Desde 30 de março, o Hamas vem orquestrando a violência em larga escala na fronteira entre Gaza e Israel. Os maiores surtos ocorreram por via de regra às sextas-feiras, após as orações nas mesquitas, quando pudemos assistir repetidamente ações coordenadas envolvendo multidões de até 40 mil pessoas em cinco áreas distintas ao longo da fronteira. Violência e ações agressivas, incluindo atos específicos de terrorismo com o uso de explosivos e armas de fogo também ocorreram em outros momentos nesse espaço de tempo.
Uma Tempestade Perfeita
O Hamas pretende continuar com a violência até os dias 14 ou 15 de maio de 2018. O dia 15 é a data em que eles lembram o 70º aniversário do Dia da Nakba, Dia da Catástrofe, um dia depois da fundação do Estado de Israel. Há, no entanto, especulações de que um surto de violência está sendo planejado para o dia 14, para coincidir com a abertura da Embaixada dos EUA em Jerusalém. Calcula-se que a violência atinja o ponto culminante em um ou em ambos os dias, bem como coincidir com o Dia da Nakba e com a abertura da embaixada, também se encontra no início do mês islâmico do Ramadã, quando a violência normalmente aumenta no Oriente Médio e em outros lugares.
O Hamas planeja mobilizar até 200 mil pessoas para a fronteira de Gaza, que, se levado a efeito, será bem mais do que o dobro do contingente mais alto em relação aos dias anteriores. O Hamas também está decidido a incitar uma violência sem precedentes e a realizar invasões de grande monta na cerca da fronteira. Diante de tal campanha, é provável que haverá altos índices de baixas entre os palestinos.
Além da região fronteiriça, os palestinos também estão planejando atos violentos de grande vulto em outros lugares nesse mesmo período, inclusive em Jerusalém e na Cisjordânia. A despeito do dia 15 de maio ter sido planejado originalmente como o ápice de seis semanas de violência na fronteira de Gaza, os palestinos declararam recentemente a intenção de manter a agressão na fronteira durante todo o mês do Ramadã.
Pretexto e Realidade
A violência em Gaza foi orquestrada sob o seguinte pretexto: "Grande Marcha de Retorno", uma manifestação para chamar a atenção para o que a liderança palestina considera o direito de retorno de seu povo aos lares em Israel. A intenção declarada não é apenas demonstrar, mas romper fisicamente a cerca da fronteira e marchar em massa, aos milhares, Estado de Israel adentro.
A intenção do "direito de retorno" é claríssima, não é, na realidade, o exercício de tal "direito", que é contestado com veemência e que de qualquer maneira é objeto de negociações do status final de um acordo de paz. É um fato sobejamente conhecido como política árabe de longa data, destinada a eliminar o Estado de Israel e, como não podia deixar de ser, consistentemente rejeitada pelo governo israelense.
O verdadeiro objetivo da violência do Hamas é continuar sua estratégia de longa duração de criar e intensificar a indignação, vilificação, isolamento internacional e a criminalização do Estado de Israel e seus dirigentes. A estratégia inclui a criação de situações que obriguem a IDF (Forças de Defesa de Israel) a responder com força letal, de modo que sejam vistas com a intenção de matar e ferir civis palestinos "inocentes".
Táticas Terroristas do Hamas
Nos termos dessa estratégia, o Hamas tem usado uma série de táticas que incluem disparar foguetes de Gaza contra os centros populacionais israelenses e construir túneis sob a fronteira de Gaza para desfechar ataques sofisticados contra as comunidades israelenses próximas. Elementos críticos dessas táticas são o uso de escudos humanos palestinos, civis, muitas vezes incluindo mulheres e crianças que são forçadas e também voluntários a estarem presentes em locais onde os ataques são lançados ou comandados, ou onde combatentes, suprimentos de combate e munições estão localizados, de modo que a resposta militar israelense inclua potenciais danos a esses civis.
Há casos, inclusive na atual onda de violência, onde podemos ver o Hamas apresentar seus combatentes como civis inocentes, inúmeros incidentes forjados encenados e gravados que pretendem mostrar civis sendo mortos e feridos pelas forças israelenses além de vídeos de violência de outros lugares, como por exemplo da Síria, retratados como se fossem violência perpetrada contra os palestinos.
