Domingo, 15 de março, enquanto as igrejas cristãs ao redor do mundo estavam celebrando a missa matinal, duas igrejas no Paquistão, uma católica a outra protestante, foram atacadas por homens bomba islâmicos. Pelo menos 17 pessoas foram mortas e mais de 70 ficaram feridas.
O Talibã assumiu a responsabilidade. Acredita-se que o grupo esperava por muito mais mortes, já que havia cerca de 2.000 pessoas em ambas as igrejas no momento das explosões.
De acordo com testemunhas oculares, dois homens bomba se aproximaram dos dois portões das duas igrejas para nelas ingressarem. Ao serem barrados em uma das igrejas, um jovem cristão de 15 anos de idade impediu a entrada deles com seu próprio corpo, o jihadista islâmico acionou o detonador. Testemunhas viram "partes dos corpos voando pelos ares".
De acordo com uma declaração oficial da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Paquistão, apesar de todas as ameaças recebidas pelas igrejas, as autoridades providenciaram apenas um "mínimo" de segurança.
Como já acontece em outros países de maioria muçulmana, as igrejas no Paquistão estão sendo atacadas. Em 22 de setembro de 2013 em Peshawar, homens bomba islâmicos invadiram a Igreja de Todos os Santos logo após a missa dominical, detonando a si mesmos no meio de aproximadamente 550 fiéis, matando cerca de 90 crentes. Muitos deles eram crianças da escola dominical, mulheres e membros do coro. Pelo menos 120 pessoas ficaram feridas.
Um paroquiano lembra como "restos humanos ficaram espalhados por toda a igreja". (Para se ter uma ideia de como ficaram as igrejas após os ataques suicidas, veja essas imagens fortes).
Em 2001, um pistoleiro islâmico invadiu a Igreja Protestante São Dominique, abrindo fogo contra os fiéis matando pelo menos 16 crentes, em sua maioria mulheres e crianças.
O restante da rodada da perseguição muçulmana aos cristãos do mês de março ao redor do mundo, inclui, mas não está limitado aos seguintes relatos listados em ordem alfabética, por tema e país, não necessariamente de acordo com a gravidade do caso.
Ataques Muçulmanos contra Igrejas e Mosteiros Cristãos
República Centro Africana: pelo menos oito igrejas foram queimadas em um município ao norte de Nana Grebizi, depois que vaqueiros Fulani muçulmanos, fortemente armados, atacaram diversas aldeias. Dois cristãos, inclusive um pastor, foram mortos no ataque, outro cristão foi torturado com requintes de crueldade. Depois da carnificina os vaqueiros islâmicos incendiaram e saquearam a população local. O incêndio destruiu grandes extensões de terra, pelo menos oito igrejas, centros de missionários e um número desconhecido de lares cristãos.
Egito: nas primeiras horas da madrugada do dia 9 de março, a Igreja Católica Copta de Kafr el-Dawar foi atacada por homens armados que fizeram uso de explosivos contra o templo de oração. Dois policiais foram hospitalizados após o ataque. Em outra ocasião, o Dr. Yusuf al-Burhami, destacado clérigo do movimento salafista do Egito, apareceu em um vídeo em março, dizendo que "destruir igrejas é permissível, contanto que a destruição não prejudique os muçulmanos, como por exemplo, falsas alegações de que os muçulmanos estão perseguindo os cristãos, levando a ocupações (estrangeiras)". Ele ainda acrescentou que "a razão pela qual nós concordamos que as igrejas sejam construídas, aplicando o artigo da constituição que trata dos cultos e também a razão pela qual nós não cobramos a jizya (imposto) dos cristãos, é porque a condição dos muçulmanos na era atual é bem conhecida por todas as nações do mundo, é porque elas estão fracas e deteriorando entre os povos". Burhami explicou que quando os árabes muçulmanos conquistaram o Egito no século VII, a antiga nação era cristã e pelo fato de haver poucos muçulmanos, as igrejas dos cristãos coptas foram autorizadas a permanecerem de pé, "assim como o profeta permitiu aos judeus permanecerem em Khaibar após ele tê-la aberto (conquistado), porém à medida que os muçulmanos foram crescendo em número e poder, o (segundo califa) Omar al-Khattab os expulsou de acordo com o comando do profeta Expulsem os judeus e os cristãos da Península".
Alemanha: um ataque jihadista em potencial contra a catedral e a sinagoga em Bremen foi evitado graças a ação da polícia. A polícia deu proteção à catedral e à sinagoga vasculhando um centro cultural muçulmano.
