Desde que o Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu voltou de sua visita recente aos Estados Unidos, tem se mostrado, repetidamente, que ele estava certo em subir na tribuna do Congresso e proferir os alertas. Os Aiatolás de Teerã não só realizaram um exercício naval no Estreito de Hormuz onde alvejaram uma réplica de um porta-aviões da marinha dos Estados Unidos, como também exibiram novos mísseis que poderiam impedir toda a navegação no Golfo.
O Irã já cercou os campos de petróleo do Oriente Médio e está incrementando, abertamente, seus esforços para acabar com o "Grande Satã", os Estados Unidos. O Presidente do Irã Hassan Rouhani admitiu abertamente que a diplomacia do Irã em relação aos EUA é uma "jihad" ativa. É possível um recado ser mais claro do que isso?
O Irã não só se apoderou do Iêmen, Líbano e Síria como também está em vias de se apoderar, ao que tudo indica, com a ajuda das negociações com os Estados Unidos, do Bahrein, Iraque, Líbia e partes da América do Sul, especialmente a Venezuela, com suas vastas reservas de urânio e a Bolívia, já com suspeição de contar com uma usina nuclear.
Em sua evidente, inexplicável ânsia de assinar qualquer que seja o acordo com o Irã e permitir que ele tenha a capacidade de produzir armas nucleares, o Departamento de Estado dos EUA retirou o Irã e a milícia a ele filiada, o Hisbolá, dois dos maiores e mais explícitos promotores do terrorismo mundial, da sua Lista de Organizações Terroristas Estrangeiras aparentemente a pedido do Irã.
Depois que Senadores Republicanos enviaram uma carta ao Irã advertindo que qualquer acordo com os EUA terá que ser endossado pelo Congresso, os iranianos usaram esse episódio para dizer que os Estados Unidos são tão fracos que estão a ponto de se desintegrar. O Rei da Arábia Saudita disse que se os Estados Unidos não fizerem com que o Irã interrompa o programa nuclear, a Arábia Saudita também começará a enriquecer urânio para obter potencial igual ao do Irã.
Ashraf Ramelah, presidente da organização cristã de direitos humanos Voice of the Copts (Voz dos Coptas), solicitou ao Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA John Boehner a convidar o Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi a tomar a tribuna do Congresso a fim de alertar os Estados Unidos sobre o erro que está prestes a cometer. Os membros da Liga Árabe se reuniram em Riad para alertar os Estados Unidos sobre o desastre iminente.
O Secretário de Estado dos EUA John Kerry deu a entender, recentemente, que o acordo com o Irã não era urgentíssimo, alegando que se as negociações fracassarem, os Estados Unidos tinham alternativas.
Aparentemente tendo como único objetivo constranger Netanyahu, ninguém na administração americana estava disposto a admitir que ele estava certo ou que infelizmente havia muitos indivíduos e organizações americanas interferindo ativamente nas eleições israelenses com o objetivo de derrubar Netanyahu. Ficou óbvio que a administração americana queria colocar Yitzhak Herzog em seu lugar, que é fraco, outro elo na cadeia de fracassos da política externa americana, de Allende ao Xá do Irã a Mubarak, todos vítimas da ignorância diplomática e política da elite e falta de bom senso político.
A lição que o Presidente Obama ainda não aprendeu da sua experiência com os árabes é que qualquer um que ignora ou aplaude, deliberadamente, quando seus próprios cidadãos muçulmanos fanáticos (ou convidados) matam "infiéis" será no final das contas retribuído com a matança de seus próprios muçulmanos não-radicais. E é exatamente isso que irá acontecer no Irã, Turquia, Qatar, Líbano e demais países que apóiam o terrorismo.
O mundo Ocidental deveria agir com cautela e não ceder à tentação de respirar com alívio porque a Irmandade Muçulmana condenou o assassinato do piloto jordaniano, queimado vivo. A Irmandade Muçulmana que consistentemente prega o assassinato de inocentes de qualquer grupo que seja, está no momento tentando apagar seu próprio passado no que tange ao assassinato cometido em nome do Islã por meio da taqiyya, que permite aos muçulmanos mentirem para "protegerem" o Islã, nesse caso contra a onda global de indignação contra o terrorismo islamista. Talvez ela condene o método, queimar vivo o piloto, porque de acordo com o Islã, somente Alá pode queimar alguém até a morte. Mas por traz das piedosas declarações ela está eufórica com a morte dele e continua incitando seus seguidores a assassinarem mais aqueles que ela considera "infiéis", considerando mais e mais a cada dia que passa.