Mesma Estratégia, Novas Táticas
Após o uso de foguetes e túneis para ataques em três grandes conflitos de Gaza (2008 a 2009, 2012 e 2014), bem como em outros incidentes mais isolados, observamos agora o uso de uma nova tática com o mesmo princípio básico: forjamento de "manifestações" em larga escala, concatenados com ações agressivas voltadas a provocar ações defensivas israelenses com o objetivo de matar e ferir civis em Gaza, apesar dos intensos esforços das Forças de Defesa de Israel em evitar baixas de civis.
De certa maneira essa nova tática é mais eficaz do que o uso de foguetes e túneis de ataque, porque os principais alvos dessas atividades, líderes políticos, organizações internacionais (por exemplo, ONU, UE), grupos de direitos humanos e a mídia, acham difícil entender o uso de força letal contra o que é falsamente retratado como manifestações pacíficas que podem ser comparadas a protestos parecidos em suas próprias cidades.
Como sempre, muitos elementos desses principais alvos estão prontos e dispostos a serem absorvidos por este estratagema. Desde o início desta onda de violência vemos veementes condenações da ONU, UE e ICC (Tribunal Penal Internacional de Haia), de vários governos e organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional e a Human Rights Watch e dos mais diversos meios de comunicação. Eles exigem investigações internacionais sobre alegações de matanças ilegais e acusações de violações das Leis Humanitárias Internacionais e da legislação de direitos humanos pela IDF.
Táticas do Hamas em Loco
A tática do Hamas nessas operações militares cuidadosamente planejadas e orquestradas é a de concentrar multidões em locais fronteiriços e usar seus combatentes, bem como grupos de civis, para se aproximarem e se infiltrarem rompendo a cerca. Eles fazem uso de cortinas de fumaça formadas por milhares de pneus em chamas para ofuscarem suas movimentações em direção à cerca (e, vale dizer, tentaram, ineficientemente, usar espelhos para cegar observadores e atiradores de elite). Eles também usaram pneus em chamas e coquetéis molotov para tentar furar a cerca, que contém componentes de madeira em diversos lugares.
Agentes do Hamas atearam fogo a milhares de pneus, formando cortinas de fumaça para ofuscarem seus movimentos em direção à cerca da fronteira com Israel. Os operativos se escondem com armas em meio à multidão civil, procurando uma oportunidade para destruir a cerca e invadir Israel. (Imagem: HLMG/IDF) |
Na sexta-feira do dia 4 de maio, cerca de 10 mil palestinos participaram de manifestações violentas ao longo da fronteira, centenas de vândalos destruíram e incendiaram o lado palestino do posto de fronteira Kerem Shalom por onde passam bens e produtos humanitários para a Faixa de Gaza. Eles danificaram os dutos que transportam gás e combustível de Israel para a Faixa de Gaza. Esta ação destrutiva contra o posto de fronteira foi levada novamente a efeito na própria sexta-feira. No mesmo dia, duas tentativas de infiltração foram frustradas pelas tropas da IDF em dois locais separados. Três dos infiltradores foram mortos por tropas da IDF que estavam defendendo a fronteira. Em outras ocasiões a IDF prendeu alguns elementos que procuravam se infiltrar.
Além disso, o Hamas e suas milicianos posicionam arpéus, cordas, cortadores de arame e outras ferramentas para romper a cerca. Eles usaram drones, fundas e estilingues potencialmente letais para arremessar pedras contra os soldados, armas de fogo, granadas de mão e explosivos improvisados, tanto para matarem soldados israelenses quanto para derrubarem a cerca e invadirem o país.
Pipas com Bombas Incendiárias e Balões Incendiários
Pipas em chamas foram empinadas em Gaza e lançadas para o outro lado da fronteira com o objetivo de incendiar plantações e pastagens no lado israelense para causar danos à economia, matar e mutilar. Pode até parecer uma arma primitiva e até ridícula, mas no dia 4 de maio os palestinos haviam montado centenas de pipas com bombas incendiárias, com a intenção de arremessá-las como se fossem enxames contra Israel, aproveitando a intensa onda de calor. Apenas e tão somente as condições adversas do vento impediram que fossem empinadas tornando impraticável o lançamento e danos extremamente sérios.
Em diversas ocasiões pipas em chamas provocaram incêndios. Por exemplo, em 16 de abril uma plantação de trigo foi queimada no lado israelense da fronteira. No dia 2 de maio uma pipa com bomba incendiária foi lançada de Gaza provocando um enorme incêndio na Floresta Be'eri devastando grandes áreas de floresta, exigindo a presença de 10 equipes do corpo de bombeiros. Balões incendiários também foram lançados pelo Hamas, inclusive em 7 de maio, quando um balão incendiou uma plantação de trigo perto da Floresta de Be'eri. Israel estima ter sofrido prejuízos de milhões de Shekels (moeda israelense) em consequência dos incêndios causados por pipas e balões.
