
No Irã o custo da energia elétrica é um dos mais baratos do mundo. O custo médio da energia elétrica nos Estados Unidos por quilowatt-hora é de US$0,181.
No Irã, é de US$0,004/kWh.
Um país onde a energia elétrica é muito mais barata do que nos Estados Unidos não está querendo baixar o preço.
O Irã assim como a Líbia, Kuwait, Iraque, Omã, Catar e outros países ricos em petróleo têm os custos de energia elétrica mais baixos do planeta. Países com enormes reservas e produção de energia elétrica não precisam de energia nuclear se comparados com a Alemanha ou a França, que dependem de importações.
A Arábia Saudita, cuja energia elétrica custa US$0,053/kWh, não começou a ir atrás de um programa nuclear porque precisava reduzir seus custos de energia. Assim como os Emirados Árabes Unidos. Os sauditas e os emiradenses se interessaram em desenvolver um programa nuclear "civil" somente quando o programa nuclear do Irã decolou.
Se o Irã estivesse desenvolvendo um programa nuclear para reduzir os custos de energia, teria abandonado o programa há muito tempo logo depois que as sanções custaram à economia do país cerca de US$1 trilhão. Perder US$ 1 trilhão para cortar mais algumas frações de centavo do custo médio de um quilowatt-hora não faz nenhum sentido.
O Irã não está interessado em aplicações pacíficas da energia nuclear, e sim em armas nucleares. É por isso que está disposto a perder US$ 1 trilhão e ir à guerra para proteger seu programa nuclear.
Apesar desses fatos óbvios pautados pelo bom senso, a Administração Obama e algumas personalidades do atual governo insistem em fazer de conta que um acordo pode ser feito para manter o programa nuclear do Irã para fins pacíficos. A ideia é tão sonsa em 2025 quanto em 2015, quando o presidente Barack Obama forçou o seu acordo com o Irã na premissa de que um estado terrorista islâmico com petróleo jorrando do solo perdeu US$1 trilhão e foi à beira da guerra para reduzir os custos da energia elétrica de US$0,004 para US$0,003 / kWh.
Vejamos a usina nuclear iraniana de Bushehr. Em construção desde os anos de 1990, com capacidade de geração de energia elétrica de 1.000 megawatts, é uma gota no oceano em comparação com os bilhões de dólares gastos para construí-la. (O Irã ora afirmou ter gasto US$1,7 bilhão ora US$4 bilhões na usina.)
Um dos maiores produtores de energia do mundo não entraria em guerra para aumentar 1.000 megawatts de geração de energia elétrica.
Apesar da usina nuclear de Bushehr e do restante da extensa e crescente infraestrutura nuclear do Irã, o país obtém apenas 1% da sua energia elétrica da usina nuclear. O Irã obtém a maior parte de sua eletricidade (86%) do gás natural, e seu custo de gás natural é de US$0,001/kWh para residências (contra US$0,081 em média ao redor do mundo).
Com 1,183 trilhão de pés cúbicos de reservas de gás natural, uma das maiores do mundo, o Irã tem toda a energia de que precisa sob seus pés. Mesmo sem adicionar o custo de US$1 trilhão das sanções, o uso de usinas nucleares para gerar energia elétrica para residências e empresas não faz nenhum sentido econômico.
Mais de 95% das famílias iranianas dependem do gás. E o Irã gera tanta energia que exporta energia elétrica para o vizinho Iraque. Apesar de apresentar ares de escassez de energia elétrica e gás para justificar o programa nuclear, isso não é porque o Irã não tem gás suficiente, e sim porque prioriza as exportações em detrimento de seu mercado interno e usa as receitas para fomentar o terrorismo internacional.
O Irã é o terceiro maior produtor de gás natural do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Rússia. Para onde vai esse dinheiro? Certamente não vai para a população iraniana, que tem pouca ou nenhuma voz sobre o assunto.
Os trilhões de pés cúbicos de gás natural produzidos a cada ano pelo Irã também ajudam a financiar o seu programa nuclear extremamente caro e devastador. O Irã planeja gastar mais US$20 bilhões na construção de usinas nucleares (numa economia que conta com um PIB de apenas US $404 bilhões) porque quer assegurar que a sua população civil e as empresas tenham tudo o que precisam?
Se o Irã realmente se importasse com o bem-estar e a prosperidade de sua população civil, teria interrompido o programa nuclear e encerrado as sanções internacionais impostas ao país, que atingiram mais duramente seus bens de consumo e as exportações e importações de empresas, enquanto fazia menos para impedir suas principais exportações de energia e negócios de construção dos quais o regime obtém grande parte de sua riqueza.