Que o Hamas e o EIIS se identificam um com o outro, colaboram e têm objetivos idênticos ficou bem claro, recentemente, quando da prisão de agentes na região controlada pela Autoridade Palestina, sob a alegação que eles teriam destruído o memorial construído em Ramala em homenagem ao piloto jordaniano assassinado.
Em suas tentativas insensatas e desalinhadas, as autoridades da UE juntamente com os ministros das relações exteriores da Liga Árabe, estão formando uma frente unida para combater o terrorismo islamista, ao passo que, ao mesmo tempo, incluem os países conhecidos que apóiam consistentemente o terrorismo. Desses países fazem parte a Turquia que apóia principalmente o EIIS e o Qatar que apóia organizações terroristas islamistas na Península do Sinai e na Faixa de Gaza.
Sem levar em conta o fato da Irmandade Muçulmana e outras organizações terroristas islamistas florescerem em países árabes, mesmo tendo sido declaradas ilegais, o Ocidente e principalmente a Administração Obama, obstinadamente se recusa a proscrevê-los insistindo que são organizações religiosas amantes da paz. Por algum motivo misterioso os líderes do mundo Ocidental acreditam ser impossível conceber a relação entre a Irmandade Muçulmana e as organizações terroristas islamistas que ela mesma fomenta.
O comportamento de Obama sustenta a teoria da conspiração, comum no Oriente Médio, que diz que ele é um informante da Irmandade Muçulmana.
A administração americana se recusa a reconhecer o jogo perigoso que a Turquia está jogando quando ignora as sansões do Ocidente contra o Irã. Não obstante o fato da Turquia ser membro da OTAN, ela na realidade elevou e aprimorou seus acordos comerciais com o Irã.
A União Européia, em sua covardia e insensatez retirou o Hamas, o braço palestino da Irmandade Muçulmana da sua lista de organizações terroristas. A Europa se recusa a mudar de posição, muito embora mal tenha passado uma semana do Egito ter decretado todo movimento do Hamas uma organização terrorista. O Hamas apóia o EIIS na Península do Sinai e no Egito propriamente dito, uma vez que seus membros atacam objetivos governamentais, de segurança e civis.
Os islamistas não nutrem nada além de desprezo em relação à fraqueza da Europa e, enquanto isso, a onda de sucessos do EIIS no Iraque e na Síria e sua marca de "poderoso" estimula jovens e impressionáveis muçulmanos a engrossarem suas fileiras.
Enquanto isso, na esteira do crescente sentimento islamista nas comunidades muçulmanas da Europa e dos Estados Unidos, ímãs e ativistas islamistas em sua ânsia de acalmar o público, têm dado tudo de si. Abriram as portas das mesquitas para visitantes informais, em um esforço para amainar seus receios e minimizar as ameaças, como se um cidadão do Ocidente estivesse em um passeio turístico guiado e pudesse compreender a dimensão da propaganda e do incitamento disseminado a portas fechadas em salas de aula e bibliotecas.
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As recompensas que os Estados Unidos pagam ao Irã, em troca de uma ajuda questionável que poderá ou não ser recebida na luta contra o EIIS, serve apenas para fortalecer os Aiatolás e seus colaboradores, Rússia, Síria e Hisbolá, além de abrandar as sansões contra o Irã para torná-lo mais forte possibilitando mais expansionismo. E isso antes do Irã atingir a capacidade de produzir armas nucleares. Como será depois?
A saga provavelmente irá acabar com um acordo pondo um fim às sansões contra o Irã, permitindo que ele construa a bomba atômica "para fins pacíficos", enquanto nesse meio tempo o Irã já terá assumido o controle do Iêmen, concluído sua nova linha de mísseis "defensíveis" do tipo capaz de atingir a Europa e munir seus submarinos.
O acordo prestes a ser assinado entre o Irã e os Estados Unidos não só abandona os países árabes sunitas e Israel à sua própria sorte, ele também abre caminho para a inevitável corrida armamentista envolvendo os países sunitas, acordo este, fechado em vão, na esperança de que ele será capaz de conter os xiitas antes que eles lancem um Armagedon nuclear no Oriente Médio.
Também circulam boatos sobre a iminente morte do Líder Supremo do Irã Ali Khamenei. Assim sendo qualquer acordo assinado com os iranianos não valerá o papel em que está escrito, porque ninguém sabe quem o substituirá e se o substituto concordará em honrar os compromissos assinados pelo regime anterior.
