Na última semana, Toto Martello, um porta-voz dos pescadores da ilha Italiana de Lampedusa, fez soar o alarme. "O Mediterrânea está a transformar-se no barril de pólvora do mundo," disse ele. Ele exigiu que o governo Italiano decretasse um estado de emergência em Lampedusa e Linosa, duas ilhas a meio do caminho entre a Itália e a Líbia. "Estamos com medo que os nossos barcos sejam abordados por terroristas," disse Martello.
No último mês, a organização de terror Islamista ISIS (Islamic State of Iraq and Syria, ou Estado Islâmico do Iraque e da Síria) conseguiu criar uma posição firme em Sirte, e chocou o mundo com imagens vídeo das decapitações de 21 Cristãos Egípcios com o mar Mediterrâneo como plano de fundo. A atrocidade provocou ataques aéreos Egípcios em Derna, outra fortaleza do ISIS na costa Líbia. Esta ação Egípcia unilateral fez com que o estado apoiante do terrorismo do Catar chamasse de volta o seu embaixador do Cairo.
Os terroristas do ISIS preparam-se para assassinar 21 Cristãos Egípcios na Líbia, em Fevereiro de 2015. |
Como um estado falhado, a Líbia tornou-se uma presa fácil para o ISIS, que até agora apenas controlou território na Síria e no Iraque. As fontes militares Líbias dizem que a organização terrorista também tem um campo de treino de até 4,000 jihadistas perto de Sabratha, a apenas 45 quilómetros da fronteira com a Tunísia, e a menos de 70 quilómetros para Oeste de Tripoli, a capital Líbia. O facto de que o ISIS conseguiu assegurar território costeiro em Sabratha pelo Oeste, em Sirte através da costa central da Líbia, e em Derna no Este, indica que toda a Líbia está em perigo de ser devastada pelo ISIS.
De acordo com os documentos do ISIS publicados pela Fundação Quilliam do Reino Unido, a organização pretende enviar terroristas através do Mediterrâneo, colocando-se como emigrantes nos veleiros que traficam pessoas. A organização terrorista anunciou que está a planear usar a Líbia como porta de entrada para a Europa. A partir de Sabratha e Sirte, o ISIS é capaz de lançar ataques sobre a Itália e Malta. A Líbia está a apenas 300 milhas da Sicília, 250 milhas de Malta e a apenas 100 milhas de Lampedusa. A partir de Derna, o ISIS pode facilmente chegar à Grécia. Creta está a apenas 200 milhas, e a Grécia continental a apenas 300 milhas.
Também existe a ameaça de ataques em alvos marítimos, como os cruzeiros no Mediterrâneo. "Não é uma questão sobre se vai acontecer. É apenas uma questão de quando vai acontecer," avisa o especialista marítimo Jim Walker.
O ISIS também ameaçou inundar a Europa com mais de 500,000 emigrantes. No último ano, mais de 170,000 emigrantes chegaram a Itália de barco, atravessando o Mediterrâneo. As milícias da Líbia conseguem financiar-se por milhões de dólares ao traficar emigrantes Africanos e Árabes em barcos de refugiados. O Ministério da Emigração em Roma confirma de que podem existir quase meio milhão de pessoas em campos esperando chegar à Itália.
Após as decapitações horripilantes dos 21 reféns Cristãos Egípcios, um dos assassinos do ISIS vangloriou-se de que Roma seria o próximo alvo. "Conquistaremos Roma, com o consentimento de Alá, a prometa do nosso profeta, a paz esteja com ele," disse ele, enquanto apontava um dedo ensanguentado para o Norte.
O antigo subsecretário da Marinha dos Estados Unidos, Seth Cropsey, avisou recentemente no The Wall Street Journal que o ISIS está a expor a região costeiro do Sul da Europa a ataques e raptos. Ele defendeu uma maior presença naval dos Estados Unidos na região. Após o final da Guerra Fria, a presença naval dos Estados Unidos no Mediterrânea foi significativamente reduzida. No entanto, o risco de um conflito militar entre o Mediterrâneo Central e de Este nunca foi tão alto como hoje.
A chegada do ISIS à Líbia constitui o maior perigo à Europa em décadas. Os analistas concordam que nunca antes a Itália esteve tão exposta. Os serviços secretos Italianos confiram que a situação pode piorar em apenas algumas semanas. Fontes militares afirmam de que pelo menos 20,000 tropas devem ser colocadas na Líbia para contra-atacar o perigo de um ataque em Itália, mas a Itália é apenas capaz de mobilizar 5,000.
Enquanto os Italianos estão claramente a entrar em pânico sobre um Estado Islâmico do outro lado do mar, são incapazes de o combater sozinhos. Roma tem, acima de tudo, medo de colocar tropas na Líbia. "Não é a altura para uma intervenção militar," disse na última semana o Primeiro-Ministro Italiano Matteo Renzi. "A nossa proposta passa por esperar pelo Conselho de Segurança da ONU. A força da ONU é incrivelmente superior àquela de milícias radicais."
O regime militar no Egipto do Presidnete Abdel Fattah el-Sisi também se sente ameaçado pela presença do ISIS na Líbia. Numa entrevista com a estação de rádio Francesa Europe 1, Sisi pediu uma intervenção internacional apoiada pela ONU na Líbia- Ao contrário dos Italianos e de outros países Europeus, a força militar do Egipto não tem problemas em agir sozinha se a ONU estremecer durante muito tempo. O Cairo está atualmente a preparar uma operação de comandos e fuzileiros navais contra Derna, para tomar conta da cidade e destruir a fortaleza do ISIS lá. O Egipto sabe que o tempo está a esgotar-se.