A organização terrorista Hezbollah, apoiada pelo Irã, que faz parte dos preparativos do Irã para a guerra com Israel, passou os últimos 15 anos construindo uma vasta rede de túneis no Líbano. Alguns dos túneis deveriam ser usados para invadir Israel para realizar atrocidades contra israelenses como as cometidas pelo Hamas, outro proxy do terrorismo iraniano, em 7 de outubro de 2023.
Na época em que o Líbano enfrentava uma grave crise financeira, o Hezbollah investiu centenas de milhões de dólares na construção dos túneis. A Reuters relatou em 2022:
"o Líbano está enfrentando uma profunda crise econômica depois que sucessivos governos acumularam dívidas após a guerra civil de 1975 a 1990, sem se incomodarem com a farra de gastos."
Os bancos, centrais para a economia orientada a serviços, estão paralisados. Os poupadores foram bloqueados nas contas em dólares ou informados que os fundos que eles podem acessar agora valem uma fração de seu valor original. A moeda despencou, levando à pobreza um contingente considerável da população.
Os fundos usados para construir os túneis poderiam ter aliviado a crise financeira do Líbano, mas o Hezbollah optou por investir na preparação para a guerra e ataques terroristas contra Israel.
Segundo alguns relatos, o Irã e a Coreia do Norte ajudaram o Hezbollah a criar um projeto que concebia uma rede de túneis "inter-regionais" no Líbano, uma rede significativamente maior do que os túneis do Hamas. De acordo com um relatório de 2021 do Alma Research and Education Center:
"vários relatórios indicam que no final dos anos 1980, e ainda mais após a Segunda Guerra do Líbano (2006), os conselheiros da Coreia do Norte ajudaram significativamente no projeto do túnel do Hezbollah... O Hezbollah, estimulado e apoiado pelos iranianos, via a Coreia do Norte como uma autoridade profissional no tema da construção de túneis, com base na vasta experiência que acumulou na construção de túneis para uso militar desde a década de 1950."
"O modelo do Hezbollah é do mesmo modelo norte-coreano: túneis nos quais centenas de combatentes, totalmente equipados, podem passar furtiva e rapidamente no subsolo."
"Na nossa opinião, o projeto 'Terra dos Túneis' do Hezbollah é muito maior do que o projeto 'metrô' do Hamas na Faixa de Gaza."
Em outubro, as Forças de Defesa de Israel (FDI) descobriram um túnel no sul do Líbano planejado pelo Hezbollah para ser usado como etapa de preparação, onde centenas de terroristas se apresentariam ao serem chamados, pegariam seus equipamentos e armas e se preparariam para atacar cidades israelenses.
Um repórter que visitou o local escreveu o seguinte:
"o local subterrâneo, escavado numa montanha, tinha cerca de 2 quilômetros de comprimento. Atingia profundidades de cerca de 40 metros em algumas áreas, e os corredores tinham mais de dois metros de altura. Na realidade, foi o maior túnel encontrado até hoje pelo exército (israelense) no sul do Líbano."
O Brigadeiro-Ggeneral Guy Levy, comandante da 98ª Divisão das FDI, teria dito o seguinte:
"Este não é um 'túnel', é uma estrutura para combate subterrâneo, extremamente importante, que o inimigo construiu ao longo de anos com o propósito de invadir Israel, estimamos ter como alvo as cidades do norte (israelenses)."
A atual operação das FDI no sul do Líbano frustrou o plano do Hezbollah de invadir Israel. Muitos dos túneis da organização terrorista foram destruídos pelas tropas das FDI. Acredita-se, no entanto, que ainda existam muitos túneis em muitas regiões do Líbano que ainda não foram descobertos pelas FDI.
"Pouco se sabe sobre os túneis do Hezbollah", de acordo com um relatório de Patrick Sullivan, John Spencer e John Amble, publicado pelo Modern War Institute em West Point.
"A exemplo dos túneis do Hamas em Gaza com os quais as forças israelenses lutaram durante a sua campanha militar, a única maneira de saber com certeza quantos túneis existem, e a sua escala, forma e propósitos, é descobrindo-os in loco.
