois dos principais grupos mafiosos da Nigéria. A polícia acusou as quadrilhas de tráfico de pessoas, tráfico de drogas, roubo, extorsão, violência sexual e prostituição.
Segundo uma reportagem do Washington Post de junho de 2019 sobre a máfia nigeriana na Itália:
"ela domina o território desde Turim até o sul de Palermo. Contrabandeiam drogas e traficam mulheres, obrigando-as a se prostituírem nas ruas da Itália. Aliciam novos membros na casta de migrantes rebeldes, recrutando-os ilicitamente em centros para candidatos a asilo administrados pelo governo italiano."
A máfia nigeriana, segundo a reportagem, "trafica dezenas de milhares de mulheres". A inteligência italiana salientou que a organização criminosa é "a mais estruturada e a mais dinâmica" do que qualquer entidade criminosa estrangeira operando em solo italiano, de acordo com oWashington Post.
"Especialistas destacam que cerca de 20 mil nigerianas, entre elas menores de idade, chegaram à Sicília entre 2016 e 2018, traficadas em cooperação com nigerianos na Itália e na terra natal".
Não é de se admirar que a organização criminosa nigeriana tenha se tornado tão proeminente na Itália: o país tem sido uma das portas de entrada da Europa para os migrantes que se dirigem para o velho continente.
O que distingue as redes criminosas nigerianas das outras é a extrema violência, a polícia italiana disse que eles usam métodos de "guerrilha urbana" para manter seu território na Itália e o uso de rituais de magia negra. De acordo com um levantamento realizado em julho de 2017 pela Organização Internacional de Migração (OIM), as vítimas de tráfico sexual fazem um juramento "selado com um ritual de magia negra ou ritual de iniciação (a vítima se compromete a honrar o acordo) "para com os traficantes, cônscias "do pavor da retaliação dos traficantes contra os familiares da vítima no país de origem".
De acordo com o levantamento da OIM de 2017:
"nos últimos três anos, a OIM Italy testemunhou uma escalada de quase 600% no número de potenciais vítimas do tráfico sexual que chegaram à Itália por via marítima. Essa tendência gritante continuou durante os primeiros seis meses de 2017, sendo que a maioria das vítimas eram nigerianas."
No levantamento, a OIM estima que 80% das meninas, muitas delas menores, vindas da Nigéria , cujo contingente saltou drasticamente de 1.454 em 2014 para 11.009 em 2016, eram "vítimas potenciais de tráfico para exploração sexual".
A máfia nigeriana não limitou suas operações somente à Itália. Ele se expandiu até o norte da Europa como na Alemanha e Suécia. Em Londres, três membros da Black Axe foram considerados culpados de lavagem de aproximadamente 1 milhão de libras esterlinas, roubadas por meio de fraudes por telefone e e-mail. A máfia nigeriana, especificamente a organização Black Axe, também se expandiu pelo Canadá, onde um levantamento do jornal Globe and Mail a retratou como um "culto à morte" originário da Nigéria, onde ela foi vinculada a "décadas de assassinatos e estupros e que seus integrantes dizem fazer um pacto de sangue". Recentemente, nos EUA o FBI associou uma série de fraudes financeiras ao Black Axe. Segundo a reportagem: "nos Estados Unidos e ao redor do mundo, a organização é responsável pela perda de milhões de dólares por meio de uma variedade de golpes requintados".
Na Suécia, a polícia descreveu a Black Axe como "uma das organizações criminosas mais eficientes do planeta". Há pouco tempo a mídia sueca publicou uma matéria mostrando como o Black Axe atua: a uma nigeriana de 16 anos foi prometido um emprego na Suécia como cabeleireira. Ao chegar, a Black Axe a forçou a trabalhar como prostituta após passar por um ritual de magia negra. "Agora nós temos seu sangue", os integrantes do Black Axe disseram a ela: "se você fugir nós a encontraremos sempre".
Em 2018 três nigerianos foram processados em Malmö por atrair mulheres nigerianas para a Suécia com a promessa de empregos e depois forçá-las a se prostituírem após obrigá-las a passar por um ritual de magia negra onde eram obrigadas a comer um coração cru de galinha. Segundo o promotor sueco, o ritual de magia negra é uma maneira de controlar e explorar as vítimas traficadas, pois elas acreditam na magia negra.
Rituais da mesma natureza também foram utilizados no Reino Unido em 2018, quando um traficante procurava traficar mulheres da Nigéria para a Alemanha e, na Espanha, também em 2018, quando um grupo de 12 traficantes nigerianos foi preso, também por forçar mulheres a se prostituírem e forçá-las a se submeterem a rituais de magia negra. Na Alemanha, de acordo com um levantamento recente realizado pela Deutsche Welle, um número crescente de nigerianas acaba se prostituindo em uma das maiores zonas de bordeis da Alemanha em Duisburg e segundo Barbara Wellner da Solidarity with Women in Distress, "na maioria dos casos, os traficantes de seres humanos nigerianos são responsáveis pelo tráfico".
O número de nigerianas traficadas para a prostituição na Alemanha, embora ainda relativamente pequeno, vem crescendo nos últimos anos de acordo com um levantamento de março de 2019 da Info-Migrants. Em 2013, apenas 2,8% das vítimas que se têm conhecimento eram da Nigéria. A percentagem subiu para 5% em 2016 e para 8% em 2017. Segundo o levantamento, que cita Andrea Tivig da organização dos direitos das mulheres Terre des Femmes, os traficantes usam o sistema de asilo:
"chegou ao meu conhecimento na Itália... que traficantes dizem às vítimas de tráfico de pessoas para se candidatarem a asilo, então elas obtêm o status para poderem ficar aqui na Alemanha, no entanto continuam sendo exploradas na prostituição.
As organizações da máfia nigeriana representam apenas uma parte, embora muito preocupante, do quadro total dos crimes das quadrilhas de migrantes importados na Europa. Conforme relatado anteriormente pelo Gatestone Institute, os crimes das quadrilhas de migrantes já representam uma ameaça aos cidadãos europeus. Em novembro de 2018 Naser Khader, membro do parlamento dinamarquês do Partido Conservador e cofundador do Movimento de Reforma Muçulmana, escreveu no jornal dinamarquêsJyllands-Posten o seguinte:
"além do apego comum pelo crime, a cultura das quadrilhas de imigrantes é um coquetel de religião, filiação de clãs, honra, vergonha e irmandade... Quanto mais duro e violento você for, mais forte você será, então você cria consciência de si mesmo e atrai mais gente".
Na Suécia, os crimes das quadrilhas de migrantes se tornou um problema quase intransponível: alguns observadores descrevem a situação como "guerra". A Dinamarca combate cada vez mais os crimes das quadrilhas de migrantes. Na Alemanha, onde as quadrilhas de migrantes são conhecidas como clãs da família criminosa, as autoridades acreditam que ainda estarão lutando contra o problema nas próximas décadas.
Nos debates políticos, os efeitos prejudiciais da migração sobre o crime, particularmente o crime das quadrilhas, não recebem a devida a atenção, se é que recebem alguma atenção. Mas deveriam.