Quando o presidente Donald Trump reimpôs sanções ao Irã por conta de seu programa nuclear, mísseis balísticos e terrorismo, o crescimento do PIB caiu de 8,8% após o acordo nuclear de Obama em 2015 para 2,4%.
Valia a pena adicionar alguns megawatts à rede elétrica em um país alimentado por suas reservas de gás?
O Irã não está atrás de um programa nuclear porque (1) precisa de energia elétrica, (2) porque faz algum sentido econômico ou (3) porque se preocupa com o bem-estar da sua população civil.
Ninguém no Oriente Médio está construindo usinas nucleares porque quer um segmento de mercado nuclear civil. E com certeza nenhum dos países que podem obter toda a energia que desejam apenas perfurando o solo.
Aqueles que se opõem a qualquer repressão ao programa nuclear do Irã deveriam ser honestos e dizer isso, em vez de promover a ficção de Obama de que um dos maiores produtores de energia do mundo com energia elétrica barata perdeu US$1 trilhão para poder aumentar irrisoriamente a sua capacidade de geração de energia elétrica.
O Irã não está construindo Natanz, seu complexo subterrâneo de enriquecimento de urânio nas profundezas da terra que acreditam ser inacessível aos ataques dos Estados Unidos porque o país quer um programa nuclear civil. E isso é óbvio para todos. Mas há aqueles que ainda insistem que há uma separação imaginária entre Bushehr e Natanz, entre o programa nuclear supostamente civil e o militar do Irã, e usam isso como base para um acordo que limita a capacidade nuclear do Irã a usos civis.
Mas isso tudo tem como premissa a ideia de que o Irã quer um programa nuclear civil e, portanto, aceitaria e honraria um acordo que o limitaria a um programa civil sem possibilidade de desenvolvimento de armas nucleares. Essa premissa, aceita por Obama e vendida aos democratas do Congresso, rapidamente se esfarelou mas apesar disso, tanto Witkoff quanto outros atores do governo Trump, tentam ressuscitá-la.
O Irã não pretende trocar um programa de armas nucleares por um programa civil. O Irã está fazendo o que tem feito desde o início, disfarçand0 seu programa militar como sendo um programa civil. Obama, assim como várias personalidades em cargos políticos e na comunidade da inteligência, sabiam disso e optaram por fazer de conta o contrário. Eles são a razão pela qual o Irã se tornou uma ameaça maior ao longo dos anos.
Os defensores da reinicialização do acordo nuclear JCPOA de 2015 de Obama com o Irã passaram a chamar os críticos de "globalistas" e afirmam que trazer de volta a velha política de Obama é de alguma forma a "América em primeiro lugar". Eles insistem que ser realista em relação ao programa nuclear do Irã é uma conspiração do complexo militar-industrial e da CIA.
Mas foi a CIA e a "comunidade da inteligência" que resgataram o Irã durante o governo George W. Bush, declarando fraudulentamente na National Intelligence Estimate de 2007: "julgamos com grande confiança de que, no outono de 2003, Teerã interrompeu seu programa de armas nucleares".
O governo Trump pode fazer o que bem entender em relação ao programa nuclear do Irã. Ele pode manter as sanções, pode eliminar o programa ou pode não fazer absolutamente nada. Mas deveria estar claro, claríssimo, o que é o programa nuclear do Irã e o seu objetivo. Acordos com terroristas e estados terroristas não valem nada. Qualquer acordo com o Irã só pode acabar de um jeito, e aqui se trata de um estado terrorista cujo lema é "Morte à América" que está obtendo a capacidade de perpetrar essa ameaça contra nós.
O programa nuclear civil do Irã é tanto uma fachada quanto uma rede de pizzarias da máfia. Negociar com terroristas islamistas é um desperdício de poder e credibilidade dos Estados Unidos. E seduz aqueles que negociam com terroristas a acreditarem que um acordo é possível, não importando o quão alto saltarem aos olhos as obviedades.
Os Estados Unidos podem optar por ignorar o Irã, mas deveriam parar de se humilhar negociando com um estado terrorista que torturou e assassinou americanos e agora nos tratam como idiotas.
Daniel Greenfield é um Shillman Journalism Fellow no David Horowitz Freedom Center. Reproduzido com a permissão do Front Page Magazine do David Horowitz Freedom Center.