A flagrante parcialidade pró-China que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem mostrado em sua resposta à pandemia de coronavírus, desperta uma série de dúvidas altamente preocupantes sobre a gestão da crise pela OMS. Foto: Diretor-Geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus em visita ao presidente chinês Xi Jinping em Pequim em 28 de janeiro de 2020. (Foto: Naohiko Hatta/AFP via Getty Images) |
Como órgão responsável por resguardar os padrões globais de saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS), patrocinada pela ONU, deveria adotar uma abordagem isenta ao lidar com os Estados Membros, independentemente de seu poder.
É por esse motivo que a flagrante parcialidade pró-China que a organização tem mostrado em sua resposta à pandemia de coronavírus, desperta uma série de dúvidas altamente preocupantes sobre a gestão da crise pela OMS.
Nos termos da constituição da OMS, que define a estrutura e os princípios de governança da agência, a organização com sede em Genebra é encarregada de garantir "a implementação, por todos os povos, do mais alto nível factível de saúde".
A acusação feita pelo governo de Donald Trump de que o órgão mundial está "centrado na China" e "tendencioso" na forma de lidar com Pequim com respeito à pandemia, sugere portanto que a organização faltou com o seu dever de tratar todos os Estados Membros equanimemente.
Isso levou o presidente dos EUA, Donald J. Trump, a ameaçar cortar repasses para a OMS, uma medida que poderá ser desastrosa para a organização, já que os EUA são seu principal contribuidor.
A péssima opinião do presidente Donald Trump sobre a OMS se refletiu em uma postagem no Twitter na qual ele bateu forte nesta semana, ao postar:
"a OMS realmente pisou na bola. Por algum motivo, financiada em grande parte pelos Estados Unidos, no entanto extremamente centrada na China. Vamos dar uma boa olhada. Por sorte, desde o início, não aceitei o conselho deles de manter nossas fronteiras abertas para a China. Por que será que eles nos deram uma recomendação tão inadequada?"
De verdade, por que?
Donald Trump então repetiu as acusações em uma coletiva de imprensa na terça-feira na Casa Branca. "Eles erraram. Eles realmente erraram feio", disse o presidente. "E vamos suspender os repasses para a OMS. Vamos suspender realmente e depois veremos".
A rixa cada vez mais profunda entre Washington e a OMS ocorre no momento em que os EUA estão enfrentando uma escalada no número de mortos, enquanto os chineses festejam os cidadãos em Wuhan, cidade chinesa onde, ao que consta, o vírus se originou e começa a voltar à vida normal depois de passar por um confinamento total imposto pelo regime autoritário da China que durou mais de dois meses.
Em termos comparativos, os EUA estão sendo duramente atingidos pela pandemia, na terça-feira o Estado de Nova York reportou 731 mortes, o maior salto em um único dia.
A administração Trump acredita cada vez mais que os EUA não sofreriam tanto se a OMS tivesse sido mais rigorosa na maneira de lidar com Pequim quando o surto foi detectado pela primeira vez em Wuhan, no final de 2019.
Acima de tudo, grande parte da culpa pelo execrável desempenho da OMS durante o surto está sendo atribuída ao Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Ex-ministro da Saúde da Etiópia, ele ganhou notoriedade em seu país de origem quando serviu no politburo da Frente Marxista-Leninista de Libertação do Povo Tigray.
O Dr. Tedros já foi um grande admirador do ex-ditador da Rodésia Robert Mugabe, que até o indicou para Embaixador de Boa Vontade da OMS, decisão que ele foi forçado a revogar após protestos mundo afora.
Assim como Mugabe, o Dr. Tedros desfrutava de bom relacionamento com o partido comunista da China e venceu a eleição para o cargo que exerce hoje após receber apoio da China nas eleições de maio de 2017.
Seu longo relacionamento com Pequim pode ajudar a explicar porque a OMS tem agradado tanto a China, ainda que a pandemia de coronavírus tenha se originado em Wuhan. Em vez de criticar Pequim por conta de suas investidas iniciais de acobertar o surto, o Dr. Tedros elogiou o presidente chinês Xi Jinping, pela sua "excepcional liderança" e também a China, por mostrar "transparência" em sua resposta ao vírus.
Muitas nações, incluindo os EUA e a Grã-Bretanha acreditam que a relutância do Dr. Tedros em confrontar a China pela sua maneira de lidar com o surto do coronavírus é a razão pela qual ela agora virou pandemia, fazendo com que a maioria dos países ocidentais fossem forçados a impor isolamento na tentativa, tardia, de limitar a propagação do vírus.
Não é de se estranhar que o Dr. Tedros esteja diante de apelos, de todos os lados, para que peça demissão, em especial dos EUA, onde os políticos americanos dizem que ele confiou demais nos relatos de Pequim sobre a extensão da disseminação da doença.
É óbvio que se as investigações sobre o surto chegarem à conclusão que as devastadoras consequências globais poderiam ter sido evitadas se o Dr. Tedros tivesse agido de maneira diferente, o chefe da OMS não terá escolha a não ser apresentar a demissão do cargo.
Con Coughlin é Redator de Assuntos de Defesa e Relações Exteriores do Telegraphe Ilustre Senior Fellow do Gatestone Institute.