
Desde que o Hamas invadiu Israel em 7 de outubro de 2023, a mídia internacional, as organizações humanitárias e as agências filiadas à ONU têm incansavelmente propagado um dos libelos de sangue mais calamitosos da história: o de que Israel está deliberadamente matando de fome a população da Faixa de Gaza. Manchete atrás de manchete, e por meio de relatórios "oficiais" da ONU e imagens que viralizaram o planeta, o mundo vem sendo informado de que Gaza está à beira de passar fome, ou que a fome já se instalou. No entanto, esses alertas, declarados repetidamente em alto e bom som, também têm repetidamente deixado de se materializar.
Por trás dessa narrativa, se encontra uma calculada estratégia: a instrumentalização do sofrimento humano, orquestrada pelo Hamas, entidade que controla Gaza e a distribuição de ajuda humanitária, amplificada por simpatizantes cúmplices no sistema das Nações Unidas e na mídia global. O objetivo não é relatar a verdade, e sim difamar Israel, angariar condenação internacional e proteger o Hamas da prestação de contas.
Linha do Tempo dos Falsos Alertas da Fome
Começando no final de 2023, várias agências da ONU, a Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar (IPC) e a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (FEWS NET) começaram a emitir alertas cada vez mais alarmantes sobre a situação alimentar de Gaza. Em dezembro de 2023, o IPC emitiu uma projeção segundo a qual Gaza enfrentaria um "Risco de Fome" se o conflito e as condições de acesso não melhorassem.
De acordo com o relatório, já naquele momento, "mais de 15% (378 mil habitantes) de Gaza estavam na catastrófica Fase 5 do IPC", a fase de insegurança alimentar que se qualifica de "fome".
A Fase 5 é a fase mais grave do sistema de classificação do IPC. Um dos critérios que definem as condições de fome da Fase 5 é "uma em cada três crianças sofrendo de desnutrição aguda e duas pessoas morrendo por dia a cada 10 mil habitantes", devido à fome. Em outras palavras, neste momento, deveria haver 75 mortes diárias por fome em Gaza.
No final de fevereiro de 2024, a ONU emitiu um comunicado à imprensa declarando "fome iminente em Gaza, dizem autoridades humanitárias ao Conselho de Segurança". A declaração também apontava para um aumento no número de moradores afetados em Gaza: "pelo menos 576 mil pessoas em Gaza, um quarto da população, estão 'a um passo da fome'."
Aí em março de 2024, o IPC e a FEWS NET declararam mais uma vez que a fome era "iminente" no norte de Gaza, aumentando ainda mais o número de moradores de Gaza correndo perigo. A CNN noticiou: "a fome no norte de Gaza é iminente, à medida que mais de 1 milhão de pessoas estão diante de níveis 'catastróficos' de fome, segundo alerta um novo documento". Crucialmente, o relatório do IPC de março estimou o número de moradores de Gaza em situação de fome na Fase 5 em 15 de fevereiro em 677 mil. Com base nos critérios dessa classificação, isso elevaria o número diário de mortes de fome para 135.
No entanto, quando os dados de acompanhamento chegaram, esses alertas se esfarelaram. De acordo com os dados do "Ministério da Saúde" do Hamas, citados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nos nove meses entre 7 de outubro de 2023 e 6 de junho de 2024, houve um total de 32 mortes por desnutrição em Gaza. Um estudo da UK Lawyers for Israel (UKLFI), publicado em fevereiro de 2025, revelou que até mesmo essas mortes foram em grande parte atribuídas a infecções intestinais, e não à fome.
Na realidade, apesar das manchetes na mídia dizendo o contrário, o número total de mortes por fome e desnutrição relatado pelo "Ministério da Saúde" do Hamas entre outubro de 2023 e o final de junho de 2025 ainda era inferior a 100, menos do que o total previsto para um único dia, caso a classificação da Fase 5 do IPC tivesse sido precisa. Se as previsões do IPC tivessem se confirmado, haveria dezenas de milhares de mortes de fome só em 2024.
Em abril de 2024, a ONU e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) emitiram alertas alarmantes. "A cada dia que passa nos aproximamos de uma situação de fome", salientou Gian Carlo Cirri, Diretor do PMA em Genebra. "Há evidências razoáveis de que os três limiares da fome, insegurança alimentar, desnutrição e mortalidade, serão ultrapassados nas próximas seis semanas."
