Cada vítima civil ocorre devido à agressão do Hamas contra Israel, vinda do nada, sem provocação alguma. Nada teria acontecido sem ela. A íntegra da estratégia do Hamas é atacar centros populacionais israelenses por meio de foguetes, drones kamikazes e túneis, com o objetivo de provocar contra-ataques da FDI que por sua vez matarão seus próprios civis, cujo objetivo é difamar e isolar Israel ao redor do mundo e obter apoio internacional para sua causa. Foto: Mísseis, disparados pelo Hamas de regiões residenciais densamente povoadas em Gaza, cruzam o céu em direção de cidades israelenses em 16 de maio de 2021. (Foto: Mohammed Abed/AFP via Getty Images) |
Durante uma operação em Gaza na semana passada, as Forças de Defesa de Israel atacaram um complexo de túneis do Hamas com 12 esquadrões de 160 aviões de combate onde foram atingidos mais de 150 alvos com centenas de JDAMs "Bombas Inteligentes" (Munição Comum para Ataque Direto), destruidoras de bunkers em menos de uma hora. Embora a apuração dos danos da batalha ainda esteja em andamento, o ataque provavelmente destruiu o elemento mais crítico da infraestrutura do Hamas, eliminando gigantescos estoques de munições e muito provavelmente neutralizando dezenas, senão centenas de combatentes. Foi um duro golpe contra o Hamas e poderá ser um divisor de águas no conflito. A manobra também mandou um forte recado ao Irã e ao Hisbolá, alertando-os sobre as consequências de um ataque a Israel com seus arsenais de dezenas de milhares de mísseis armazenados no sul do Líbano.
A operação da FDI consistiu em uma combinação cuidadosamente coordenada de inteligência, monitoramento, conhecimento das táticas inimigas, estratagema, ataque surpresa além de ataques aéreos cirúrgicos, isso sem falar na força esmagadora. De tudo citado acima, estratagema e surpresa foram os elementos chave. A surpresa é um princípio de guerra das forças americanas, britânicas e de inúmeras outras, definido no Manual de Campo do Exército dos EUA da seguinte maneira: "atacar o inimigo em um momento ou lugar ou de maneira que ele não esteja preparado". O manual continua: "o estratagema pode ajudar na probabilidade de efetivar a surpresa". Ao longo da história da guerra, a surpresa alcançada por meio da artimanha levou a muitas e impressionantes vitórias militares, muitas vezes nas condições mais adversas.
A operação astuciosa da FDI lembra o famoso estratagema de Gideão, líder bíblico israelita, contra os midianitas. Ele ordenou seus homens a tocarem trombetas, acenderem tochas e bradarem gritos de guerra, simulando uma força muito maior, fazendo com que o exército inimigo, muito superior, fugisse do campo de batalha.
Na quinta-feira passada, a FDI concentrou tanques, veículos de combate de artilharia e infantaria na fronteira com Gaza, barulho de motores como as trombetas de Gideão. Toda aquela agitação estava sendo observada pelo Hamas e amplamente divulgada pela mídia internacional dando a impressão de uma iminente invasão por terra. Como os midianitas, centenas de combatentes do Hamas correram para se abrigar no interior da rede de túneis, os assim chamados "metrôs". Construídos pelo Hamas após o conflito de 2014 para abrigar instalações de comando, armazenar armas e facilitar o movimento protegido, esses túneis cobriam dezenas de quilômetros sob a Faixa de Gaza. Lá, os combatentes ficaram encurralados, um JDAM após o outro bombardeava do alto. Os que conseguiram sair para lutar contra a invasão que nunca aconteceu, as equipes antitanques e esquadrões de morteiros sobreviventes também foram atingidos pelos caças.
Esta obra-prima de sincronização tática, juntamente com todos os complexos elementos, simboliza os ataques cirúrgicos da FDI nesta campanha, a Operação Guardião das Muralhas já causou danos dos quais o Hamas levará anos para se recuperar. A FDI aprendeu muitas lições dos embates anteriores em Gaza e desde 2014 coletou vigorosamente inteligência e trabalhou no sentido de desenvolver planos de batalha e soluções tecnológicas para lidar com o Hamas e seus parceiros da Jihad Islâmica Palestina.
