O grupo terrorista palestino Hamas, apoiado pelo Irã, repetiu a exigência de que Israel se retire completamente da Faixa de Gaza para que se possa chegar a um acordo de cessar-fogo/sequestrados com Israel. O Hamas, em outras palavras, exige que Israel perca a guerra para que o grupo terrorista possa se reagrupar, se rearmar e se preparar para desfechar mais ataques a Israel a exemplo do lançado em 7 de outubro de 2023. Naquele ataque, 1.200 israelenses foram assassinados, muitos foram estuprados, torturados e queimados vivos. Outros 240 israelenses foram sequestrados e arrastados para a Faixa de Gaza, onde 101 ainda estão sendo mantidos como reféns, muitos destes já foram assassinados (para visualizar clique aqui e aqui).
Em um comunicado emitido em 12 de setembro, o Hamas disse que seus representantes informaram aos mediadores egípcios e catarenses de sua "positividade e flexibilidade para se chegar a um cessar-fogo em Gaza, segundo o qual o exército de ocupação israelense se retiraria de todo o território da Faixa de Gaza de modo que satisfizesse os interesses dos palestinos e abrisse caminho para um acordo de troca de prisioneiros".
A retirada total de Israel significa que as Forças de Defesa de Israel (FDI) abandonariam o Corredor Philadelphi e a passagem de fronteira de Rafah entre a Faixa de Gaza e o Egito. Isso também significa que as FDI abandonariam o Corredor Netzarim, que divide a parte norte do sul da Faixa de Gaza.
Abandonar a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito permitiria ao Hamas continuar com a prática de décadas de contrabando de armas para o enclave. Também permitiria que Yahya Sinwar, o novo chefe do Hamas, escapasse, e levasse consigo muitos dos reféns com os quais ele, segundo se acredita, estaria se cercando para a sua proteção, através dos túneis para o deserto do Sinai no Egito.
Na mesma linha, a retirada do Corredor Netzarim facilitaria o retorno dos terroristas do Hamas à região norte da Faixa de Gaza, onde ficariam perto das comunidades israelenses ao longo da fronteira.
"o Hamas está focado na sobrevivência e se esforçando para criar um mito pelo qual não é possível derrotá-lo, na expectativa de que a pressão interna e externa em cima de Israel o force a interromper a guerra." Herzi Halevy, chefe da FDI, abordou essa questão em 13 de janeiro, salientando: "a liderança do Hamas está depositando as suas esperanças num cessar-fogo e está convencida de que isso acontecerá em breve. Os objetivos da guerra são complexos e difíceis e levarão muito tempo para serem alcançados, nós dissemos isso desde o início. Para desmantelar o Hamas, é essencial nos munirmos com determinação e paciência. Concluímos o desmantelamento da estrutura militar do Hamas no norte de Gaza e agora as tropas estão engajadas em missões para aprofundar e manter essas conquistas nessa região. Ainda há terroristas por aí, ainda há infraestrutura. Continuaremos a atacar, ir atrás e destruir"...
"No atual estágio da guerra, Israel precisa de uma combinação de duas abordagens: recapturar o norte da Faixa de Gaza (ao norte do rio Gaza) e aprofundar o controle israelense daquela região e selar hermeticamente o corredor Philadelphi, que é usado para o contrabando, como solução prática para impedir que o Hamas e outros grupos terroristas se rearmem."
O mais recente comunicado do Hamas deixa claro que o grupo terrorista quer que Israel deixe a Faixa de Gaza antes que qualquer refém seja libertado.
Segundo relatos, o Hamas afirmou que está disposto a libertar os reféns em etapas. Indubitavelmente, o Hamas quer manter o maior número possível de reféns como se eles fossem uma espécie de "apólice de seguro" de que Israel não retomará a guerra contra o grupo terrorista e que assim o grupo terrorista poderá ter carta branca para atacar Israel no futuro. Isso significa que um grande número de reféns permanecerá no cativeiro nas mãos do grupo terrorista por anos a fio. É importante observar que nos últimos 10 anos, o Hamas mantém em cativeiro dois civis israelenses que se acredita ainda estarem vivos, bem como os restos mortais de dois soldados das FDI.