Esse padrão continuou. Em maio de 2024, dados do governo israelense contradiziam diretamente as alegações do IPC. Em junho e julho de 2024, reportagens na mídia continuaram citando "alto risco de fome", mas nenhuma delas conseguiu apontar dados reais que comprovassem a ocorrência da fome. A fome nunca chegou, mas as manchetes continuaram chegando.
Após meses de alertas de "a um passo" e "iminente" de fome catastrófica, com dados aparentemente oficiais incluídos a cada previsão, no final de junho de 2024, o IPC publicou um relatório com o título "Comitê de Revisão da Fome: Faixa de Gaza, junho de 2024, Terceiro Relatório de Revisão do IPC". Ele mostrou que as previsões anteriores de fome não eram plausíveis, contradiziam todos os dados disponíveis e se baseavam em suposições incorretas. Após meses de ladainha da mídia mundial ecoando os terríveis alertas de fome em Gaza, as conclusões do "Comitê de Revisão da Fome" não receberam quase nenhuma cobertura da mídia fora de Israel.
Não obstante o relatório, e concomitantemente, apareceram alertas mais estridentes ainda. A CNN noticiou na época o seguinte:
"a projeção é que quase meio milhão de pessoas deverão enfrentar níveis catastróficos de fome, o nível mais severo na escala do IPC... de acordo com o relatório, 96% da população de Gaza, mais de 2 milhões de pessoas, enfrentarão crise, emergência ou níveis catastróficos de insegurança alimentar até pelo menos o final de setembro."
A CNN convenientemente omitiu o fato de que o mesmo relatório admitiu que todas as previsões anteriores de fome não deram em nada.
Não se deixando deter pelos fatos, os alertas da ONU e das agências a ela relacionadas sobre a iminente fome continuaram intensos e a todo vapor. "O abastecimento de alimentos para Gaza está despencando à medida que a iminência da fome aumenta, alerta a ONU", foi a manchete do Financial Times em 16 de agosto de 2024.
Em setembro, Víctor Aguayo, Diretor de Nutrição Infantil da UNICEF, disse a jornalistas na ONU em Nova York que "a situação nutricional em Gaza é uma das mais graves que já testemunhamos". Sua declaração foi publicada pela ONU com a manchete "O Risco da Fome é Real".
Em 17 de outubro de 2024, o PMA/IPC publicou outro relatório que declarava: "centenas de milhares de pessoas em Gaza correm o risco de passar fome neste inverno".
No mês seguinte, o jornal The Guardian noticiou que "um comitê de especialistas em segurança alimentar global", chamado Famine Review Committee, declarou haver uma "forte probabilidade de que a fome seja iminente em regiões" no norte da Faixa de Gaza.
Em dezembro de 2024, a FEWS NET foi forçada a retratar parte de suas previsões equivalentes, devido a falhas nas estimativas populacionais. No entanto, nenhuma retratação equivalente apareceu na mídia. Consequentemente, o mundo ficou com a impressão de que as políticas israelenses em relação à fome estavam em andamento e eram deliberadas, apesar das esmagadoras evidências em contrário.
Depois que janeiro e fevereiro de 2025 testemunharam a entrada de volumes sem precedentes de alimentos em Gaza, o site do WFP declarou que "o aumento repentino na ajuda começa a tirar as pessoas da beira da fome". Portanto, de novo, nada de fome.
Independentemente do consistente fiasco dos terríveis alertas de fome que nunca se concretizaram, a repetição das declarações e das manchetes ao longo de 2024 fixou a narrativa na mente do mundo: Fome em Gaza. Chama a atenção que os alertas sempre foram formulados em uma linguagem que permitia uma negação plausível. Sempre havia o "risco" de uma fome "iminente" ou "de uma tragédia anunciada", a fome que simplesmente nunca apareceu.
Em 29 de julho de 2025, o Comitê Intergovernamental de Políticas (IPC) inseriu discretamente um novo asterisco em seu "alerta sobre Gaza", que reduz o nível de alerta de fome, permitindo a declaração de fome de 15% de desnutrição infantil aguda, medida pela circunferência do braço (CMBA), caso haja "evidências de agravamento rápido de fatores subjacentes", uma medida vaga que deixa em aberto uma gama de possibilidades para justificar a declaração de condições de fome. Essa mudança se afasta do antigo limite de fome do IPC, de mais ou menos 30% de desnutrição infantil aguda com base no peso em relação à altura (P/A) ou edema. O mesmo alerta se baseou em conjuntos de dados "internos" não públicos para afirmar que ocorreram mais de 20 mil internações de crianças por desnutrição aguda e pelo menos 16 mortes infantis relacionadas à fome, dados não passíveis de serem verificados independentemente. Para perpetuar a narrativa da "fome em Gaza", eles mudaram as regras e ocultaram as evidências.
