Em 29 de setembro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan inaugurou mais uma mesquita na Europa patrocinada pela Turquia, "A Mesquita Central de Colônia", localizada em Colônia, Alemanha. (Foto: Carsten Koall/Getty Images) |
O governo turco gasta centenas de milhões de dólares na construção de mesquitas como parte de um programa de longo prazo com o intuito de promover o Islã ao redor do mundo. Muitos muçulmanos esperam que as novas mesquitas espalhadas pela Europa fomentem e facilitem sua intenção de disseminar o Islã para os países não islâmicos e persuadir os "infiéis" cristãos a abandonarem sua fé em prol do Islã.
Em 29 de setembro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan inaugurou mais uma mesquita na Europa patrocinada pela Turquia, "A Mesquita Central de Colônia", localizada em Colônia, Alemanha.
A agência Anadolu, financiada pelo governo turco, relatou em 25 de setembro:
A Mesquita Central de Colônia, construída pela União Turco-Islâmica para Assuntos Religiosos (DITIB), após oito anos de obras, conta com a capacidade de acomodar 1.200 pessoas.
"Ela será a mais importante e uma das maiores mesquitas da Europa e da Alemanha. Nevzat Yasar Asikoglu, presidente da DITIB, ressaltou aos repórteres que ela tem um significado simbólico para os nossos irmãos muçulmanos que vivem aqui". "Nossa mesquita também simboliza a paz, a fraternidade e a cultura da coexistência", salientou ele.
O complexo de 17 mil metros quadrados da mesquita também aloja um shopping center, um local para exposições e auditório para palestras, um salão de convenções com capacidade para acomodar 600 pessoas, uma biblioteca, salas para reuniões de trabalho e um estacionamento no andar térreo.
Alemanha, país com mais de 81 milhões de habitantes, tem a segunda maior população muçulmana da Europa Ocidental perdendo apenas para a França. Dos quase 4,7 milhões de muçulmanos que residem no país, três milhões são de origem turca.
Entretanto, ao mesmo tempo em que uma enorme mesquita está sendo inaugurada na Alemanha, a maior escola teológica ortodoxa cristã, localizada na ilha de Halki (Heybeliada), no Mar de Mármara, permanece fechada por quase 50 anos, por ordem do governo turco. Além disso, a menos de um quilômetro do seminário cristão fechado, um novo centro de estudos islâmicos abrangendo uma área total de 200 acres está programado para ser construído.
DITIB, o grupo que construiu a nova mesquita de Colônia, administra mais de 900 mesquitas em toda a Alemanha. Essas mesquitas estão ligadas ao Conselho Administrativo para Assuntos Religiosos do governo turco (Diyanet), que fornece imãs às mesquitas da DITIB.
Recentemente a mídia alemã reportou que o serviço de inteligência do país está pensando em monitorar a DITIB, devido ao seu envolvimento em vários escândalos, como por exemplo: espionagem dos imãs para representações diplomáticas turcas, recusa em comparecer a uma "passeata contra o terrorismo" em Colônia, a convocação de fiéis para rezarem por uma vitória militar turca contra os curdos no norte da Síria e organizar uma encenação militar com bandeiras turcas e armas de brinquedo fornecidas a crianças "mártires".
A oposição às atividades da DITIB na Alemanha também está crescendo. "Aqueles que disseminam o nacionalismo, ódio aos cristãos, judeus ou pessoas sem filiação religiosa e espionam em nosso país a pedido do governo turco não podem ser parceiros na luta contra o extremismo religioso na Alemanha", salientou o parlamentar Christoph de Vries.
Enquanto isso, o governo turco continua destruindo a herança cristã na Turquia. Por exemplo, o Seminário Teológico Ortodoxo tornou-se um símbolo da sistemática discriminação a que os cristãos estão sofrendo na Turquia.
A única escola de formação para a liderança do cristianismo ortodoxo, o Seminário de Halki foi fechado pelo governo turco em 1971. Desde então, o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla tem sido incapaz de formar o clero e sucessores em potencial para o cargo de Patriarca.
De acordo com a Ordem de Santo André, Arcontes do Patriarcado Ecumênico:
"Desde o seu fechamento, o Patriarcado Ecumênico teve que enviar os jovens de sua comunidade que desejam entrar para o sacerdócio para uma das escolas de teologia na Grécia. Em muitos casos eles não retornam, dadas as restrições onerosas para a obtenção de licenças de trabalho e devido ao clima geral de intimidação. Apesar das promessas do governo turco de reabrir nossa escola de teologia, não houve nenhum progresso. Se isso não for resolvido, o funcionamento administrativo e o futuro do Patriarcado Ecumênico estará em perigo".
Em 2016, a Arquidiocese Ortodoxa Grega da América enumerou outras violações da Turquia contra a Igreja Ortodoxa:
O governo turco impõe restrições à eleição do Patriarca Ecumênico e dos Hierárquicos que votam, exigindo que eles sejam cidadãos turcos. Na realidade, o governo pode, arbitrariamente, vetar qualquer candidato ao cargo de Patriarca Ecumênico.
Visto que a população de Hierárquicos e Cristãos Ortodoxos na Turquia está cada vez menor, em um futuro não muito distante poderá não haver mais quem eleger para o cargo de Patriarca Ecumênico.
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As autoridades turcas não permitem o uso da denominação ou do termo "Ecumênico" para qualquer atividade religiosa, apesar do fato dele estar em uso desde o Século VI d.C. e reconhecido em todo o mundo. A Turquia considera o Patriarcado uma instituição cujo representante é visto como líder espiritual dos cristãos ortodoxos da Turquia e não como líder de 300 milhões de cristãos ortodoxos mundo afora.
