Consoante com os preceitos da política de longa data de bancar qualquer um que queira destruir Israel ou matar judeus, o Irã decidiu dar dinheiro às famílias de palestinos da Faixa de Gaza mortos durante ataques desferidos contra Israel. Foto: jovens palestinos em Gaza preparam fundas e estilingues para arremessarem pedras contra soldados israelenses que estão do outro lado da cerca que separa Gaza de Israel, 14 maio de 2018. (Foto: Spencer Platt/Getty Images) |
Consoante com os preceitos da política de longa data de bancar qualquer um que queira destruir Israel ou matar judeus, o Irã decidiu dar dinheiro às famílias de palestinos da Faixa de Gaza mortos durante ataques desferidos contra Israel. A decisão se refere aos palestinos que forem mortos enquanto atacam soldados israelenses durante as manifestações que ocorrem todas as semanas, patrocinadas pelo Hamas, ao longo da fronteira entre Gaza e Israel. As manifestações começaram em março de 2018 sob o lema: "Marcha do Retorno".
Quais são as implicações da decisão iraniana? O recado que o Irã está dando às famílias palestinas é o seguinte: "se vocês querem dinheiro e uma vida boa, mandem seus filhos morrerem na fronteira de Israel". Em outras palavras, o Irã está dizendo às famílias palestinas que a melhor maneira de melhorar suas condições de vida é enviar os filhos para matarem ou ferirem judeus. Trata-se de uma mensagem com alta probabilidade de ecoar nos confins do mundo árabe, muito além dos palestinos.
A expansão da influência iraniana no Oriente Médio como um todo e na arena palestina em particular teve início durante a administração Obama, que fez vista grossa às intenções agressivas do Irã e mais tarde embarcou numa política de passar a mão na cabeça dos mulás. No governo Obama, os iranianos devem ter imaginado que tinham sinal verde para fazer o que bem entendessem. Isso é obviamente a razão deles estarem hoje presentes não só na Faixa de Gaza e no Líbano como também na Síria, Iêmen, Líbia e Iraque.
De uns tempos para cá, o Gatestone Institute expôs como o Irã tramava se apoderar da Faixa de Gaza. O artigo em questão apontou que os iranianos estavam estreitando os laços tanto com o Hamas quanto com a Jihad Islâmica para garantir que os dois grupos terroristas governassem com mão de ferro a população palestina da Faixa de Gaza.
Não há dúvida e ninguém deveria esperar outra coisa dos iranianos. Na realidade, a decisão de recompensar monetariamente as famílias dos palestinos mortos em ataques a israelenses tem tudo a ver com as políticas anti-israelenses e antissemitas dos governantes de Teerã, assim como as de outros. Os iranianos ainda bravateiam a sua decisão. Eles têm a esperança que a iniciativa fortaleça a reputação do Irã nos países árabes e islâmicos e permita que o país continue interferindo nos assuntos internos de países do Oriente Médio.
Não é por acaso que a decisão foi anunciada logo depois que o presidente do Irã, Hassan Rouhani, considerado "moderado" pela imprensa internacional, chamou Israel de "tumor canceroso" e um "regime fake" estabelecido pelos países ocidentais com o objetivo de promover seus interesses no Oriente Médio.
As observações de Rouhani confirmam com mais força o objetivo abertamente declarado do Irã de destruir Israel
Os líderes iranianos e seus aliados palestinos têm o mérito de serem honestos e diretos com respeito às suas intenções. No começo do ano, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, chamou Israel de "cão raivoso" e disse que o mundo islâmico deveria se armar para lutar contra o Estado judeu.
No ano passado, os iranianos tornaram público a contagem regressiva digital mostrando que faltavam 8.411 dias para, segundo eles, a "destruição de Israel". A previsão baseia-se em uma declaração de Khamenei em 2015, na qual ele afirmou que não restaria "nada" de Israel até o ano 2.040.