O Hamas não é páreo para a FDI que poderia derrotá-lo de forma rápida e muito mais barata caso fizesse uso da sua contundente e esmagadora força militar, se não fosse por um porém, a necessidade dos israelenses de minimizarem a perda de vidas de civis. O Hamas sabe muito bem disso. Eles sabem que não têm condições de derrotar a FDI e nem intencionam vencê-la. A íntegra da estratégia do Hamas é atacar centros populacionais israelenses por meio de foguetes, drones kamikazes e túneis, com o objetivo de provocar contra-ataques da FDI que por sua vez matarão seus próprios civis, cujo objetivo é difamar e isolar Israel ao redor do mundo e obter apoio internacional para sua causa. Sendo os escudos humanos o elemento fundamental de todas as suas operações, o Hamas é o primeiro "exército" da história a usar as vidas de sua própria população civil como armas de guerra.
A estratégia deles têm sido, lastimavelmente, bem-sucedida. Ao longo de muitos anos de conflito em Gaza, a maioria da mídia mundial relata com entusiasmo as mortes de civis palestinos como se eles fossem o objeto deliberado de um insensível e indiferente modo de guerra de Israel. Esta propaganda flagrantemente falsa vem sendo adotada por apoiadores do Hamas e "idiotas úteis" no Ocidente. Na semana passada, nos EUA, Grã-Bretanha e Europa, vimos centenas de manifestantes anti-Israel empunhando faixas e cartazes em apoio aos palestinos, queimando bandeiras israelenses, destilando seu ódio ao Estado judeu, gritando sobre assassinos de bebês perpetrados pela FDI. A calúnia usada pelo Hamas é o principal motivador entre os acadêmicos que odeiam Israel nas universidades e escolas de ensino médio ocidentais, que têm garimpado suas falsas alegações em férteis jazidas de material para doutrinar gerações de estudantes.
Grupos de direitos humanos em todo o mundo têm feito o mesmo. Houve dezenas de resoluções na ONU condenando Israel, muitas vezes com base na narrativa do Hamas, distorcendo todos os aspectos dos conflitos em Gaza. O prêmio no corrente ano foi a decisão do Tribunal Criminal Internacional de lançar uma investigação de cabo a rabo na esperança de arrastar soldados, oficiais e políticos israelenses para o banco dos réus em Haia.
Eu tomei parte em todas as comissões de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU e debates de emergência sobre os conflitos em Gaza nos últimos 15 anos. A ignorância proposital misturada com a má-fé é, sempre, de deixar o cabelo em pé. Cada comissão de inquérito já vinha com a decisão acertada quanto à culpa de Israel antes mesmo da primeira reunião. Cada debate e votação contava, antecipadamente, com maioria esmagadora e obviamente, com falsas asseverações dos supostos crimes de guerra cometidos por Israel e também crimes contra a humanidade. Ao mesmo tempo em que os verdadeiros crimes de guerra cometidos pelo Hamas não foram levadas em conta.
A realidade é bem diferente das mentiras que emanam dessas modernas Torres de Babel. O ataque da FDI aos túneis do "metrô" nesta semana dependia de operações relâmpago e da coordenação de 160 aviões para atacarem uma pequena área em um espaço de tempo extremamente curto. Juntamente com essas impressionantes complexidades, a FDI não mediu esforços para garantir a perda mínima de vidas civis, escolhendo alvos a dedo, onde o menor número de inocentes fossem atingidos, como estradas vazias sob as quais havia túneis, mantendo rigorosa vigilância para confirmar a possibilidade do não aparecimento de um ônibus com civis. Até agora, a FDI destruiu vários edifícios de muitos andares que abrigavam a crítica infraestrutura militar do Hamas, bem como escritórios e apartamentos civis. Extraordinariamente, todos foram destruídos sem nenhum relato de vítimas civis.
