Este é o jeito líquido e certo de garantir que o Hamas continuará fazendo uso do terrorismo contra Israel... Este jeito infalível é recompensar os terroristas que empregam esta tática e punir as vítimas que tentam revidar. Foto: cenário de um edifício atingido por um foguete palestino disparado contra a cidade de Ashkelon no sul de Israel, em 14 de maio de 2021. (Foto: Jack Guez/AFP via Getty Images) |
Este artigo foi publicado com ligeiras diferenças pela primeira vez em 2009. Nada mudou.
Este é o jeito líquido e certo de garantir que o Hamas continuará fazendo uso do terrorismo contra Israel e que outros grupos terroristas aumentarão o uso do terrorismo contra civis ao redor do mundo. Este jeito infalível é recompensar os terroristas que empregam esta tática e punir as vítimas que tentam revidar. Esta é uma das lições mais importantes a serem aprendidas com os recentes eventos em Gaza, mas não se trata de uma lição nova. Em 2002, no livro Why Terrorism Works , eu coloquei o dedo na ferida com a advertência que é ainda mais relevante hoje do que então:
"o verdadeiro alicerce do terrorismo é que ele dá certo, os terroristas têm consistentemente colhido frutos de seus atos terroristas. O terrorismo irá perdurar enquanto ele continuar dando certo para os que fazem uso dele, enquanto a comunidade internacional recompensar seu uso como tem feito nos últimos trinta e cinco anos."
O Hamas vem sendo enormemente recompensado pela comunidade internacional, por grupos de direitos humanos, pela mídia, pelo mundo acadêmico e por milhões de pessoas decentes por lançar mão da indecente tática de duplo crime de guerra de disparar foguetes contra civis israelenses por detrás de palestinos usados como escudos humanos. Israel foi severamente punido por tentar proteger seus cidadãos desses foguetes. Muito embora o Hamas tivesse sofrido uma derrota militar significativa nas mãos da FDI (Forças de Defesa de Israel), foi uma verdadeira mina de ouro em termos de relações públicas. Seu status foi alçado na Europa, bem como nas Nações Unidas e em toda a rua árabe. Ele perdeu a batalha em Gaza, mas pode ter vencido a guerra nos corações e mentes de muitas pessoas decentes e muito mais de pessoas indecentes em todo o mundo. E venceu esta guerra a um custo muito baixo. Se o número de mortos foi de 500/600, conforme sugeriu o Corriere della Sera ou 1300 segundo o Hamas, civis mortos servem aos interesses do Hamas que os considera mártires. Eles não ficam do lado do custo no livro-razão, de acordo com a bizarra cultura da morte perpetuada pelo Hamas e sim do lado dos benefícios no livro-razão.
De modo que, a seguir enumero, em termos simples, o programa de doze passos que o Hamas e a comunidade internacional devem seguir se realmente quiserem que o terrorismo se torne a tática primordial a ser utilizada contra as democracias por aqueles que se posicionam contra supostas injustiças.
Passo nº1: utilizem aqueles foguetes usados pelo terrorismo e os direcione a alvos civis, façam uso de ataques suicidas contra pizzarias e discotecas, plantem bombas em ônibus escolares, façam tiroteios em salas de aula... o mais profusamente possível contra seus inimigos, até que eles não tenham outra opção a não ser responder militarmente.
Passo nº2: certifiquem-se de que os terroristas e seus armamentos, foguetes, explosivos... estejam bem escondidos entre os civis em áreas densamente povoadas.
Passo nº3: quando ocorrerem os inevitáveis ataques, use escudos humanos, quanto mais jovens, melhor. Recrute-os voluntariamente, se possível, mas obrigue-os se necessário, mesmo que sejam bebês ou criancinhas.
Passo nº4: certifiquem-se de que seus combatentes terroristas estejam usando roupas civis. Recrute o maior número possível de mulheres e adolescentes para se tornarem terroristas.
Passo nº5: estejam a postos com câmeras de vídeo e jornalistas simpatizantes para filmar cada morte e transmitir as imagens o mais profusamente possível aos veículos de mídia nos quatro cantos da terra.
Passo nº6: reciclem imagens de civis mortos, em especial crianças e transfira-as de uma mídia para outra, multiplicando assim o número de civis aparentemente mortos.
Passo nº7: estejam certos de que médicos simpatizantes e staff das Nações Unidas exagerem o número de civis mortos, contem todos com menos de 18 anos e todas as mulheres como civis, mesmo que sejam terroristas.