Em vez de fortalecer os países sunitas moderados como o Egito e os Países do Golfo, que estão tentando explorar um Islã inovador, moderado e contemporâneo, os Estados Unidos optaram por apoiar a Irmandade Muçulmana, que os ludibriou fazendo-os acreditarem que ela não está fazendo o máximo para enfraquecer esses países moderados.
Os Estados Unidos estão dividindo a unidade do mundo árabe sunita e enfraquecendo seus esforços para deter o Irã.
Para distorcer o acordo com o Irã, a Administração Obama pediu a ajuda dos países europeus para criar uma cortina de fumaça e tumulto na mídia, rotulando a incapacidade de Israel de costurar um acordo de paz com os palestinos como o único problema importante no Oriente Médio.
Ela está usando a Europa para transformar Israel em um pária, como se Israel fosse moralmente obrigado a aceitar os ditames americanos em virtude de sua dependência do veto americano na ONU. A Conselheira de Segurança Nacional de Obama, Susan Rice, em vez de dar a máxima atenção à catastrófica ameaça iraniana, emitiu recentemente uma declaração hostil de que Israel deve agora resolver a questão palestina.
Os esforços que o Primeiro Ministro de Israel Benyamin Netanyahu fez para convencer o Congresso a não apoiar o acordo com o Irã, foram violentamente atacados pela Casa Branca, que está, ao que tudo indica, aberta apenas para ouvir opiniões iguais às dela.
Apesar das reservas em relação à linha dura de Netanyahu nas negociações entre Israel e os palestinos, muitos de nós no Oriente Médio são da opinião de que ele é mais um verdadeiro herói do Oriente Médio.
Muitos aqui também esperam que como o voto árabe-israelense foi o terceiro maior bloco na eleição de ontem, talvez agora o governo de Israel dê mais atenção em trazer os árabes de Israel para mais perto e que se sintam melhor fazendo parte do convívio social israelense. Caso contrário há uma séria possibilidade de se formar uma "quinta coluna" e ela se solidificar levanto os árabes-israelenses a saírem em plena luz do dia, esperando pelo Hamas e outros grupos terroristas.
Nós também esperamos que os políticos árabes-israelenses deem uma atenção especial em promover tal esforço, ao contrário do que muitos árabes fazem, de partir para o ataque verbal e culpar os outros pelo que acontece de errado, atitude esta, indolente e destrutiva, em vez de realmente ajudar a melhorar a vida de seu povo.
Nesses tempos terríveis, é fundamental para o futuro da nossa região, discursou Netanyahu diante dos representantes do povo americano, apesar das objeções de muitos israelenses e americanos. Ele estava disposto a aceitar adversidades pessoais, políticas e diplomáticas em nome da segurança de seu povo.
Através da história, profetas não raramente deixam de ser honrados em seus próprios países, sendo rejeitados exatamente pelo povo que devia lhes dar mais atenção. Há, ao que parece, em todas as culturas um profundo e verdadeiro desejo de matar o mensageiro.
Seria melhor se o Ocidente compreendesse que qualquer um que realmente esteja interessado em combater o terrorismo precisa proscrever o movimento Irmandade Muçulmana, todos os seus braços, onde quer que estejam. Mais do que isso, o Ocidente precisa paralisar o Irã em vez de acomodá-lo.
A maneira contraditória, misteriosa do Ocidente em lidar com a Turquia, Qatar, Irã e demais regimes obscuros colabora com o crescimento de organizações terroristas islamistas. Ela destrói a chance de sucesso contra o Islã radical.
A luta contra as organizações islamistas precisa ser criativa, deliberada e contínua, para impedir que obtenham ainda mais vitórias no palco dos acontecimentos ou nas campanhas de propaganda. O público muçulmano não pode vê-los como atraentes ou acreditar que se juntar a eles é sinal de sucesso. Uma série de derrotas significativas às organizações islamistas irá conter os efeitos de seus esforços em seduzir os jovens a se juntarem a elas, em especial ao EIIS.
É lamentável que diante da catástrofe iminente, os detentores do poder no Ocidente estejam cegos, ingênuos ou mal intencionados, prontos para assinarem um acordo com o intuito de acomodar o Irã, da mesma maneira que o acordo assinado para acomodar Hitler em 1938.
Bassam Tawil é um pesquisador estabelecido no Oriente Médio.