Jornais e a mídia de difusão nos dois lados do Atlântico, se contorcem e distorcem a verdade, com o intuito de criticar Israel no que diz respeito ao seu extraordinário sucesso na vacinação contra o Coronavírus. Foto: um profissional da saúde conversa com uma mulher árabe antes de inoculá-la com a vacina contra a COVID-19 no Clalit Health Services, na cidade árabe de Umm al Fahm, Israel em 4 de janeiro de 2021. (Foto: Jack Guez/AFP via Getty Images) |
O preconceito contra o estado judeu é tão intenso na mídia ocidental que ações louváveis que infalivelmente seriam estampadas em letras garrafais em manchetes caso fossem atribuídas a qualquer outro país são, via de regra, ignoradas, enxovalhadas ou denegridas quando se trata de Israel. Senão vejamos: quando ocorre um desastre em qualquer lugar do mundo, Israel costuma ser o primeiro ou um dos primeiros a oferecer assistência e enviar equipes de socorro. Há muito pouco tempo, no mês passado, as Forças de Defesa de Israel despacharam uma equipe para Honduras na esteira da devastação causada pelos furacões Eta e Iota de categoria 4, que deixaram milhares de desabrigados.
Nos últimos 15 anos equipes de socorro da FDI (Forças de Defesa de Israel) foram enviadas para a Albânia, Brasil, México, Nepal, Filipinas, Gana, Bulgária, Turquia, Japão, Colômbia, Haiti, Quênia, Estados Unidos, Sri Lanka e Egito, e para muitos outros países em anos anteriores.
Entre 2016 e 2018, sob a égide da Operação Bom Vizinho, a FDI montou hospitais de campanha na fronteira com a Síria para tratar civis feridos em consequência da violência naquele país e enviou suprimentos vitais diretamente para a Síria, nação que está em guerra com Israel, para ajudar as pessoas que lá se encontravam padecendo.
Poucos fora de Israel, comunidades judaicas ao redor do mundo e os lugares que se beneficiaram com a ajuda da FDI não têm a mínima ideia de nada disso porque a mídia não está interessada. Em alguns casos, notícias sobre países que contribuem com equipes para ajuda humanitária omitem Israel, apesar dos responsáveis saberem que a FDI estava presente desempenhando um papel importante.
A mesma diretiva negativa se estende a outros grandes benefícios que Israel trouxe ao mundo, entre eles inovação científica, tecnologia médica e inteligência para salvar vidas. Vai contra as diretrizes editoriais informar algo de positivo sobre o estado judeu, a menos que se possa de alguma forma distorcer uma boa história e transformá-la numa péssima.
Nesta semana vimos exatamente isso nos jornais e na mídia de difusão nos dois lados do Atlântico, enquanto se contorcem e distorcem a verdade, com o intuito de criticar Israel no que diz respeito ao seu extraordinário sucesso na vacinação contra o Coronavírus. No Reino Unido, o jornal Guardian publica a seguinte reportagem:
"duas semanas após o início da campanha de vacinação, Israel vem aplicando mais de 150 mil doses da vacina por dia, totalizando mais de um milhão de vacinados de seus nove milhões de cidadãos, a maior vacinação do planeta em termos proporcionais".
Visto que o mundo está tão focado no Coronavírus e nas reações nacionais em todos os lugares, jornais como o Guardian dificilmente evitariam relatar as conquistas de Israel, por mais que não o quisessem. De modo que o artigo não podia deixar de ter a seguinte manchete: "Palestinos excluídos do início da vacinação israelense contra a Covid porque as vacinas vão para os colonos".
Efetivamente acusando Israel de racismo por negligenciar os árabes palestinos, o Guardian salienta: "os palestinos na Cisjordânia e em Gaza ocupadas por Israel vão ficar chupando o dedo". Já do outro lado do Atlântico, o Public Broadcasting Service (PBS) jubilosamente publicou seu artigo sobre o sucesso de Israel com as seguintes palavras: "os palestinos são deixados para depois enquanto Israel se prepara para distribuir a vacina contra a COVID-19". O Washington Post publicou opiniões igualmente perniciosas sob a manchete: "Israel começa a vacinação, mas os palestinos poderão ter que esperar meses".