"Ainda assim, há alguns detalhes conhecidos pelo público sobre a rede de túneis do Hezbollah. Alguns especialistas acreditam que o grupo começou a cavar túneis no sul do Líbano já em meados da década de 1980, quando Israel se retirou da maior parte do território libanês que ocupava desde a sua invasão de 1982 para uma faixa limitada ao longo da fronteira sul com Israel. Em 2000, quando as forças israelenses se retiraram totalmente, o Hezbollah continuou cavando túneis. Seus combatentes usaram extensivamente os túneis durante a Segunda Guerra do Líbano de 2006."
"No final de 2018, Israel iniciou a Operação Escudo do Norte a fim de encontrar e destruir túneis transfronteiriços do Hezbollah. Israel encontrou seis desses grandes túneis de ataque destinados a possibilitar que milhares de combatentes do Hezbollah se deslocassem rapidamente para Israel durante algum tipo de invasão."
O relatório acrescentou que há grandes diferenças entre os túneis do Hamas e os do Hezbollah:
"Embora algumas das funções possam ser as mesmas, a geologia, a construção, a localização, a escala e os propósitos primários são totalmente diferentes.
"O sul do Líbano consiste em terreno montanhoso e rochoso, exigindo que o Hezbollah escave com brocas em rocha sólida ao longo de meses e anos para criar túneis singulares. Em Gaza, por outro lado, o sedimento arenoso permite cavar com ferramentas manuais simples, tornando os túneis mais rápidos de cavar, mas exigindo contudo, enormes quantidades de concreto para reforçá-los. A construção de túneis nas montanhas rochosas do Hezbollah também os torna extremamente resistentes, o que dificulta o emprego de artefatos anti-bunkers que possam atingir aos túneis. Além de passar por áreas civis e terrenos arborizados, muitos dos túneis e bunkers do Hezbollah estão no interior das montanhas. A escala geográfica e a variedade de terrenos representam um desafio diferente em relação à rede de túneis do Hamas que se encontram sob terrenos urbanos planos e muito densos."
"Enquanto o Hezbollah usa escudos humanos por construir túneis sob residências civis, diferentemente dos túneis do Hamas, os túneis do Hezbollah não são, digamos, construídos exclusivamente sob áreas urbanas civis ou usados como centro de gravidade, como os do Hamas que tem como objetivo causar o máximo de mortes de civis na superfície para atingir seu objetivo político nas guerras."
Estima-se que o sistema de túneis do Hezbollah se estenda por centenas de quilômetros, com alguns túneis atingindo profundidades de 40 a 80 metros abaixo do terreno rochoso, servindo como uma complexa infraestrutura militar. A exemplo da rede de túneis do Hamas em Gaza, faz parte da rede de túneis do Hezbollah vários tipos de túneis:
Túneis Ofensivos: esses túneis cruzam o Líbano para o interior de Israel.
Túneis de Aproximação: escavados perto da fronteira com Israel, esses túneis permitem que as forças do Hezbollah avancem secretamente dos vilarejos no sul do Líbano até poucos metros da fronteira israelense, permitindo-lhes assim lançar extensos ataques semelhantes à ofensiva do Hamas do 7 de outubro. Esses túneis foram construídos para uma potencial operação de capturar a região da Galiléia, no norte de Israel.
- Túneis Táticos: construídos em vilarejos e vários locais no sul do Líbano, esses túneis servem para a guerra de guerrilha contra as forças israelenses, armazenam munição, centros de comando e bases subterrâneas para preparar o Hezbollah para um ataque contra Israel.
- Túneis Explosivos: túneis curtos, lotados com explosivos, localizados perto de posições militares israelenses na fronteira ou embaixo de vilarejos no sul do Líbano. O Hezbollah pretende detoná-los durante um ataque a Israel ou em ataque de guerrilha contra as forças israelenses.