Iraque: militantes do Estado Islâmico explodiram uma Igreja Católica Caldeia do século X ao norte de Mossul devastando o cemitério adjacente. De acordo com Nineveh Yakou, arqueólogo assírio e diretor do patrimônio cultural e assuntos nativos da A Demand for Action, o mosteiro foi "totalmente destruído" pelo Estado Islâmico. A edificação foi fundada pela Igreja Assíria no século X e depois reconstruída como seminário pela Igreja Católica Caldaica em 1846. "O mosteiro atual foi construído sobre um sítio arqueológico contendo milenares ruínas assírias. Era uma mostra importante da continuidade da cultura assíria até a nossa", disse Yakou. "O EIIS está devastando o patrimônio cultural do Iraque. O mosteiro foi classificado como patrimônio cultural. É uma limpeza étnica e cultural".
Quênia: na tarde de 28 de fevereiro em Maramande, muçulmanos da vizinha Somália incendiaram uma igreja cristã. Essa mesma igreja foi incendiada em 5 de julho de 2014, sendo reconstruída em janeiro de 2015. De acordo com seu pastor "essa gente não quer o cristianismo nessa região... Eles querem acabar comigo, de modo que o cristianismo não possa mais ter continuidade nessa região. Mas eu continuarei levantando meus olhos a Deus por ajuda". De acordo com o jornal Morning Star News a "violência na região costeira do Quênia vem se acelerando nos últimos anos. Em 11 de janeiro na região de Mombasa, um homem armado baleou e matou um cristão em frente ao portão que leva à igreja, ao que tudo indica por tê-lo confundido com o pastor da igreja. Segundo consta, a polícia disse que os agressores podiam ser membros de uma célula extremista islâmica ativa em Mombasa acusada, no passado, de ter cometido ataques com armas e granadas".
Líbano: desconhecidos invadiram Mar Elias, uma milenar igreja maronita no Vale Bekaa. Além de danificarem uma das janelas da igreja, eles destruíram parte do assoalho ao escavarem um enorme buraco perto do altar. Segundo o bispo maronita Joseph Mouwad, muitos dos itens sagrados da igreja foram deixados intactos e não foram roubados. Preferiram "quebrar os ladrilhos fazendo escavações, ao que tudo indica, procurando alguma coisa, mas não sabemos o quê". Foram encontradas impressões digitais e bitucas de cigarros.
Massacre Muçulmano de Cristãos Infiéis
República Centro Africana: uma discussão entre um motorista de táxi e seu passageiro muçulmano levou ao massacre de pelo menos 16 cristãos em Bangui, a capital daquele país. Um homem muçulmano conhecido como Aladji chamou um mototáxi pedindo para ser levado a um bairro de nome Bangui, dominado por muçulmanos. Ele carregava uma sacola com granadas. O mototáxi quebrou, o motorista parou para consertá-lo, porém o agitado passageiro puxou uma faca tentando esfaqueá-lo. Mas o motorista dominou Aladji matando-o. Depois que seu corpo foi encontrado, os muçulmanos marcharam até o setor cristão da cidade onde massacraram ao menos 16 cristãos, alguns por decapitação. As autoridades detiveram 10 membros do Seleka, um grupo formado praticamente só de muçulmanos, após os assassinatos.
Líbia: dois meses depois que o Estado Islâmico na Líbia divulgou um vídeo no qual 21 cristãos coptas tiveram suas cabeças decepadas por serem "infiéis" e adoradores da cruz", os coptas continuam a ser visados e assassinados. Desde que o vídeo foi divulgado em meados de fevereiro, pelo menos outros 35 cristãos coptas desapareceram na Líbia. E não para por aí, em 2 de março, o corpo de outro cristão copta egípcio que teve a cabeça decapitada foi descoberto nos arredores de Mechili no leste da Líbia. Em relação a esses acontecimentos, um professor egípcio alega que o Estado Islâmico tem a legitimação de massacrar cristãos na Líbia baseado em um livro intitulado (sendo traduzido), Cristãos e o Alcorão. O autor do livro é Mahmoud Lutfi 'Amr, presidente do Ansar al-Sunna al-Muhammadiya de Damanhur, o que significa "Os Defensores do Exemplo de Maomé". O livro estava sendo vendido livremente em livrarias espalhadas pelo Egito.