Como não poderia deixar de ser, o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários entrou na dança ao publicar em seu site uma declaração conjunta com uma série de organizações de direitos humanos, fazendo as mesmas críticas, alegando erroneamente violações do direito internacional. Ken Roth, Diretor Executivo da Human Rights Watch, uma organização que seu fundador o já falecido Robert L. Bernstein deixou exatamente devido às suas imposturas contra Israel, alegou em um tuíte: "o tratamento discriminatório de Israel em relação aos palestinos", afirmando em outro tuíte: "Israel não vacinou nenhum palestino".
Não querendo ficar de fora desses ataques gratuitos a Israel, a Anistia Internacional também lançou acusações de que o país está infringindo a lei internacional ao não vacinar os árabes palestinos.
A exemplo do que acontece com a maioria das histórias na grande mídia relacionadas a Israel e a incessante propaganda maquiada produzida pelos assim chamados grupos de direitos humanos, também estas calúnias são totalmente falsas. Os árabes palestinos que vivem na Judeia e Samaria ou na Cisjordânia e em Gaza, nem são cidadãos israelenses e não estão inscritos nos sistemas de prestação de serviços de saúde israelenses.
Sob a égide dos Acordos de Oslo firmados entre Israel e os palestinos na década de 1990, que criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP), reza que única e exclusivamente ela e não Israel é responsável pelo sistema de saúde dos palestinos, incluindo as vacinações. Quase 150 membros da ONU reconhecem a "Palestina" como país, mas esses meios de comunicação e organizações de direitos humanos, exibindo preconceitos deploravelmente previsíveis, não conseguem aceitar que é ela (ANP) quem deve fazer seu papel.
A Autoridade Nacional Palestina tem seus próprios planos para vacinar a sua população, inclusive em conjunto com o esquema da Covax da Organização Mundial de Saúde, que foi relatado na mesma mídia que procura difamar Israel.
Na época que Israel estava elaborando seu programa de vacinação e comprando vacinas, a Autoridade Nacional Palestina tinha rompido relações com Israel. Desde que o contato foi restabelecido até agora, nem a ANP nem o regime terrorista do Hamas que controla a Faixa de Gaza pediram ajuda a Israel com respeito às vacinas, evidentemente preferindo seus próprios caminhos. No entanto, no final de 5 de janeiro, um alto representante da Autoridade Nacional Palestina afirmou que a ANP está agora negociando com Israel a possibilidade de algumas vacinas serem fornecidas a eles, o que as autoridades israelenses estão ao que consta considerando.
Informes também sugerem que algumas doses da vacina já haviam sido fornecidas secretamente por Israel à Autoridade Nacional Palestina, na esteira de abordagens extra-oficiais. A razão para essa abordagem envolta numa cortina de fumaça se deve ao fato do constrangimento da ANP ter que pedir publicamente ajuda a Israel, país contra o qual ela infalivelmente destila veneno e calunia, sem dar trégua. É provável que nada disso seja publicado nem coberto pela maioria da mídia: isso não se enquadra em seus desígnios.
A ideia promovida por alguns meios de comunicação e por comentaristas de direitos humanos de que Israel poderia ter permissão de vacinar os cidadãos de Gaza, cujos governantes não perdem nenhuma chance de disparar foguetes letais contra o território israelense antes e desde o início da pandemia, é ridícula. O que esses comentaristas da mídia e os assim chamados grupos de direitos humanos estão fazendo para persuadir a comunidade internacional a ajudar os habitantes de Gaza em seu sofrimento?
Contradizendo as alegações de política racista ou de "apartheid", Israel tem vacinado seus cidadãos árabes desde o início do programa. Dada a relutância de membros destas comunidades de serem vacinados, o governo israelense, juntamente com líderes da comunidade árabe, estão promovendo esforços concentrados para encorajá-los a tomarem a vacina, incluindo uma visita do primeiro-ministro Netanyahu a duas cidades árabes nos últimos dias com este propósito.