Dados que Destroem a Narrativa da Fome
Considerando o enorme volume de alimentos que têm entrado em Gaza, não é de se surpreender que não tenha havido de fato fome. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, sustentar a população estimada de Gaza, de 2,1 milhões de pessoas, requer aproximadamente 62 mil toneladas métricas de alimentos por mês. A Coordenação das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT), órgão israelense que supervisiona os assuntos civis em Gaza, monitorou meticulosamente os volumes de ajuda alimentar e publicou relatórios transparentes e detalhados.
De março a dezembro de 2024, 788.216 toneladas de ajuda alimentar entraram em Gaza, uma média de 78.821 toneladas por mês, mais de 25% acima do limite estabelecido pelo WFP.
Em 19 de janeiro de 2025, um dia antes da entrada em vigor do segundo cessar-fogo para a libertação de reféns, os envios de ajuda humanitária aumentaram exponencialmente. Em janeiro, 164.148 toneladas de alimentos entraram em Gaza, mais que o dobro da média mensal de 2024. Fevereiro foi ainda mais expressivo, com impressionantes 216.075 toneladas de ajuda alimentar.
Juntas, essas 380.223 toneladas que entraram entre janeiro e fevereiro de 2025 foram suficientes para abastecer alimentos para cinco meses, até o final de maio, nos níveis dos dez meses anteriores. Considerando a necessidade de 62 mil toneladas do WFP, os alimentos que entraram de janeiro e fevereiro foram suficientes para durar até junho.
É importante observar que esses dados não são estimativas. São dados disponíveis e verificáveis publicamente, divulgados pelo COGAT e monitorados por agências internacionais.
Em 2 de março de 2025, visto o fracassado acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, Israel parou de permitir a entrada de ajuda em Gaza. Apesar das enormes quantidades de alimentos que haviam entrado em Gaza nos dois meses anteriores, em poucos dias as alegações de fome recomeçaram. Já em 19 de março, a agência estatal turca Anadolu publicou a seguinte manchete: "Gaza entra oficialmente na primeira fase da fome em meio ao bloqueio israelense".
A ONU não ficou muito atrás. Em 25 de abril, Philippe Lazzarini, Comissário-Geral da UNRWA, declarou: "crianças estão morrendo de fome em Gaza". E em 28 de abril, o site oficial da ONU comunicou: "Gaza enfrenta crise de fome enquanto o bloqueio da ajuda se aproxima da marca de dois meses".
Então, em maio de 2025, a BBC noticiou: "Gaza submetida a fome forçada, ressaltou alto funcionário da ONU à BBC".
Reiterando o que já é de conhecimento geral, em 20 de maio de 2025, Tom Fletcher, chefe do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, declarou à Rádio BBC que "14 mil bebês morrerão nas próximas 48 horas, a menos que consigamos fazer com que os alimentos cheguem a eles". Embora essa afirmação tenha sido refutada pela ONU, o dano da narrativa já estava feito.
Hamas: A Verdadeira Obstrução
A comida estava entrando em Gaza, muito além do mínimo necessário, então por que havia fome? A resposta é simples: o Hamas transformou alimentos em armas. O grupo terrorista que controla Gaza bloqueou, desviou, saqueou, acumulou e revendeu sistematicamente a ajuda humanitária a preços exorbitantes.
Inúmeros relatórios devidamente comprovados, incluindo vídeos e depoimentos de civis de Gaza, bem como admissões de agências da ONU, mostram que o Hamas e seus afiliados mercadores apreenderam a grande maioria dos carregamentos de ajuda. Civis relataram que alimentos estavam sendo revendidos a preços inflacionados ou distribuídos somente para apoiadores do Hamas. A ONU admitiu que "quase 90%" da ajuda enviada a Gaza foi "interceptada" antes de chegar aos seus pretendidos destinatários.