A decisão de recompensar com dinheiro as famílias dos terroristas palestinos foi anunciada em um congresso do Fórum Mundial para a Proximidade das Escolas Islâmicas de Pensamento, fórum estabelecido em 1990 por ordem de Khamenei com o objetivo de reconciliar as diferentes escolas e orientações islâmicas. Mohsen Araki, presidente do fórum, foi quem anunciou a medida. O Irã, salientou ele, resolveu "adotar" as famílias dos palestinos mortos na fronteira de Gaza com Israel. Quando os iranianos falam em "adotar" alguém, eles querem dizer que Teerã cuidará das famílias daqueles que têm como alvo os judeus e que lhes darão tudo que precisam, como dinheiro, assistência médica e educação.
Os representantes palestinos do Irã, Hamas e Jihad Islâmica, sem perder tempo, aplaudiram a decisão. Eles a chamaram de "passo positivo em direção à unificação dos muçulmanos". Nas palavras do líder da Jihad Islâmica, Khaled al-Batsh, "a nação islâmica não tem outra escolha a não ser a união. Esperamos que os demais árabes e muçulmanos sigam o exemplo e apoiem as manifestações e o fim do bloqueio (imposto à Faixa de Gaza)."
Os iranianos chegaram a convidar os caciques do Hamas para a conferência, sinalizando com mais ímpeto o apoio contínuo de Teerã ao grupo terrorista de Gaza, que também busca a destruição de Israel. A delegação do Hamas foi encabeçada por Mahmoud Zahar, considerado na Faixa de Gaza o "comandante em chefe" do Izaddin al-Qassam, braço armado do Hamas.
O objetivo declarado da conferência é forjar a união dos muçulmanos. Para os iranianos e suas milícias, a unidade islâmica é pré-requisito para o avanço do objetivo final de remover o "tumor cancerígeno" (Israel) da face da Terra. O Irã não mede esforços para alcançar esse objetivo.
Se não fosse pelo apoio iraniano, a organização terrorista xiita libanesa, Hisbolá, não estaria apontando dezenas de milhares de foguetes e mísseis na direção de Israel. Se não fosse pelo apoio militar e financeiro iraniano, o Hamas, a Jihad Islâmica e outros grupos terroristas não teriam condições de disparar mais de 400 projéteis contra Israel num espaço de 24 horas, como ocorreu no mês passado.
O Irã fornece os meios a qualquer um que tenha em comum os mesmos objetivos da República Islâmica de eliminar Israel. O Hisbolá vem recebendo bilhões de dólares dos iranianos a fim de se preparar para a próxima guerra contra Israel. O Hamas e a Jihad Islâmica na Faixa de Gaza têm recebido assistência política, financeira e militar do Irã para levar adiante os ataques a Israel.
As ações do Irã não são dirigidas somente contra Israel, elas também são dirigidas contra os EUA. Conforme Hussein Sheikh al-Islam, autoridade do alto escalão do Ministério das Relações Exteriores do Irã, explica: "a mais recente decisão (de recompensar monetariamente as famílias palestinas) visa apoiar os palestinos em face das conspirações americanas de eliminar a causa e os direitos dos palestinos".
Para que não paire nenhuma dúvida no ar: o Irã quer que os palestinos se explodam e também quer varrer Israel do mapa e, se pudesse também varreria os EUA do mapa, conforme sugere seu expansionismo na América do Sul.
Ao que tudo indica, há mulás no Irã que não veem a hora da previsão de Khamenei sobre a destruição de Israel em 2040 se tornar realidade. O dinheiro iraniano prometido às famílias destina-se a incentivar mais árabes e muçulmanos a mandarem seus filhos lançarem ataques com foguetes contra Israel e atirarem pedras e bombas incendiárias contra os soldados israelenses.
O destino do dinheiro não é para a construção de clínicas médicas ou escolas na Faixa de Gaza. O Irã está disposto a continuar sua luta contra Israel e os EUA até o último palestino ou árabe ou muçulmano. A bem da verdade, os mulás poderão contemplar mais árabes e muçulmanos morrerem como meio de promover a jihad contra Israel e os EUA. A questão é: será que a comunidade internacional irá permitir que esse plano continue ou será que ela vai acordar para o fato de que o Irã tem em vista muito mais do que só Israel e os EUA?
Bassam Tawil, árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio.