Como se não bastasse o Ocidente facilitar a perseguição de cristãos no Oriente Médio, ele também a facilita no próprio Ocidente.
Segundo uma recente reportagem da NPR, a coalizão "moderada" que estava combatendo tanto Bashar Assad quanto o Estado Islâmico na Síria, apoiada pelos EUA, "conta com extremistas em suas próprias fileiras que vem maltratando cristãos, expulsando-os de suas casas", da mesma forma que o faz o Estado Islâmico (EI).
As minorias cristãs expulsas de suas casas que conseguem chegar às nações Ocidentais, inclusive aos Estados Unidos, por vezes enfrentam mais problemas.
Apesar de terem familiares que se responsabilizem por eles, um grupo de 20 cristãos que fugiram do Estado Islâmico no Iraque foi encarcerado por tempo indeterminado no Centro de Detenção de Otay em San Diego, alguns desde fevereiro, muito embora eles tenham familiares e líderes cristãos que assumiram a responsabilidade por eles (a principal forma como a maioria dos estrangeiros detidos é solta é sob a supervisão de cidadãos americanos que garantam por eles).
Ativistas dizem que os homens e as mulheres encarcerados estão detidos por tempo demasiado, mesmo considerando os padrões do próprio governo americano. Alguns deles estão presos por mais de sete meses sem que haja uma data marcada para uma audiência para sua soltura.
"Eles estão detidos sem nenhum motivo verdadeiro... Eles fugiram do inferno. Vamos deixá-los se reunirem com suas famílias", disse Mark Arabo, porta-voz da comunidade dos caldeus em San Diego.
Entre os detentos encontra-se uma mulher que fugiu das garras do Estado Islâmico que implorou para visitar sua mãe que se encontrava enferma. Sua mãe morreu antes que ela pudesse visitá-la. "Ela vinha implorando que a deixassem ver sua mãe que se encontrava à beira da morte", afirmou um padre familiarizado com o caso.
Ao examinar a contínua aflição desses cristãos iraquianos, a East County Magazine de San Diego concluiu o seguinte: "A razão pela qual o governo federal não toma medidas para apressar esse tipo de reunificação em que famílias e líderes religiosos se dispõem a se responsabilizar e ajudar aqueles que procuram asilo aqui permanece um mistério incompreensível".
Esses "mistérios incompreensíveis" são reminiscentes do costume do Departamento de Estado dos Estados Unidos de convidar representantes muçulmanos e negar vistos a representantes cristãos. Desde o início de 2015, 4.205 muçulmanos do Iraque foram autorizados a entrarem nos Estados Unidos, mas somente 727 cristãos.
A cada cristão que os EUA concede asilo, é concedido asilo a cinco ou seis muçulmanos, muito embora os cristãos, minorias perseguidas por serem "infiéis", necessitam muito mais de um santuário, isso sem falar na assimilação maior na cultura americana do que os muçulmanos.
Faith McDonnell, do Institute on Religion & Democracy, disse o seguinte em relação à detenção de cristãos iraquianos em San Diego:
essa situação segue o preocupante padrão ao qual estamos assistindo do Departamento de Estado de ignorar o fato do ISIS visar cristãos, enquanto proporciona tratamento preferencial a pedidos de asilo de outros grupos em caráter urgente como por exemplo: somalis, iraquianos e sírios, sendo que alguns poderiam até pertencer a movimentos jihadistas.
O mesmo está acontecendo no Reino Unido. A liderança da igreja acusa David Cameron de "fazer vista grossa" em relação aos cristãos que estão sofrendo genocídio na Síria e no Iraque por não lhes conceder refúgio no Reino Unido, muito embora milhares de muçulmanos tenham tido permissão de entrar.
Lorde Carey, Ex-Arcebispo de Canterbury, assinou uma petição que pedia ao governo do Reino Unido que "acolhesse os refugiados cristãos e lhes conferisse prioridade como requerentes de asilo", enfatizando que "cristãos sírios e iraquianos estão sendo massacrados, torturados e escravizados".
Paralelamente, Lorde Weidenfeld, 95, que fugiu da Áustria ocupada pelos nazistas em 1938 com a ajuda Quakers britânicos disse o seguinte:
por que os polacos e os tchecos estão acolhendo famílias cristãs enquanto o governo britânico está de braços cruzados?
Esse clima de indiferença é reminiscente das piores fases do acomodamento e pode levar a consequências catastróficas. A Europa tem que acordar e o Governo Conservador Britânico deve estar à frente, liderando.
A maioria dos governos europeus, principalmente aqueles que são explicita ou implicitamente cristãos, não estão cumprindo com sua obrigação de cuidar de seus irmãos cristãos quando mais precisam.
Esse não é necessariamente o caso em relação às nações européias. Juntamente com países como a Polônia e a Tchecoslováquia, recentemente a Eslováquia chegou ao ponto de dizer que aceitará somente cristãos quando acolher refugiados sírios, quando houver um esquema de remanejamento da União Européia. A nação eslava explica que "muçulmanos não serão aceitos pelo fato que eles não se sentirão em casa" e também por não haver mesquitas na Eslováquia.
Enquanto isso, muitos dos cristãos aos quais é concedido asilo em países ocidentais desembarcam e são logo perseguidos pelos muçulmanos requerentes de asilo, mostrando, mais uma vez, quem realmente precisa e quem não precisa de asilo, quem se assimila e quem não se assimila à cultura ocidental.
Mais recentemente na Suécia, duas pequenas famílias cristãs, requerentes de asilo da Síria foram assediadas e abusadas por aproximadamente 80 muçulmanos requerentes de asilo, também da Síria.
Os cristãos e os muçulmanos, retratados por um jornal sueco como "islamistas fundamentalistas", residiam na mesma casa. Entre outras humilhações, os muçulmanos intimaram os cristãos a não usarem correntes com cruzes e também não utilizarem as áreas em comum quando estas estiverem sendo usadas por muçulmanos.
Após sofrerem contínuo assédio e ameaças, os refugiados cristãos que conseguiram fugir do Estado Islâmico saíram do abrigo sueco por temerem pela própria vida". Um porta-voz da agência de imigração do governo responsável pelo centro no qual eles estavam abrigados disse o seguinte:
eles não ousaram ficar. O clima se tornou por demais assustador. Além do que eles não tiveram assistência... Eles próprios optaram por ir para outro endereço, saindo sem que nós soubéssemos, porque sentiam um certo desconforto.
As nações ocidentais não estão meramente ignorando a perseguição de cristãos no Oriente Médio, eles a apóiam ativamente patrocinando rebeldes "moderados" que na verdade são "radicais" e antiocidentais como o Estado Islâmico. E quando essas minorias de cristãos perseguidos já conseguem fugir do Estado Islâmico e chegar ao Ocidente para o asilo, são novamente presas. Enquanto tudo isso está acontecendo, muçulmanos no Oriente Médio e no Ocidente estão sendo fortalecidos e saudados de braços abertos no Ocidente.
Raymond Ibrahim é o autor de Crucified Again: Exposing Islam's New War in Christians (publicado por Regnery em cooperação com o Gatestone Institute, abril de 2013).