O jornalista Seth Frantzman do Jerusalem Post confirma pessoalmente que os árabes em Jerusalém Oriental foram e estão sendo vacinados. Essas pessoas são classificadas por Ken Roth como cidadãos palestinos por ele próprio, escancarando a mentira de sua afirmação de que Israel "não vacinou nenhum palestino".
De acordo com Frantzman, há casos de não cidadãos de Israel sendo vacinados por terem comparecido aos postos de vacinação. Ele cita o exemplo de um cidadão palestino na Judeia que foi vacinado pelas autoridades israelenses apesar de não possuir o cartão do sistema de saúde israelense, ilustrando que "as autoridades sanitárias de Israel não estão medindo esforços para vacinar o maior número de pessoas possível, independentemente de serem árabes ou judeus".
Qualquer um que realmente conheça Israel, minimamente que seja, saberia que o governo israelense fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar os palestinos na Judeia e Samaria e em Gaza na luta deles contra o Coronavírus.
Não obstante as habituais alegações em contrário, a FDI salienta que aceitou e facilitou todos os pedidos de assistência médica de qualquer natureza para a Faixa de Gaza, incluindo ventiladores, geradores de oxigênio e equipamentos para testes do Coronavírus. Isso coaduna com seu histórico de não medir esforços para coordenar a ajuda humanitária à população de Gaza, mesmo durante períodos de intenso conflito iniciado pelos terroristas de Gaza.
O New York Times também tece críticas a Israel, mas de outro ângulo. Enquanto chama a atenção sobre as críticas do "fracasso" em vacinar os palestinos, o jornal não se concentra nisso e sim nas fortes e elaboradas implicações segundo as quais o sucesso de Israel é impulsionado pelo desejo do primeiro-ministro Netanyahu em "fortalecer sua desgastada imagem". De um jeito ou de outro, os jornalistas estão determinados a não permitir que as conquistas de Israel sejam retratadas de maneira positiva.
A mesma abordagem pode ser vista em relação aos Acordos de Abraham de 2020, conquistas históricas de paz entre Israel e árabes até então intratáveis. Amiúde recebidas com cinismo atroz na mídia, bem como entre os veteranos dos processos de paz, cujas fórmulas falharam reiteradamente. Inúmeros líderes políticos na Europa fizeram o mesmo. Sua oposição ao longo das décadas ao estado judeu foi impulsionada em grande parte por um desejo egoísta de tomar partido de um mundo árabe que se opõe veementemente à existência de Israel a ponto de conflito.
Lorde David Trimble, ex-primeiro ministro da Irlanda do Norte e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, indicou em novembro o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para aquela premiação, juntamente com o príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed Al Nahyan, de Abu Dabi. Lorde Trimble reconheceu que Netanyahu é a força motriz por trás dos Acordos de Abraham, cujas origens remontam ao seu discurso em uma sessão conjunta do Congresso dos EUA em 2015, quando ele se posicionou contra as ambições nucleares do Irã. A postura solitária de Netanyahu foi captada com muito interesse pelos líderes árabes, que começaram a perceber que tinham uma causa comum com o Estado de Israel, o que poderia trazer um futuro melhor para eles do que a sobrecarga da desnecessária animosidade.
Nas últimas décadas, não houve nenhum avanço em direção da paz em qualquer parte do mundo comparado a este. Veremos se Netanyahu irá receber o Prêmio Nobel em outubro. Se ele não receber a premiação, será devido ao mesmo desprezo que o New York Times e tantos outros autoproclamados intelectuais ocidentais têm por este primeiro-ministro que, embora controverso em casa e no exterior, representa o espírito israelense que aqueles veículos de mídia estão tão ávidos em denegrir, sem dar trégua, mesmo diante de conquistas monumentais como os Acordos de Abraham e o melhor programa de vacinação do planeta.
O coronel Richard Kemp é ex-comandante do exército britânico. Ele também foi chefe da equipe internacional contra o terrorismo do Gabinete do Governo do Reino Unido, hoje é redator e palestrante sobre assuntos internacionais e militares.