Nigéria: transtornados porque os seguranças da Igreja Católica de São Pedro no estado de Kaduna ousaram erguer uma barreira como medida de segurança contra ataques jihadistas, em 8 de março soldados nigerianos abriram fogo matando cinco membros da igreja durante a missa dominical. De acordo com Christopher Mamman, membro da paróquia, "um soldado se aproximou dos assistentes do pastor que tinham montado uma barreira durante a missa de domingo no caminho que vai até a nossa paróquia ordenando que eles a desmontassem. Os assistentes do pastor disseram ao soldado que a missa estava em andamento e que eles a removeriam tão logo a missa terminasse, mas o soldado ficou inconformado com a explicação". Vale a pena lembrar que centenas de igrejas cristãs têm sido atacadas e cristãos atacados durante os serviços religiosos de domingo, esta é portanto a razão para a montagem da barreira em frente à igreja. Sem levar isso em consideração, o soldado voltou 10 minutos depois com mais soldados: "invadiram a paróquia, atirando nos fiéis dentro da igreja", disse Mamman. "Cinco dos nossos membros foram atingidos e mortos, enquanto muitos outros ficaram feridos. Outro cristão, de outra igreja, também foi morto quando a situação saiu do controle se espalhando pela cidade".
Paquistão: uma mãe cristã acusou a polícia de torturar seu filho até a morte na tentativa de obter dela a confissão de um roubo que ela diz não ter cometido. Zubair Masih foi enterrado em 8 de março em um cemitério cristão em Lahore, em meio a um forte esquema policial. Ele tinha 20 anos de idade. Seu corpo mutilado foi encontrado na noite do dia 7 de março, em frente a sua casa na região de Shamsabad de Lahore. Sua mãe Aysha Bibi trabalhou como doméstica até 20 de fevereiro na residência de Abdul Jabbar. Ela disse que seus salários foram pagos integralmente ao sair do emprego de Jabbar. Mas em 4 de março ela recebeu um telefonema da esposa de Jabbar para voltar para efetuar algumas tarefas: "logo na minha chegada Jabbar me levou à Delegacia de Harbanspura, onde me disseram que eu tinha roubado objetos da residência de Jabbar", disse Bibi. "Jabbar me espancou na delegacia enquanto outros policiais me xingavam, forçando-me a confessar que eu havia roubado 35.000 rúpias (aproximadamente US$350) além de enfeites de ouro pesando cerca de 100 gramas". Em 6 de março, segundo ela, "a polícia deteve meu filho Zubair, torturou-o na frente dos meus olhos. Quando Zubair gritou de dor, eles lhe disseram que ele só seria solto se eu confessasse o roubo... Repeti inúmeras vezes para a polícia que eu não tinha nada a ver com o roubo, em seguida me expulsaram da delegacia, mas meu filho Zubair continuou detido. No dia seguinte o corpo de Zubair foi encontrado em frente à nossa casa". Ativistas dos direitos humanos dizem que a alegação do seu ex-patrão muçulmano é suspeita pelo fato dele ter esperado uma semana para prestar queixa à polícia.
Uganda: uma menina de 16 anos de idade que fugiu de um primo muçulmano que a espancou e também à sua irmã por elas terem se convertido ao cristianismo, morreu em circunstâncias misteriosas em 8 de março, um dia depois dela ter sido encontrada por parentes que estavam à sua procura. Namwase Aisha morreu no Hospital Iganga onde estava se recuperando de malaria após ter dado entrada no hospital em 5 de março, também estava se tratando de ferimentos na cabeça sofridos em 1º de fevereiro, ela e sua irmã foram espancadas pelo tio com um pedaço de madeira, além de ficarem trancadas em um quarto por três dias sem comida. De acordo com uma fonte "no sábado, 7 de março, parentes muçulmanos descobriram o paradeiro dela e a visitaram no hospital após semanas de procura... Naquela ocasião Aisha estava respondendo muito bem à medicação, mas na manhã de domingo, após receber a medicação matinal, ela ficou agitada e nós nos perguntamos o poderia ter acontecido".
A condição dela continuou a piorar até sua morte, afirmou o pastor que cuidava dela: "suspeitamos que a morte da nossa irmã Aisha pode estar relacionada à medicação ministrada a ela na manhã de domingo, o que coincide com a chegada de seus parentes muçulmanos no sábado". Líderes religiosos pensaram em mover uma ação contra o hospital mas acharam que poderia levar a mais atrito com os muçulmanos, segundo eles.