Uma mãe de Gaza disse à BBC: "eu juro que não vi nada dessa ajuda. Ela entra em Gaza, mas as pessoas a roubam e ela desaparece." Não se trata de um incidente isolado. É a norma sob o governo do Hamas. No entanto, agências da ONU e veículos de comunicação insistem em culpar Israel, e não a entidade que rouba rotineira e efetivamente a ajuda.
São múltiplos os incentivos para que o Hamas roube e retenha alimentos da população civil. Acima de tudo, para que o Hamas venda os alimentos que deveriam ser entregues aos civis gratuitamente, a fim de financiar suas contínuas operações. Estima-se que o Hamas tenha lucrado cerca de US$ 500 milhões com a venda da ajuda humanitária roubada. A estocagem também mantém os preços altos, limitando a oferta disponível para compra, objetivo fundamental dessa tática. Preços altos também são necessários para o sucesso da guerra de informação do Hamas. Sem escassez nas ruas, os preços cairiam e minariam a narrativa da fome.
A Fundação Humanitária de Gaza: Distribuição Eficaz de Ajuda que o Hamas Não Irá Tolerar
No final de maio de 2025, foi inaugurado um novo sistema de distribuição de ajuda: a Fundação Humanitária de Gaza (FHG). Operando quatro localidades no sul e no centro da Faixa de Gaza, a FHG é um projeto americano que opera em estreita coordenação com as autoridades israelenses. O objetivo da FHG é entregar ajuda alimentar diretamente às famílias de Gaza, contornando as redes de distribuição controladas pelo Hamas. A FHG opera com alto nível de transparência logística, rastreando entregas de ajuda com códigos de barras e GPS para garantir que os alimentos cheguem aos devidos destinatários.
Segundo um detalhado relatório datado de 1º de agosto de 2025, escrito por Andrew Fox, da Sociedade Henry Jackson, poucas semanas após o início das operações em Gaza, a GHF já estava entregando até 2,5 milhões de refeições por dia diretamente aos civis de Gaza:
"em meados de julho, o total de refeições entregues ultrapassou 52 milhões em aproximadamente 5 a 6 semanas, e no final de julho, o volume era ainda maior (a GHF relatou mais de 100 milhões de refeições entregues até o final de julho)."
O sucesso desse modelo, de driblar o controle do Hamas, provou ser uma ameaça não apenas ao controle do Hamas quanto à ajuda humanitária, como também às agências da ONU, que mostraram ser ineficazes em garantir uma distribuição segura e confiável. "Então, quem está matando?", perguntou o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, acrescentando:
"essa é uma boa pergunta. Você honestamente acha que são alguns contratados americanos, ou que são as Forças de Defesa de Israel (IDF) que estão simplesmente matando pessoas a tiros? Ou é o Hamas... porque faz parte do negócio para eles. Se eles conseguem impedir que as pessoas recebam comida de graça, eles podem depois vendê-la, comida esta que deveria ser dada a elas gratuitamente. Parece que é sobre isso que ninguém quer falar. Por que será?"
A GHF escancarou a falsidade da narrativa de que Israel era a causa da fome em Gaza.
O Hamas respondeu com ameaças e, na sequência, com violência. O Hamas atacou centros de distribuição e intimidou os que deveriam receber a ajuda.A GHF foi alvo de ataques, literalmente, do Hamas e de alguns clãs locais leais ao Hamas, chegando até a assassinar moradores de Gaza que trabalhavam para a GHF. Ao mesmo tempo, a ONU e suas agências lançaram uma campanha internacional de pressão para que Israel voltasse a entregar ajuda apenas por intermédio de grupos ligados à ONU. Vale ressaltar que quando o Hamas rejeitou um recente cessar-fogo, ele comunicou que uma de suas exigências para um acordo era que a GHF fosse completamente desmantelada.
Ao mesmo tempo, foi lançada uma campanha de desinformação, praticamente todos os dias, com falsas alegações na mídia internacional de que as Forças de Defesa de Israel (IDF) estavam atirando em moradores de Gaza que se dirigiam aos locais de distribuição da GHF, matando alguns deles. Há até uma página bloqueada na Wikipédia e não editável com o título: "mortes na distribuição de ajuda na Faixa de Gaza em 2025", que relata como fato o seguinte:
"desde 27 de maio de 2025, em meio à fome na Faixa de Gaza, mais de 1.965 civis palestinos que buscavam ajuda foram mortos e milhares ficaram feridos na Faixa de Gaza após serem atacados a tiros pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), gangues armadas e trabalhadores contratados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF)."