Na realidade, acabar com a guerra agora significa a rendição israelense, garantindo assim que o Hamas continue controlando a Faixa de Gaza. O Hamas quer ver Israel derrotado e humilhado. O grupo terrorista busca proclamar a vitória e manda uma mensagem aos inimigos de Israel de que as atrocidades de 7 de outubro valeram o alto custo que os palestinos na Faixa de Gaza pagaram.
Permitir que o Hamas permaneça no poder significa que o grupo terrorista continuará com a Jihad (guerra santa) para assassinar mais judeus e destruir Israel. Conforme salientou o alto funcionário do Hamas, Ghazi Hamad, logo após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro:
"a Enchente de Al-Aqsa (nome que o Hamas deu à invasão a Israel em 7 de outubro) é apenas a primeira, virão a segunda, a terceira, a quarta. Israel é um país que não tem lugar em nossa terra. Temos que eliminar esse país. Não temos vergonha de dizer isso, com toda a força. Temos que dar uma lição a Israel, e o faremos de novo e de novo."
O Hamas está disposto a lutar até o último palestino. O grupo terrorista não se importa se dezenas de milhares de seu próprio povo perderem a vida em consequência da guerra que ele iniciou. Sua prioridade nº 1 é ficar no poder após a guerra. Evidentemente o Hamas espera que um acordo de cessar-fogo/ reféns o ajude a atingir o seu objetivo de manter o controle sobre a Faixa de Gaza.
Mohammed Siam, um analista político palestino intimamente associado ao Hamas, ressaltou o desrespeito do grupo terrorista pelas vidas dos residentes palestinos da Faixa de Gaza:
"o preço da liberdade são sacrifícios e mais sacrifícios. Em geral, poder-se-ia dizer que a palavra rendição não existe no dicionário do Hamas..."
"A ótica do Hamas se origina no desejo de se sacrificar e morrer em nome de Deus e alcançar o martírio. Para os membros do Hamas, o martírio e a vitória são os objetivos mais altos. O Hamas jamais irá se render."
Caso o governo Biden/Harris queira entender as reais intenções e objetivos do Hamas, basta olhar para o que o grupo terrorista está dizendo em árabe. O Hamas e seus aliados estão dizendo em árabe que o único acordo que aceitariam é o que resulte em Israel hastear a bandeira branca.
Caso seja dada ao Hamas a permissão para vencer a guerra, o Irã e seus demais proxies terroristas, como o Hisbolá, a Jihad Islâmica Palestina e os Houthis, ganharão confiança e se sentirão mais fortalecidos. Além disso, isso transmitirá aos jihadistas muçulmanos em todo o mundo que Israel e o Ocidente são fracos demais para proteger seu povo e seus valores frente às organizações terroristas islamistas. Tal fraqueza levará a mais terrorismo não só contra Israel, como também contra os EUA e contra a maioria das nações ocidentais.
Em vez de pressionar Israel no sentido de acabar logo com a guerra, o governo Biden/Harris precisa exigir com firmeza que os assassinos e estupradores do Hamas se rendam totalmente e se desarmem, cedam o controle sobre a Faixa de Gaza e libertem incondicionalmente todos os reféns.
Tudo isso precisa urgentemente ser feito antes que o Irã obtenha armas nucleares e comece a atacar seus vizinhos ricos em petróleo, como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, novamente.
Caso o Hamas se recuse, o governo Biden/Harris e o resto do mundo deveriam apoiar incondicionalmente o empenho israelense em destruir o poder de fogo do grupo terrorista e destituí-lo do poder.
Bassam Tawil, é árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio. O trabalho de Bassam Tawil é realizado graças à generosa doação de alguns doadores que preferem ficar no anonimato. O Gatestone Institute é muito grato.