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O Patriarcado Ecumênico não tem identidade jurídica ou personalidade jurídica de boa-fé na Turquia.
A falta de uma identidade jurídica é uma importante fonte de problemas para o Patriarcado Ecumênico, como o não reconhecimento de seus direitos de propriedade e a não emissão de autorizações de residência e de trabalho a padres "estrangeiros" (melhor dizendo não turcos) essenciais para a continuidade e funcionamento do Patriarcado Ecumênico. As autoridades turcas não permitem que o Patriarcado Ecumênico possua qualquer propriedade, nem mesmo suas igrejas. A casa patriarcal em si não é reconhecida como propriedade do Patriarcado e até mesmo a Fundação do Orfanato de Meninas e Meninos na Ilha de Buyukada (Prinkipos), para a qual o Patriarcado possui a escritura desde 1902, não é legalmente reconhecida pelo governo turco. A impossibilidade de obter licenças de trabalho pelos "estrangeiros" que trabalham no Patriarcado Ecumênico faz com que essas pessoas tenham que sair do país a cada três meses para renovar os vistos de turista que desestruturam o andamento e a produtividade do Patriarcado Ecumênico e desencoraja a alocação de pessoal do exterior.
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Por meio de inúmeros métodos, as autoridades turcas confiscaram milhares de propriedades do Patriarcado Ecumênico e da comunidade ortodoxa grega ao longo dos anos, como mosteiros, monastérios, igrejas, um orfanato, casas particulares, prédios de apartamentos, escolas e terras.
Para piorar ainda mais a situação, em vez de reabrir a escola, as autoridades turcas divulgaram recentemente um plano para a construção de um gigantesco centro educacional islâmico na região central da ilha de Halki.
Halki é um dos poucos lugares da Turquia onde ainda há uma comunidade grega. Não parece ser mera coincidência o fato do governo turco ter escolhido Halki para construir um grande centro islâmico. Parece mais outra política do governo turco de islamização que irá promover com mais força a erradicação da herança cultural grega e do cristianismo ortodoxo na região.
Os gregos da Turquia, remanescentes do outrora grande Império Bizantino, são brutalmente perseguidos e praticamente exterminados. Eles foram expostos, entre outros crimes contra a humanidade, a um genocídio, pogroms e deportações forçadas nas mãos de vários governos turcos. Como resultado, há somente cerca de 1.300 gregos em Istambul. Mas, apesar de seu ínfimo contingente, a moribunda comunidade grega ainda sofre discriminação e violações de seus direitos.
O governo turco, que mantém fechada a maior escola de teologia cristã do país, dispende grande parte de seu orçamento anual na construção de mesquitas mundo afora.
A Diyanet é o órgão do governo que planeja construir o centro islâmico ao lado do Instituto de Teologia Ortodoxa de Halki. O orçamento anual da Diyanet do ano passado totalizou 8,1 bilhões de liras (US$1,38 bilhão), superando os orçamentos de 12 ministérios, incluindo o Ministério da Saúde e o Ministério do Interior, segundo a imprensa turca.
Faz parte das atividades da Diyanet a construção de mesquitas em todo o mundo. De acordo com seu site oficial, a Diyanet concluiu a construção de mesquitas nos Estados Unidos, Rússia, Bielorrússia, Alemanha, Somália, Haiti, Cazaquistão e em Gaza entre outros lugares. Novas mesquitas estão no momento em construção na Albânia, Quirguistão, norte do Chipre região ocupada pelos turcos, Djibuti, Suécia e Inglaterra.
A Diyanet também planeja construir mesquitas em Kosovo, região de Karachay-Cherkessia na Rússia, Chade, Costa do Marfim, Venezuela, Mauritânia, Níger e no campus da Universidade de Georgetown nos Estados Unidos. Um "centro cultural turco" também está sendo construído em Tóquio, no Japão.
Segundo a Fundação Diyanet, o órgão também construiu mesquitas no Líbano, Mali, Filipinas e Crimeia.
O governo turco está promovendo a islamização em todo o mundo por meio de suas atividades, que abrangem a construção de mesquitas. Apesar do cristianismo estar profundamente enraizado na Turquia é uma religião que está morrendo. A Turquia, que hoje engloba a Ásia Menor ou Anatólia dentro de suas fronteiras, possui mais lugares bíblicos do que em qualquer outra região do Oriente Médio, exceto Israel. Muitos apóstolos e santos cristãos, como Paulo de Tarso, Pedro, João, Timóteo, Nicolau de Mira e Policarpo de Esmirna, entre outros, ministraram ou viveram na Turquia.
A islamização da região foi iniciada pelas tribos turcas da Ásia Central que invadiram o Império Bizantino grego no Século XI. Hoje, apenas 0,1% da população da Turquia, de quase 80 milhões, é cristã, consequência da perseguição por séculos contra os cristãos.
A moderna república turca, fundada em 1923, quase completou o aniquilamento dos cristãos gregos remanescentes no país por meio de inúmeros crimes e pressões.
O governo turco de hoje, aparentemente agindo de acordo com sua própria ideologia jihadista, está construindo mesquitas na Europa e além, usando muitas delas para sua própria agenda e disseminação fundamentalista islâmica. Uma Europa fraca, mal orientada e iludida parece estar ansiosamente se curvando a essa ideologia.
Uzay Bulut, jornalista da Turquia, Ilustre Colaboradora Sênior do Instituto Gatestone. Ela está atualmente radicada em Washington DC