No final de junho e julho de 2025, a mídia internacional, incluindo a BBC e a PBS, redobrou as alegações de Anthony "Tony" Aguilar, ex-contratado da GHF que alegou ter testemunhado "crimes de guerra" e uso indiscriminado de força por soldados da IDF em locais de ajuda humanitária em Gaza. No entanto, a GHF rapidamente rechaçou, afirmando que Aguilar havia sido demitido em 13 de junho por mau desempenho, comportamento errático e conflitos voláteis com a equipe. A GHF também o acusou de inventar e retrodatar documentos para sustentar suas alegações. Essas acusações foram noticiadas por veículos como o The Times of Israel, que descreveu a apresentação de metadados de arquivo pela GHF como descrédito ao relato de Aguilar. Não obstante a questionável credibilidade de Aguilar, veículos da mídia tradicional noticiaram sem reservas o seu "testemunho" como se fosse uma reportagem imparcial de um corajoso delator.
A ideia de que as IDF atirariam em civis que estavam coletando ajuda de um aparato que os próprios israelenses ajudaram a implementar é ridícula logo de cara. O objetivo estratégico em sua totalidade de Israel de facilitar a entrega de ajuda da GHF é separar as necessidades diárias dos moradores de Gaza das necessidades do Hamas e das áreas sob controle do Hamas. Por que as IDF atacariam civis de Gaza que chegam aos locais de distribuição?
As alegações diárias de mortes provocadas pelos disparos das Forças de Defesa de Israel (IDF) em locais de distribuição sempre são feitas por funcionários de hospitais controlados pelo Hamas ou de depoimentos de testemunhas oculares não verificadas. Ainda não foi apresentado nenhum vídeo de um único incidente desse tipo, ainda que praticamente qualquer movimentação de alguém em Gaza seja gravada num smartphone e amplamente compartilhada. Se soldados das IDF realmente tivessem matado um único civil que seja num local de distribuição de ajuda, haveria alguma evidência visual para corroborar tal alegação.
O Uso da Fome Como Arma
O Hamas mostra na prática a tática descrita pelo Coronel John Spencer, Chefe dos Estudos de Guerra Urbana em West Point. "Quando um grupo causa fome em sua própria população", escreveu ele recentemente sobre o Hamas, "ele está usando essa privação como arma para alavancar a sua posição política e moral".
No final de julho de 2025, foi amplamente divulgado que cerca de 1.000 caminhões de ajuda alimentar que já tinham entrado em Gaza estavam lá aguardando, sem que ninguém a tocasse, para que empreiteiros filiados à ONU os recolhessem. A quantidade de comida exposta ao sol era suficiente para alimentar Gaza por semanas. Quando as agências da ONU alegaram problemas logísticos e de segurança para coletar a ajuda, a GHF se ofereceu para ajudar a garantir a entrega gratuita à população. A ONU recusou a oferta.
A tática do Hamas de matar de fome a população civil de Gaza para fins políticos não deveria surpreender ninguém. Assim como o Hamas instala lançadores de foguetes em escolas e armazena armas em hospitais, ele estoca alimentos e obstrui a ajuda, não devido ao sofrimento que causa, mas por causa dele. Os relatos de crianças famintas e os preços exorbitantes dos alimentos nos mercados de Gaza visam incitar a indignação internacional, não contra o Hamas, mas contra Israel.
Exploração de Crianças Doentes como Propaganda
Provavelmente o aspecto mais emocionalmente manipulador da narrativa da fome seja o uso de crianças doentes em campanhas midiáticas. Três casos de grande repercussão revelam o quão enganosas e encenadas podem ser essas representações.
O primeiro é o caso de Wateen Abu Amouna, apresentado pela BBC. Fotos mostravam a criança enrolada em um saco de lixo, com alegações de que não havia fraldas ou leite em pó para bebê disponíveis. Outros vídeos, no entanto, mostram o mesmo bebê sendo alimentado com mamadeira e usando fraldas, e a mãe parecia saudável. Essas contradições nunca foram abordadas.
Também há o caso de Osama al-Raqab. O jornal italiano Il Fatto Quotidiano publicou uma foto de primeira página do que parecia ser uma criança gravemente desnutrida com a manchete "Se Isto for uma Criança?". A matéria que acompanhava a foto incluía uma entrevista com Francesca Albanese, "Relatora Especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados". Albanese acusou o governo italiano de ser cúmplice no que chamou de "política da fome" de Israel. Acontece que se descobriu que a criança sofria de fibrose cística e está na Itália em tratamento médico desde o início de junho. A foto, tirada em abril, foi publicada na primeira página no final de julho.