E Se o Hamas Conseguisse Penetrar em Solo Israelense
Até agora o Hamas não conseguiu penetrar de maneira efetiva através da cerca. Se tivesse conseguido, pressupõe-se que eles invadiriam, aos milhares, o território israelense através das fendas. Entre eles, haveria terroristas armados com a intenção de atingir as comunidades israelenses, cometer massacres em grande escala e sequestros.
Um dos lugares que o Hamas procurava invadir é adjacente ao kibutz de Nahal Oz, a apenas algumas centenas de metros da fronteira, um 'pulinho' a ser alcançado em 5 minutos ou menos por homens armados com o objetivo de matar.
Neste cenário, com terroristas armados indistinguíveis de civis desarmados, que muitas vezes também representam uma ameaça violenta, fica difícil ver como a IDF poderia evitar causar pesadas baixas ao defender seu território e seu povo.
Reação da IDF: Resposta Escalonada
É por isso que a IDF foi obrigada a agir de forma tão robusta para evitar que essa situação se concretizasse, inclusive com uso de munição comum (que ocasionalmente é letal), apesar da pesada e inevitável condenação internacional.
Como nas reações a surtos anteriores de ataques violentos, a IDF adotou uma resposta escalonada. Os israelenses lançaram do ar milhares de panfletos e usaram SMS, redes sociais, telefonemas e transmissões de rádio para alertarem o povo de Gaza a não se concentrar na fronteira ou se aproximar da cerca. Eles entraram em contato com proprietários de empresas de ônibus de Gaza e pediram para que não fizessem o transporte de manifestantes para a fronteira.
Tendo em vista que os apelos não deram em nada devido à coerção do Hamas contra a população civil, a IDF usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que se aproximava da cerca. Em uma iniciativa inovadora para aumentar a precisão e eficácia, às vezes usava drones para liberar o gás lacrimogêneo. No entanto, o gás lacrimogêneo nem sempre é a solução, pois sua eficácia é limitada pelo tempo e pelas condições do vento e pela capacidade das pessoas de atenuarem seus efeitos mais importantes.
Na sequência, as forças da IDF deram tiros de advertência, disparados para o ar. Finalmente, somente onde absolutamente necessário (segundo suas diretrizes) é que foi utilizada munição comum, destinada a restringir e não matar. Muito embora em alguns casos atirar para matar seria legal, a IDF afirmou que, mesmo assim, só disparava para desabilitar (exceto em casos em que ocorreram claros ataques contra militares, como ataques a tiros contra forças da IDF). Em todos os casos as forças da IDF operam de acordo com procedimentos padrão de operação, elaborados para se adequarem às circunstâncias e compilados em conjunto com diversas autoridades da IDF.
Ainda assim houve mortes em consequência do tiroteio e muitos ficaram feridos. As autoridades palestinas afirmam que cerca de 50 pessoas foram mortas até agora e centenas ficaram feridas. Dos mortos, Israel avalia que 80% eram agentes terroristas ou indivíduos associados a eles. O preço em vidas humanas, sofrimento e opinião internacional adversa, foi sem dúvida alto, mas não houve penetração significativa e o preço ainda mais alto foi evitado.
Condenação Internacional, Nenhuma Solução
Muitos argumentaram que Israel deveria ter agido de forma diferente em resposta a essa ameaça, incluindo o enviado da ONU ao Oriente Médio, Mladenov, que condenou as ações de Israel como "ultrajantes". O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, condenou o uso de "força excessiva" por parte de Israel. A Procuradora do ICC do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, afirmou que "a violência contra civis, numa situação como a de Gaza, poderia constituir crimes ao abrigo do Estatuto de Roma do ICC".
No entanto, apesar das condenações nenhuma dessas autoridades ou especialistas apresentaram até agora nenhuma alternativa viável de ação para impedir a penetração violenta das fronteiras de Israel.
Alguns afirmaram que as tropas israelenses usaram força excessiva porque dispararam balas comuns contra manifestantes que não representavam ameaça iminente à vida, incluindo a UE que expressou preocupação com "o uso de munição letal pelas Forças de Segurança de Israel como meio de controle de multidões". Na verdade, os assim chamados "manifestantes" representavam uma ameaça iminente à vida.
