O Pastor Victor Bet-Tamraz, sua esposa Shamiram e Ramiel, filho do casal, foram presos no Irã e interrogados na Prisão de Evin, (famosa pelos abusos e torturas de dissidentes) e condenados a penas de prisão por "crimes" relacionados ao cristianismo. Foto: Prisão de Evin em Teerã, Irã. (Imagem: Ehsan Iran/Wikimedia Commons) |
Dabrina Bet-Tamraz, filha de um ex-pastor no Irã, descreveu recentemente a perseguição e o sofrimento que sua família está passando após a condenação a longas penas de prisão por "crimes" relacionados ao cristianismo.
Falando de um lugar seguro na Suíça, para onde ela conseguiu fugir com a ajuda de amigos, Dabrina Bet-Tamraz, filha de Victor e Shamiram Bet-Tamraz, contou ao Gatestone Institute:
"Fui presa inúmeras vezes no Irã. Fui ameaçada, forçada a cooperar com o governo contra pastores, líderes cristãos e membros da igreja. Fui mantida sob custódia sem autorização judicial, sem nenhuma policial feminina presente e no meio masculino.
"Agora me sinto segura na Suíça, mas quando agentes iranianos do MOIS (agência de inteligência) publicaram um artigo nas redes sociais com minhas fotos e meu endereço, incentivando os iranianos que moram na Suíça a 'me visitarem', tive que me mudar para outro lugar".
Já faz quase um ano que Dabrina apelou para o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra para intervir e reverter as "falsas e infundadas acusações" imputadas ao pai, mãe, irmão e demais cristãos e cristãos convertidos no Irã. A linha do tempo das prisões de sua família é a seguinte:
- Em 2014 o Pastor Victor Bet-Tamraz foi preso juntamente com dois convertidos do Islã para o cristianismo, em meio a um encontro privado de Natal em sua residência em Teerã.
- Em 2016, Ramiel Bet-Tamraz, filho do pastor (irmão de Dabrina), foi preso juntamente com quatro amigos, todos muçulmanos convertidos para o cristianismo, em um piquenique em Teerã. Eles foram encarcerados e interrogados na Prisão de Evin, famosa pelos abusos e torturas de dissidentes.
- Em 2017, o pastor Victor Bet-Tamraz e dois convertidos foram condenados a 10 anos de prisão por "conduzirem o evangelismo" e realizarem "atividades ilegais da igreja".
Enquanto isso, a esposa do pastor, Shamiram (mãe de Dabrina), foi intimada a comparecer ao Gabinete do Procurador da Prisão de Evin e subsequentemente condenada a 10 anos de prisão por "pertencer a um grupo cujo objetivo é desestabilizar a segurança nacional" e por "congregar e conspirar com o intuito de cometer crimes contra a segurança nacional".
Todos os membros de sua família apelaram das condenações. Enquanto os recursos não forem julgados, os membros da família estão em liberdade condicional, aguardando futuras audiências.
Dabrina disse que sua família vive no limbo, o que nos está exaurindo psicológica e financeiramente:
"Eles estão fazendo das tripas coração para sobreviver, sem saber o que irá acontecer, sendo impossível planejar algo para o futuro. Suas vidas estão em compasso de espera.
"A vida deles é uma ansiedade constante, impotentes, sem segurança nem proteção, mesmo em suas próprias casas. Eles estão plenamente cientes dos perigos que os cercam, no entanto, não têm condições de fazer nada para se protegerem. Eles são vigiados, controlados e grampeados, esse é o dia a dia deles. Toda vez que toca o telefone eles ficam apavorados: pode ser algum agente da inteligência iraniana notificando-os para comparecerem a uma sessão de interrogatório ou a uma audiência.
"Todo o dinheiro do meu pai foi bloqueado. Agora ele não possui nenhuma renda e está proibido de ter um emprego público. Ele tem 65 anos e vive de uma pensão que sequer é suficiente para comprar comida.