O caso mais famoso é o de Mohammed al-Ma'touq, publicado no New York Times. Retratado como vítima da fome, a criança, na verdade, sofre de uma grave doença genética. Uma foto altamente manipulada do macilento menino, carinhosamente nos braços da mãe, arranjada para se assemelhar às clássicas interpretações artísticas da iconografia cristã da "pietà", viralizou e criou a imagem icônica da fome em Gaza, ainda que a condição do menino não tivesse nada a ver com a escassez de alimentos. Mais tarde, quando a foto completa, sem cortes, vazou, o irmão de Mohammed, obviamente bem alimentado, aparentando estar completamente saudável, foi visto ao lado dele. Enquanto o New York Times publicou a enganosa foto em sua primeira página, vista por dezenas de milhões de pessoas, a "retratação" admitindo o erro foi publicada apenas na conta @NYTimesPR X, que tem menos de 100 mil seguidores.
O Dr. John Borowski, médico humanitário que "trabalhou em centros de realimentação em campos de refugiados e hospitais rurais em tempos de guerra e de paz, no Quênia, em Uganda, no Zimbábue e na Índia", destacou recentemente que as condições reais de fome são dramaticamente diferentes das observadas em Gaza. Em sua experiência de campo, a fome resulta em "centenas de crianças desnutridas", não em casos isolados. Em contraste, imagens vindas de Gaza mostram crianças doentes, cujas condições são mais consistentes com doenças crônicas, como paralisia cerebral ou câncer, do que com inanição. Borowski acrescenta:
"as volumosas e autênticas fotos de crianças mostram-nas com aparência miserável e suja, mas de jeito nenhum desnutridas. (basta olhar para a circunferência média do braço (CMA) e ver que está tudo bem). Muitos adultos parecem até estar acima do peso, quando a comida é escassa, todos ficam abatidos e, pele e osso. Fotos de uma criança com CMA anormal também foram usadas para "provar" a desnutrição, mas 3% das crianças normais e bem alimentadas têm CMA anormal... portanto, trata-se de desinformação deliberada...
O último "número de mortes" por desnutrição, com base no Hamas, relata que o número de adultos que morreram de desnutrição é duas vezes maior do que o de crianças. Isso não faz absolutamente nenhum sentido. 2/3 das mortes por fome "deveriam" ser de crianças, especialmente em uma população tão jovem, onde 50% têm menos de 18 anos.
Essas distorções reforçam a conclusão de que grande parte da "informação" sobre a fome é baseada em imagens falsas e dados equivocados, deliberadamente montados para inflamar a indignação contra Israel.
A Farsa Deliberada
Por quase dois anos, o mundo vem sendo bombardeado com alegações de fome iminente e, na sequência, de fome generalizada em Gaza. Mas os fatos, dados de mortalidade, volumes de ajuda, relatos de testemunhas oculares, contam outra história. Não há fome causada por Israel em Gaza, nem nunca houve.
Essa farsa rendeu grandes dividendos ao Hamas e é provavelmente um dos motivos, juntamente com o anúncio do presidente francês Emmanuel Macron de que reconheceria um Estado palestino, o que renovou a esperança do Hamas de que poderia vencer a guerra, para que eles, do Hamas, recentemente se afastassem de um acordo de cessar-fogo e da libertação de reféns que parecia quase fechado.
A promessa de Macron de reconhecer um Estado palestino, rapidamente seguida pelo Reino Unido, Canadá e Austrália, e o mais recente aumento na ajuda às áreas controladas pelo Hamas por meio de lançamentos de ajuda aérea e o aumento no número de caminhões que entram em Gaza, juntamente com a demonização agressiva de Israel na mídia e na arena diplomática, levaram o Hamas a acreditar que o tempo jogava a seu favor.
O Hamas sabe que não tem chance de derrotar Israel militarmente, mas a sua guerra de propaganda tem sido um sucesso estrondoso. Se tudo o que for preciso é manter os civis de Gaza famintos e desesperados, esse é um preço que o Hamas está mais do que disposto a pagar.
Pesach Wolicki é co-apresentador do podcast "Shoulder to Shoulder".