Israel é responsável pelo recente ataque a uma base militar iraniana que estava sendo usada para a montagem de mísseis iranianos de médio alcance capazes de atingir alvos em Israel. A ameaça era considerada de tal importância que as altas autoridades israelenses decidiram lançar um ataque ousado que requeria o uso de caças F-35 para penetrar o espaço aéreo saudita para atingir o objetivo. Foto: Um F-35 da Força Aérea de Israel. (Imagem: Israel Air Force/Wikimedia Commons) |
A recente confirmação por fontes oficiais do exército americano que caças israelenses foram os responsáveis pelo recente ataque a uma base militar iraniana mostra o ponto alarmante a que chegou a escalada da assim chamada guerra proxy entre Teerã e Jerusalém nas últimas semanas.
De acordo com fontes de segurança da cúpula israelense articuladas extra-oficialmente, a base situada na província de Salaheddin no norte do Iraque, foi alvo do ataque porque eles acreditavam que ela estava sendo usada para a montagem de mísseis iranianos de médio alcance capazes de atingir alvos em Israel.
A ameaça era considerada de tal importância que as altas autoridades israelenses decidiram lançar um ataque ousado que requeria o uso de caças F-35 para penetrar o espaço aéreo saudita para atingir o objetivo. Não está claro se os sauditas, que se opõem à intromissão iraniana no Iraque, mas que não têm relações diplomáticas com Israel, deram permissão para que caças israelenses penetrassem em seu espaço aéreo.
Acredita-se que o ataque, que teve lugar em 19 de julho, contra a base chefiada por milícias xiitas locais, conhecidas como Forças de Mobilização Popular , patrocinadas pelo Irã, resultou na morte de dois comandantes da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC), bem como de vários combatentes da milícia Hisbolá apoiada pelo Irã.
Até agora, não houve confirmação de Jerusalém de que Israel é o responsável pelo ataque, embora o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que se encontra em meio a uma campanha para a reeleição neste mês de setembro, tivesse dado fortes indícios de que as forças armadas do país efetuaram o ataque. À medida que as especulações sobre o envolvimento de Israel no ataque cresciam, consta que o premiê teria dito em Jerusalém em uma reunião para traçar diretrizes no início da semana: "vamos aprofundar nossas raízes e atacar nossos inimigos."
O nível de envolvimento israelense foi confirmado pelos Estados Unidos, que mantém 5 mil soldados estacionados no Iraque, depois que fontes oficiais das forças armadas disseram que Israel foi o responsável pelo ataque.
Esta foi a primeira vez que caças israelenses atacaram alvos no Iraque desde o famoso ataque contra o reator nuclear Osirak em 1981 que ficou conhecido como Operação Babilônia. O reator estava sendo construído pelo ditador iraniano Saddam Hussein como parte de um programa para a obtenção de armas nucleares.
O fato de Israel ter considerado imperativo atacar alvos tão distantes da sua tradicional área de operações militares próximas de suas fronteiras, são indícios da alarmante escalada que está tomando lugar nas últimas semanas no tocante à ameaça que o Irã representa à segurança de Israel.
E não para por aí, isso acontece justo quando Israel realiza operações militares em inúmeras frentes para enfrentar a ameaça iraniana. No começo da semana, no Líbano, ao que consta, um drone israelense atacou uma base palestina que se acredita seja financiada pelo Irã. Segundo se informa, caças israelenses bombardearam bases militares iranianas nos arredores da capital síria, Damasco.
O recente recrudescimento das ações militares israelenses reflete a que ponto o estado judeu está preparado a agir para se defender contra a ameaça cada vez mais robusta que o Irã representa para a segurança de seus cidadãos.
De alguma forma também enfraquece a alusão feita na cúpula do G7 em Biarritz no começo da semana, segundo a qual o Irã está tomando parte em conversas secretas para renegociar o controverso acordo nuclear.
As especulações de que poderia haver uma reviravolta diplomática de grande envergadura no pesado impasse em que se encontram Washington e Teerã se baseavam na visita surpresa do ministro das relações exteriores do Irã Mohammad Javad Zarif ao resort francês, ao que tudo indica, a convite do presidente francês Emmanuel Macron, anfitrião da cúpula.
Isso já inspirou Donald Trump a dizer que estava disposto a se encontrar com seu colega iraniano, presidente Hassan Rouhani, se as circunstâncias forem favoráveis.
Qualquer perspectiva confiável de tal encontro foi rapidamente desfeita depois do líder iraniano ter dito que tal encontro poderia ocorrer somente se Washington acabasse com as sanções punitivas contra o seu país, pré-condição que provavelmente ninguém da administração Trump estaria disposta a aceitar.
A simples noção de Washington sentar para conversar com os iranianos enquanto o Irã não arreda o pé de ameaçar incessantemente a segurança de seu aliado mais próximo no Oriente Médio, é inescrupulosa.
A realidade é que não é possível haver conversas frutíferas entre Washington e Teerã enquanto o Irã estiver comprometido com a sua infindável política de almejar a destruição total do estado judeu.
Con Coughlin é o Editor de Assuntos Internacionais e de Defesa do Daily Telegraph e Ilustre colaborador sênior do Gatestone Institute.