Aisha teve um enterro cristão perto da região para onde ela tinha fugido. "No trajeto em que Aisha foi levada para o túmulo, seu corpo estava inchado e cheirando a drogas, indício que ela poderia ter sido injetada com algum tipo de droga desconhecida", segundo o pastor dela. Dois anos antes, outro convertido ao cristianismo em Uganda foi atacado pela família muçulmana, inclusive uma tia que envenenou a bebida dele com inseticida.
Dhimmitude: Hostilidade e Desprezo Generalizado
Egito: "desconhecidos" incendiaram o carro estacionado do Pe. Ayub Yusif, padre da Igreja Católica Cóptica São George na aldeia de Dalga, Minia, Alto Egito. Quando os bombeiros conseguiram apagar o fogo, o carro já estava completamente destruído. Dalga já foi palco de diversos ataques contra cristãos. Em setembro de 2013, por exemplo, partidários da Irmandade Muçulmana forçaram os lares cópticos a pagarem a jizya, "dinheiro de proteção" islâmico extorquido dos cristãos e de outros não-muçulmanos do estado islâmico. O Pe. Ayub, o mesmo cujo carro fora recentemente incendiado, se queixou de como a Irmandade Muçulmana estava abusando dos cristãos da aldeia.
Cazaquistão: um centro de reabilitação para drogados e alcoólatras dirigido por cristãos na aldeia de Sychevka, Região de Pavloda, foi multado e fechado por três meses depois que uma ordem do tribunal alegava que o centro "conduzia atividades ilegais", incluindo cultos religiosos. A acusação, que o centro nega, foi feita depois que a polícia confiscou 18 livros cristãos e outros materiais em uma batida policial em 9 de março. O centro acolhia 14 residentes, sendo que todos optaram por morar no centro e podiam sair se assim o desejassem. Oito residentes, assustados por terem sido questionados diversas vezes, decidiram sair do centro após a batida policial do ano passado.
Quênia: muçulmanos da Somália atacaram dois irmãos cristãos, um irmão e uma irmã dentro da residência deles. De acordo com o irmão (nome omitido): "os agressores bateram na porta, quando minha irmã abriu a porta, foi golpeada perto da testa com um objeto cortante. Minha irmã caiu no chão aos gritos, eu saí correndo para ajudá-la. Já na porta, eu também fui golpeado na minha mão direita e caí no chão". Quando os vizinhos correram para ver o que estava acontecendo, os agressores falando o idioma somali fugiram. No meio da confusão um dos vizinhos ouviu-os dizer "nós não queremos cabelos duros (termo depreciativo usado para os cristãos quenianos) na nossa região, eles deviam voltar para o lugar de onde vieram. Voltaremos em breve". Menos de um ano antes do ocorrido, o pai dos irmãos foi assassinado, também por muçulmanos que falavam o idioma somali.
Síria: A International Society of St. Vincent de Paul, uma organização católica, reportou que alguns de seus membros na Síria foram sequestrados pelo grupo terrorista Estado Islâmico e avisaram que se os adultos não negarem a religião cristã, serão decapitados e "seus filhos serão queimados vivos em jaulas". De acordo com a Irmã Monique, da Vincentian Daughters of Charity: "domingo à tardezinha em 1º de março de 2015, eu recebi uma mensagem de M. Francoise, uma emissária da International Society of St. Vincent de Paul (em Roma), eu consegui falar com ela pelo telefone. Ela estava saindo de Paris e sofreu um colapso diante das notícias que acabara de receber: membros da Society of Saint Vincent de Paul na Síria foram sequestrados, juntamente com suas esposas e filhos. Os filhos foram isolados e colocados em jaulas. Os adultos que não negaram sua religião foram decapitados e seus filhos queimados vivos nas jaulas". O destino da maioria dos cristãos sequestrados, bem mais de 200, continua desconhecido.
Sobre essa Série de Artigos
Embora nem todos, nem mesmo a maioria dos muçulmanos esteja envolvida, a perseguição aos cristãos está aumentando. A série "Perseguição Muçulmana aos Cristãos" foi desenvolvida para reunir algumas, nem todas, as instâncias de perseguição de aparecem a cada mês.
Ela documenta o que a grande mídia frequentemente deixa de noticiar.
Ela postula que esse tipo de perseguição não é aleatória e sim sistemática, e que ocorre em todos os idiomas, etnias e lugares.
Raymond Ibrahim é o autor de Crucified Again: Exposing Islam's New War in Christians (publicado por Regnery em cooperação com o Gatestone Institute, abril de 2013).