"Além disso, meu irmão é constantemente acusado por seus interrogadores de levar adiante o sacerdócio de meu pai, de ensinar e pregar a Bíblia, já que meu pai não tem mais condições de desempenhar a função."
O sacerdócio da Igreja Pentecostal Assíria de Teerã teve as portas fechadas pelo Ministério do Interior iraniano em 2009 por ministrar serviços em língua persa, o que as igrejas étnicas no Irã não têm permissão de oferecer. A igreja só teve permissão de reabrir depois que Bet-Tamraz foi expulso e substituído por outro líder religioso que conduziu os serviços em assírio.
A Anistia Internacional lançou uma campanha no sentido de exigir que o governo iraniano "anule as condenações e as sentenças" de Bet-Tamraz, de sua esposa e dos outros dois cristãos acusados e "respeite o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião".
O Instituto Assírio de Política enviou uma carta pública ao presidente do judiciário iraniano e ao Procurador-Geral de Teerã, solicitando que extingam as acusações contra esses cristãos e "parem com o assédio, prisão e detenção arbitrária e encarceramento de cristãos, incluindo convertidos, no Irã."
No ano passado, um grupo de "inspetores especiais" das Nações Unidas que tratam de direitos humanos, emitiu uma declaração conjunta exortando o Irã a "garantir uma audiência final, justa e transparente" de Bet-Tamraz e de dois cristãos convertidos. O comunicado dizia em parte:
"Estamos cientes de outros registros de casos em que membros da minoria cristã receberam sentenças pesadas pela acusação de 'ameaça à segurança nacional', seja por converter pessoas ou por frequentar igrejas domésticas.
"Isso mostra um padrão preocupante de pessoas sendo visadas devido à sua religião ou crença, neste caso uma minoria religiosa no país."
"Integrantes da minoria cristã no Irã, particularmente os conversos, enfrentam expressiva discriminação e perseguição religiosa."
A história da família Bet-Tamraz é parte do que a organização de direitos humanos International Christian Concern relatou ser a "Fábrica do Terror do Irã" cujo alvo são os cristãos:
"No Irã, qualquer prática que contradiga o Islã é considerada uma ameaça à segurança nacional, punida exemplarmente pelo sistema judiciário."
"Os tribunais revolucionários foram criados para proteger quaisquer ameaças ao Islã. Esses tribunais evoluíram para uma máquina de opressão bem lubrificada que opera com impunidade sob a proteção do Estado. Os tribunais estão intimamente ligados ao Ministério da Inteligência. Os juízes têm à sua disposição os Guardas Revolucionários (polícia secreta) e uma rede de prisões usadas para torturar e interrogar cristãos."
De acordo com a International Christian Concern, o Dr. Mike Ansari da Heart4Iran, um ministro cristão iraniano, salientou o seguinte a respeito das vítimas desse sistema judicial: "se você renegar e se arrepender, você vai para a cadeia. Caso contrário, você será morto ".
O comunicado da International Christian Concern ressaltou:
"O código penal carece de orientação em relação ao judiciário com respeito aos muçulmanos que se converteram ao cristianismo. Os cristãos sabem que estão sujeitos a pesadas multas, detenção, longas penas de prisão e até mesmo execução sob a Lei Islâmica (Sharia). As sentenças dos cristãos convertidos estão à mercê da interpretação do juiz e podem ser fundamentadas em qualquer coisa, o estado de espírito do juiz naquele dia, o que comeu no café da manhã, a sua interpretação da lei da Sharia e o grau de ódio ao cristianismo."
A situação acima, continuou Dabrina, é responsável pelo sofrimento de sua família.
"O juiz ainda não encontrou provas suficientes para condenar a minha mãe. O caso não estava suficientemente claro para ele. Ele solicitou mais informações e documentação dos interrogadores. Ele muito provavelmente juntará todos os casos, de meu pai, minha mãe e meu irmão e os chamará para a próxima audiência."
O problema é que, segundo ela, não foi marcada nenhuma data para a próxima audiência.
Uzay Bulut, jornalista da Turquia, Ilustre Colaboradora Sênior do Instituto Gatestone.