Hoje, há boa aceitação no direito internacional que a munição letal pode ser usada quando há séria ameaça de morte ou ferimentos caso nenhum outro meio tenha tido êxito em enfrentar a ameaça. Não há nenhuma exigência de que a ameaça deva ser "imediata", ao contrário, tal força pode ser usada no momento em que se torna "iminente", isto é, quando não há estágio intermediário em que uma ação agressiva possa ser evitada antes que se torne uma ameaça imediata.
A realidade é que, sob as condições deliberadamente criadas pelo Hamas, não houve um efetivo passo intermediário para que se pudesse tomar providências, exceto atirar naqueles que representavam uma ameaça. Se essas pessoas (que dificilmente podem ser chamadas de meros "manifestantes") tivessem permissão de chegar à cerca e rompê-la, não haveria somente uma ameaça iminente, mas imediata à vida, que só poderia ter sido evitada se fossem infligidas um número maior de vítimas, conforme mencionado acima.
Falta de Conhecimento da Comunidade Internacional
Aqueles que argumentam que a IDF não deveria ter usado munição letal neste caso, estão na realidade argumentando que ela deveria ter esperado para atuar até que dezenas de milhares de vândalos violentos (entre eles terroristas) invadissem o território israelense e estivessem perigosamente próximos a civis, forças de segurança e propriedades israelenses, em vez de usar tiros certeiros e precisos contra indivíduos que representassem a ameaça maior, a fim de evitar que esse cenário catastrófico se tornasse realidade.
Há os que também sustentam que não encontraram nenhuma evidência de nenhum 'manifestante' que estivesse usando armas de fogo. Eles não entendem que esse tipo de conflito não é a mesma coisa que exércitos uniformizados portando armas se enfrentando abertamente. Nessas circunstâncias, as armas de fogo não são necessárias para representarem uma ameaça. Na realidade, é bem o oposto, dado seus objetivos e modus operandi conhecidos. Suas armas são cortadores de arame, ganchos, cordas, cortinas de fumaça, fogo e explosivos camuflados.
O Hamas gastou anos e milhões de dólares escavando túneis de ataque na tentativa de se infiltrar em Israel, uma grave ameaça envolvendo espadas, não armas de fogo. Agora, além de continuar escavando túneis, eles estão tentando atacar pelo solo, usando sua população como cobertura, as armas de fogo só serão desempunhadas quando eles atingirem o objetivo de forçar uma invasão em massa. Um soldado à espera de uma arma aparecer estaria assinando sua própria sentença de morte e a dos civis que ele ou ela deve proteger.
Há críticas (especialmente da Human Rights Watch) de que as autoridades israelenses supostamente deram luz verde para ações ilegais dos soldados. Por exemplo, a HRW cita comentários feitos pelo Chefe do Estado Maior da IDF, o porta-voz do Primeiro Ministro e do Ministro da Defesa como evidências de incitamento.
Ao que tudo indica, não lhes ocorreu que esses líderes exercem autoridade por meio de canais privados de comunicação, não na mídia pública, e que tais comentários não são instruções às tropas e sim advertências aos civis de Gaza, a fim de reduzir as perspectivas de violência e para acalmar o genuíno temor dos israelenses que moram perto da fronteira. Quando o Chefe do Estado-Maior diz que está posicionando "100 franco-atiradores na fronteira", trata-se de uma expressão de seu dever legítimo de defender seu país, não uma admissão de intenção de usar força ilegal.
Grupos de direitos humanos (novamente incluindo a HRW) e comentaristas de mídia criticaram o uso da força pelas Forças de Defesa de Israel, alegando que não houve relatos de feridos entre os soldados israelenses. Eles sugeriram que isso indica uma resposta "desproporcional" da IDF. Como acontece com frequência em comentários sobre operações de forças ocidentais, esses assim chamados especialistas interpretam mal, ou deturpam, as realidades das operações de segurança e os ditames da lei. E, de fato, não é necessário mostrar que houve danos para demonstrar a existência de uma ameaça real. O fato dos soldados da IDF não terem sido seriamente feridos demonstra seu profissionalismo militar, não a falta de ameaças.
Também houve alegações segundo as quais na ausência de confrontos armados, o uso da força em Gaza é regido pelo direito internacional dos direitos humanos e não pelas leis do conflito armado. Esta é de fato uma posição enganosa: toda a Faixa de Gaza é uma zona de guerra, assim constituída ao longo do tempo pela agressão armada do Hamas contra o Estado de Israel. Portanto, nessa situação, ambas as leis são aplicáveis, dependendo das circunstâncias.