A exemplo de conflitos anteriores ocorridos em Gaza, a FDI fez transmissões de rádio em árabe, enviando mensagens SMS e até telefonemas a civis na Faixa de Gaza para avisá-los sobre ataques iminentes, onde ir para sua própria segurança e quais rotas tomar. Moradores de Gaza deram entrevistas confirmando tudo isso.
Quando os civis não saem do prédio-alvo, a FDI, às vezes, recorre à "batida no telhado", envio de artefatos de baixa potência, sem explosivos, especialmente projetados para estimulá-los a saírem daquele lugar. Com cuidadoso monitoramento das áreas-alvo, a Força Aérea israelense frequentemente aborta planejadas incursões aéreas caso haja o risco de haver vítimas civis.
Em um conflito planejado pelo Hamas para maximizar a morte de civis, algumas são inevitáveis. É muito cedo para avaliar com precisão o número de vítimas ou a proporção de civis mortos em relação aos combatentes, mas as avaliações atuais sugerem que a FDI teve ainda mais sucesso em minimizar o número de vítimas civis nesta campanha do que em combates anteriores em Gaza. Muitos meios de comunicação, grupos de direitos humanos e organismos internacionais se apressaram em tachar todas as vítimas de civis (exceto aquelas de responsabilidade do Hamas, é claro), como crimes de guerra. Mas segundo as Convenções de Genebra não é bem assim. Infligir vítimas civis não é ilegal, desde que a operação militar seja necessária para dar prosseguimento à guerra, que não sejam desproporcionais ao planejado ganho militar e que os comandantes operacionais não alvejem civis intencionalmente e que façam o possível para não atingi-los.
A mídia considera os comunicados do Ministério da Saúde de Gaza confiáveis e objetivos. Isso não é verdade e ela sabe disso. O ministério da saúde é controlado pelo Hamas e segue todas as suas ordens, tim-tim por tim-tim. Senão vejamos, dos cerca de 2 mil mísseis disparados até agora pelo Hamas neste conflito, aproximadamente 400 malograram, caindo dentro da Faixa de Gaza. Alguns destes mataram civis e o ministério da saúde atribuiu todas estas mortes às ações da FDI.
Contrário à intuição, o meio mais eficaz de salvar vidas de civis em Gaza tem sido o sistema antimíssil israelense Domo de Ferro. Apesar dos esforços do Hamas de sobrecarregá-lo, o Domo de Ferro teve um grau de sucesso de 90% quanto ao evitamento dos mísseis de Gaza atingirem seus alvos. Isso não só salvou a vida de incontáveis civis israelenses, como também denotou que a campanha da FDI pode seguir de forma mais deliberada, seletiva e precisa. Caso centenas de israelenses estivessem morrendo por conta dos foguetes do Hamas, a FDI não teria outra opção a não ser atacar Gaza com maior ferocidade e as forças terrestres já teriam entrado na Faixa de Gaza, inevitavelmente causando muito mais vítimas civis do que até o momento.
Apesar de tudo isso, conforme a mídia nos mostra incessantemente, as verdadeiras vítimas dessa campanha têm sido, de fato, os civis de Gaza. Mas ela geralmente entende tudo errado. Cada vítima ocorre devido à agressão do Hamas contra Israel, vinda do nada, sem provocação alguma. Nada teria acontecido sem ela. Assim que esta rodada de combates terminar, o Hamas trabalhará para reconstruir tudo de novo e melhor para a próxima, isto é, para regenerar sua capacidade militar em vez da infraestrutura civil. Se os governos ocidentais, organismos internacionais e grupos de direitos humanos estivessem genuinamente interessados em evitar o sofrimento em Gaza, eles deveriam começar agora, não medir esforços no sentido de acabar com o reinado de terror do Hamas, em vez de apoiá-lo repetindo sua perversa narrativa.
O coronel Richard Kemp é ex-comandante do exército britânico. Ele também foi chefe da equipe internacional contra o terrorismo do Gabinete do Governo do Reino Unido, hoje é escritor e palestrante sobre assuntos internacionais e militares. Ele é Fellow no Shillman Journalism no Gatestone Institute.