O regime iraniano, impunemente, está fornecendo armas e tropas para a Rússia. O que os mulás que governam o Irã estão recebendo em troca?
Em primeiro lugar, o establishment teocrático do Irã corre contra o tempo para cruzar o limiar nuclear a fim de se tornar um país abastecido com armas nucleares. O Irã quer que a Rússia lhe dê uma força e acelere seu programa nuclear. Em 24 de outubro, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertou:
"em oito meses de guerra total, a Rússia lançou aproximadamente 4.500 mísseis contra nós. E o estoque de mísseis está diminuindo. Portanto, a Rússia saiu à procura de armas com preços competitivos em outros países para continuar sua aterrorizante guerra. Encontrou-as no Irã."
Zelenski acrescentou:
"eu quero fazer uma pergunta, na sua opinião, como é que a Rússia paga o Irã por essa ajuda? O Irã está interessado somente em dinheiro? Provavelmente não é no dinheiro mesmo e sim na ajuda russa ao programa nuclear iraniano. Provavelmente este é o significado dessa aliança".
O regime iraniano, que vem argumentando de longa data que não está buscando desenvolver armas nucleares por causa da "fatwa" do líder supremo, Aiatolá Ali Khamenei, proibindo tal medida, recentemente mudou o tom e já está contando vantagem que tem condições de construir uma bomba nuclear.
Em julho, Kamal Kharrazi, ex-ministro das Relações Exteriores do Irã, admitiu à Al Jazeera:
"não é segredo para ninguém que estamos quase lá, falta pouco para nos tornarmos um país munido de armas nucleares. Isso é um fato. E também não é segredo que temos os meios técnicos para produzir uma bomba nuclear... No passado, há poucos dias, tínhamos condições de enriquecer urânio até 60% e temos condições de produzir, tranquilamente, urânio enriquecido a 90%."
Kharrazi enfatizou: "o que queremos é um Oriente Médio sem armas nucleares", o que provavelmente significa que só o Irã terá armas nucleares e nenhum outro país.
Outras autoridades iranianas também apareceram em público para admitir que o programa nuclear do regime sempre foi projetado para fabricar armas nucleares. Em abril, foi reportado que o ex-vice-presidente do parlamento iraniano Ali Motahari salientou:
"desde o início, quando começamos a atuar na esfera nuclear, nosso objetivo era construir a bomba e fortalecer as forças de dissuasão, mas não conseguimos manter o sigilo sobre esse assunto."
Fereydoon Abbasi-Davani, ex-diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, também admitiu que seu trabalho fazia parte de um "sistema" projetado para desenvolver armas nucleares. De acordo com um relatório de novembro de 2021:
"o ex-diretor da AEOI (Organização de Energia Atômica do Irã) também ressaltou à IRNA que trabalhou com Fakhrizadeh (cientista nuclear Mohsen) na 'defesa nuclear'".
"Abbasi afirmou que Fakhrizadeh havia sido alvo de inimigos do Irã por anos a fio, mas 'quando o crescimento superabrangente do país chegou ao âmbito dos satélites, mísseis e armas nucleares e o Irã cruzou inúmeras fronteiras do conhecimento, a questão ficou mais séria para eles.'"
A liderança omissa do governo Biden ajudou os mulás que governam o país a ganharem tempo nos últimos dois anos e a acelerarem o programa nuclear, aumentando o enriquecimento de urânio de 20% para 60%, conduzindo pesquisa, desenvolvendo a produção de urânio metálico enriquecido além de adicionar centrífugas avançadas de enriquecimento de urânio. O regime fortalecido dos mulás chegou até a anunciar que não permitirá que a Agência Internacional de Energia Atômica tenha acesso às imagens das centrífugas.
Até uma declaração conjunta emitida pelo Reino Unido, França e Alemanha enfatizou que o regime iraniano "não tem nenhuma necessidade civil aceitável para produzir urânio metálico R&D, o que constitui um passo fundamental para o desenvolvimento de uma arma nuclear".
Rússia e Irã já trabalharam anteriormente juntos para construir vários reatores nucleares no Irã e alavancar a tecnologia nuclear do regime.
O novo acordo nuclear de Biden, se alcançado, também permitirá que a Rússia aporte US$10 bilhões com um contrato para expandir ainda mais a infraestrutura nuclear iraniana. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, deixou claríssimo para os legisladores dos EUA que o governo Biden não fará nada no sentido de impedir a cooperação nuclear russo/iraniana e a Rússia embolsar os US$10 bilhões do contrato. O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price repetiu a posição do governo Biden, apontando:
"é claro que não iremos endossar a participação russa em projetos nucleares que fazem parte da retomada da implementação total do JCPOA (Plano de Ação Conjunta)".
Lamentavelmente, ao que tudo indica, esse será o legado que o governo Biden quer deixar: o regime predatório do Irã, o país nº1 patrocinador do terrorismo, armado com bombas nucleares e a Rússia fortalecida que não hesita em usar a agressão e a força militar para invadir outros países.
Não é de se admirar que Biden esteja sendo chamado "fantoche russo".
Dr. Majid Rafizadeh é estudioso de Harvard, estrategista e consultor de negócios, cientista político, membro do conselho da Harvard International Review e presidente do International American Council on the Middle East. Ele escreveu vários livros sobre o Islã e a Política Externa dos EUA. Contato: Dr.Rafizadeh@Post.Harvard.Eduu