É lícito que a IDF se envolva e mate um combatente inimigo identificado em qualquer lugar em Gaza de acordo com as leis da guerra, seja com uso ou não de uniformes, armado ou desarmado, apresentando ou não uma ameaça iminente, seja atacando ou fugindo. Na prática, no entanto, ao enfrentar tumultos violentos, a IDF parece estar operando com base na suposição de que todos são civis (portanto, não recorre à força letal como primeiro recurso), a menos que seja claramente evidente não ser o caso.
Fazendo o Jogo do Hamas
Houve numerosas alegações de que o governo israelense se recusou a realizar qualquer investigação oficial sobre as mortes. Mais uma vez isso é totalmente falso. Os israelenses afirmaram que vão examinar os incidentes usando seus próprios sistemas legais respeitados internacionalmente. O que o governo israelense afirmou é que se recusa a aceitar pedidos de uma investigação internacional, assim como os EUA, o Reino Unido ou qualquer outra democracia ocidental também se recusariam.
Todas essas críticas espúrias à ação israelense, bem como as ameaças de iniciar investigações internacionais para colocar Israel diante da ICC e invocar a jurisdição universal contra as autoridades israelenses envolvidas em lidar com essa situação, fazem o jogo Hamas. Eles validam o uso de escudos humanos e a estratégia do Hamas em forçar a morte de seus próprios civis. As implicações são mais extensas do que somente para este conflito. Como vimos em episódios anteriores de violência, reações internacionais semelhantes, incluindo condenações injustas, fazem com que o uso dessas táticas seja mais difundido, aumentando as mortes de civis inocentes em todo o mundo.
Está por Vir Violência Ainda Maior?
Conforme mencionado acima, é provável que vejamos ainda mais mortes do que as que vimos até agora, quando a campanha do Hamas chegar ao seu ponto culminante planejado para 14 ou 15 de maio, resultando potencialmente em baixas em massa entre os palestinos. É igualmente provável que veremos condenações proporcionalmente elevadas na mídia e nas organizações internacionais e grupos de direitos humanos. Aqueles que abraçam uma agenda anti-EUA e anti-Israel também inevitavelmente ligarão essa violência à decisão do presidente Trump de abrir a embaixada dos EUA em Jerusalém.
Ação Futura
A nova tática do Hamas teve sucesso significativo em voltar elementos da comunidade internacional contra Israel e causar danos à sua reputação. É provável que, mesmo após essa onda de violência, os efeitos continuem a ser sentidos.
É provável que haja outras iniciativas para introduzir novas condenações por parte de atores internacionais, como os vários órgãos da ONU, bem como relatórios compromissados por Relatores Especiais da ONU. Além disso, é provável que haja esforços para arrastar a Procuradora do ICC a examinar esses incidentes, bem como para desencadear processos judiciais em diferentes estados (usando 'jurisdição universal') com o propósito de manchar a reputação ou até mesmo prender o staff da IDF e políticos israelenses.
Inevitavelmente o Hamas e outros grupos palestinos tentarão usar a mesma tática no futuro. Para mitigar isso, Israel está se preparando para fortalecer a cerca da fronteira com Gaza para tornar a infiltração mais difícil, sem ter que recorrer à força letal. (Eles já estão trabalhando em uma barreira subterrânea para impedir a infiltração pelos túneis). No entanto, trata-se de um projeto de longo prazo e em que medida uma barreira impenetrável pode ser construída ainda não está claro.
Além disso, a IDF está se empenhando mais em desenvolver armas não letais. Até hoje, apesar do intenso trabalho internacional nessa área, não foi desenvolvido nenhum sistema viável e eficaz que funcionasse efetivamente nessas circunstâncias.
Uma área na qual os amigos e aliados de Israel podem ajudar é combater a propaganda anti-Israel que o Hamas busca gerar, incluindo pressionar líderes políticos, grupos de direitos humanos, organizações internacionais e a mídia para evitarem falsas condenações de Israel e rejeitar demandas por ações internacionais, como investigações e resoluções tendenciosas da ONU. Tal oposição, preferencialmente acompanhada por forte condenação das táticas violentas do Hamas, poderiam ajudar a desencorajar o futuro uso desse plano de ação. É claro que em face da forte e consolidada agenda contra Israel, é mais fácil falar do que fazer.
O coronel Richard Kemp comandou as forças britânicas na Irlanda do Norte, Afeganistão, Iraque e nos Bálcãs. Esta análise foi originalmente publicada no Website site do HIGH LEVEL MILITARY GROUP, sendo reproduzida aqui com a permissão do autor.