Passo nº8: providenciem a circulação de relatos totalmente falsos sobre vítimas civis e sua localização, por exemplo, alegando que um sem-número de civis foram mortos em uma escola das Nações Unidas muito embora você saiba que nenhum dos mortos estava realmente dentro da escola. Vocês podem ter certeza de que a mídia colocará seus exagerados relatos na primeira página e quando a verdade aparecer, após uma investigação cuidadosa dias ou semanas mais tarde, ela será enterrada nas últimas páginas.
Passo nº9: acusem a democracia de crimes de guerra e entrem com processos contra seus líderes e soldados em tribunais simpáticos ao Hamas em todo o mundo. A propositura das ações criará presunção de culpa, ainda que as acusações sejam indeferidas meses ou anos depois.
Passo nº10: agendem vários "debates" nas Nações Unidas nos quais ditaduras tirânicas do mundo afora se alinham no pódio para condenar Israel por crimes rotineiramente cometidos por estas próprias ditaduras, não por Israel.
Passo nº11: botem a boca no trombone, desfilem os consagrados acadêmicos anti-Israel para inundarem jornais e programas de televisão com baboseiras de deixar o cabelo em pé sobre direito internacional, direitos humanos e leis da guerra, baboseiras que reprovariam qualquer estudante em qualquer curso de qualidade da faculdade de direito.
Passo nº12: certifiquem-se de que o Hamas entenda que, se repetir a estratégia do duplo crime de guerra, será mais uma vez recompensado e se Israel reagir, será novamente punido.
Estes doze passos devem ser usados por grupos, nações e organizações terroristas, como as Nações Unidas, que ao que tudo indica, estão determinadas a encorajar o terrorismo.
Abaixo estão seis passos para as democracias que realmente gostariam de pôr fim aos ataques terroristas contra sua população civil.
Passo nº1: nunca, em hipótese alguma, recompensem qualquer ato de terrorismo ou grupo que utilize o terrorismo para atingir seus objetivos.
Passo nº2: sempre punam terroristas e grupos terroristas que empreguem o terrorismo contra civis.
Passo nº3: nunca punam as democracias que procuram evitar atos de terrorismo contra a sua população civil, especialmente quando os terroristas se escondem em meio de sua própria população civil a fim de provocar as democracias a matarem civis.
Passo nº4: nunca permitam que organizações de direitos humanos, organizações internacionais ou tribunais de crimes de guerra sejam sequestrados por apoiadores, terroristas e inimigos da democracia para punirem apenas e tão somente aqueles que procuram proteger sua população civil do terrorismo. Isso é especialmente verdadeiro quando as democracias têm sido pacientes em responder e não têm um razoável caminho alternativo a não ser a autodefesa por meios militares.
Passo nº5: nunca manipulem as emoções de gente decente mostrando apenas os escudos humanos que foram mortos por ações militares de autodefesa das democracias, sem explicar que foram os terroristas que causaram essas mortes.
Passo nº6: certifiquem-se de que a causa defendida pelos terroristas tenho um custo a cada ato de terrorismo.
Conforme eu escrevi em 2002:
"não é só que o terrorismo jamais deva ser recompensado, mas a causa daqueles que o empregam deveria, e isso deve ficar claríssimo, ficar mais azedada em consequência do terrorismo do que ficaria se não tivesse ocorrido o ato terrorista. A maneira pela qual os terroristas calculam, definem e calibram os custos e benefícios pode ser diferente da forma como os criminosos comuns decidem se devem roubar, trapacear ou intimidar, mas a resposta da sociedade deve se basear em considerações nos mesmos moldes. Aqueles que empregam o terrorismo têm seus próprios critérios para avaliar o sucesso ou o fracasso e, ao implementarmos o princípio imutável de que aqueles que apelam para o terrorismo devem ficar em pior situação por terem recorrido a esta tática, temos que fazer com que esta tática lhes cause mais danos por conta de seus próprios critérios."
A comunidade internacional, na maioria dos casos, tem feito o contrário. A mensagem que ela tem enviado é a seguinte: podem continuar assim mesmo. Isso só ajudará sua causa terrorista e causará danos ao seu inimigo democrático. Não é de se admirar que o Hamas e outros grupos terroristas considerem que do jeito que vier o resultado de sua tática de crimes de guerra, três palitos, uma vitória para o terrorismo e também do jeito que vier, três palitos, uma derrota para a democracia.
Alan M. Dershowitz é Professor de Direito da Cátedra Felix Frankfurter, Emérito da Harvard Law School e autor do livro The Case Against the New Censorship: Protecting Free Speech from Big Tech, Progressives and Universities, Hot Books, April 20, 2021. Seu novo podcast, "The Dershow," pode ser acessado no Spotify, Apple e YouTube. Ele também é Fellow da Jack Roth Charitable Foundation no Gatestone Institute.