- Túneis Estratégicos: imensos túneis, alguns com dezenas de quilômetros, conectando as fortalezas e centros de comando do Hezbollah por todo o Líbano. Segundo consta, há um grande túnel ligando o Vale do Bekaa a Beirute, interligado com túneis semelhantes sob o distrito de Dahiya, em Beirute, onde líderes do Hezbollah como Hassan Nasrallah e Hashem Safi al-Din foram localizados. Esses túneis facilitam o movimento de equipamentos pesados, mísseis e combatentes, permitindo até que sejam lançados mísseis do seu interior.
- Túneis Clandestinos: construídos sob a fronteira entre o Líbano e a Síria, esses túneis permitem que a unidade de contrabando do Hezbollah e a Força Quds da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã transportem munições, suprimentos e combatentes sob a fronteira.
Muitos desses túneis estão localizados sob a infraestrutura civil e debaixo de áreas povoadas, fazendo assim uso de civis como escudos humanos para suas atividades.
Vídeos recentes das operações das FDI no Líbano mostram o perigo desses túneis, visto que a destruição deles causou danos a edifícios acima em vilarejos libaneses onde as FDI operou. Alguns túneis foram descobertos perto de bases usadas pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) no sul do Líbano. As forças da UNIFIL não cumpriram a sua missão de implementar a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que exige que elas impeçam a presença de elementos armados do Hezbollah ao sul do Rio Litani, no Líbano. A Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em 2006, pede a retirada do Hezbollah do sul do Rio Litani e o desarmamento do Hezbollah e de outros grupos armados. A resolução também enfatiza que nenhuma força armada além da UNIFIL e das Forças Armadas Libanesas poderão estar presentes ao sul do Rio Litani.
Mesmo que o Hezbollah diga que se retirará para o norte do Rio Litani, os túneis permitem que o grupo viole facilmente essa promessa, sem que ninguém acima no solo fique sabendo. Além disso, o Hezbollah nunca cumpriu a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU de parar de construir túneis e armazenar armas no sul do Líbano.
Agora, alguns libaneses e outros árabes estão começando a condenar o Hezbollah por conta da construção de túneis e do armazenamento de armas nos vilarejos no Líbano.
"Os abomináveis terroristas do Hezbollah construíram túneis sob os vilarejos para armazenar armas, e todos os dias eles estão sendo detonados (pelas FDI)", observou o usuário de redes sociais árabe Al-Umda Obadi no X.
Mohammed Al-Obaid, outro usuário árabe de redes sociais destacou que algumas das casas no Líbano foram destruídas pelos próprios foguetes e explosivos do Hezbollah depois de serem alvejadas pelas FDI."
"As explosões são causadas pelas próprias armas do Hezbollah. Em outras palavras, os túneis do Hezbollah estão sendo usados para explodir o Líbano. O Hezbollah está deslocando, matando de fome e roubando os libaneses."
O Hezbollah e o Hamas são integralmente responsáveis pela morte de milhares de libaneses, palestinos e israelenses desde os massacres de 7 de outubro de 2023, nos quais o Hamas assassinou 1.200 israelenses. Os dois grupos terroristas começaram a guerra, a mando de seus padrinhos no Irã, com a intenção de matar um grande número de israelenses e eliminar Israel. A vasta rede de túneis que eles construíram no Líbano e na Faixa de Gaza mostra a determinação dos grupos terroristas de prosseguir com a Jihad (guerra santa) contra Israel, apesar dos riscos para os libaneses e palestinos que vivem sob seu domínio.
A atual guerra no Líbano e na Faixa de Gaza não podem acabar sem a destruição de todos os túneis e a total derrota do Hezbollah e do Hamas. Os que estão pressionando por um cessar-fogo imediato estão apenas fortalecendo o Irã e seus proxies terroristas, abrindo caminho para outro massacre no estilo de 7 de outubro. A derrota do Hezbollah e do Hamas beneficiará não só os israelenses, mas também os libaneses e palestinos.
Bassam Tawil, é árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio. O trabalho de Bassam Tawil é realizado graças à generosa doação de alguns doadores que preferem ficar no anonimato. O Gatestone Institute é muito grato.