Os que acreditam que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) deveria substituir o grupo terrorista Hamas, apoiado pelo Irã na Faixa de Gaza são ingênuos, muito desinformados ou vivem delirando. A ANP pode aparentemente lidar com questões civis na Faixa de Gaza e pagar salários aos funcionários públicos, mas não pode, e jamais poderá, enfrentar diretamente o Hamas.
A guerra entre Israel e o Hamas começou há mais de sete meses e parece que os recursos militares da organização terrorista ainda não foram totalmente neutralizados. Poderá, a bem da verdade, levar meses, senão anos, para destruir a infraestrutura militar que, ao longo das últimas duas décadas, Catar, Irã, Hamas e várias outras organizações terroristas construíram na Faixa de Gaza.
Enviar seguranças da ANP para a Faixa de Gaza enquanto os terroristas do Hamas ainda se encontram nas ruas equivaleria ao suicídio da ANP. Os crimes cometidos pelo Hamas contra os correligionários do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, na Faixa de Gaza durante o golpe de 2007, ainda estão frescos em sua memória. Naquele ano, terroristas do Hamas mataram um grande número de seus seguranças além de membros de sua facção governista Fatah, por exemplo, jogando um oficial da ANP do telhado de um prédio alto. O Hamas já declarou que em nenhuma circunstância permitirá que as forças de segurança da ANP voltem a entrar na Faixa de Gaza.
No início de abril, o Hamas anunciou que seus homens haviam frustrado uma tentativa da inteligência da ANP de entrar na Faixa de Gaza disfarçados de trabalhadores de ajuda humanitária. O chefe do Serviço Geral de Inteligência (GIS) da ANP, Major General Majed Faraj que, segundo o Hamas, supervisionou pessoalmente a missão dos oficiais. Terroristas do Hamas teriam prendido 10 oficiais do GIS, ao passo que outros conseguiram fugir.
"Os oficiais de inteligência se infiltraram na Faixa de Gaza para criar confusão e caos na frente interna", salientou o Hamas. "Os serviços de segurança do Hamas lidaram com esses elementos, e 10 deles foram presos. Qualquer um que tentar ajudar a ocupação (israelense) será punido com mão de ferro."
O Hamas continua se opondo às tentativas da ANP de voltar à Faixa de Gaza. Agora, impede o governo da ANP de entrar na Faixa de Gaza.
Desde a sua criação, há dois meses, o novo governo da Autoridade Nacional Palestina, liderado por Mohammad Mustafá, veterano conselheiro de Abbas, pôde funcionar por pouco tempo na Faixa de Gaza. O governo de Mustafá foi estabelecido como parte do plano da Administração Biden de "revitalizar" a ANP para que ele possa assumir o controle da Faixa de Gaza assim que a guerra terminar.
O Hamas rejeitou o governo da ANP, e alegou que Abbas não consultou o grupo antes de nomear Mustafá como primeiro-ministro.
O Hamas já tinha advertido que a criação de um novo governo "aprofundaria as divisões" entre os palestinos e advertiu ser contra a "tomada de decisões individuais e unilaterais desprovidas de substância e sem consenso nacional".
Tanto o Hamas quanto outras organizações terroristas que operam na Faixa de Gaza também rejeitaram a ideia de enviar forças internacionais ou árabes para a Faixa de Gaza. "As discussões sobre a formação de uma força internacional ou árabe para a Faixa de Gaza é uma ilusão e uma miragem", declararam recentemente o Hamas e os grupos terroristas. "Qualquer força que tente entrar na Faixa de Gaza será tratada com resistência e tratada como força de ocupação."
Abbas tem plena consciência dos perigos que o Hamas e outras organizações terroristas representam. Essa é provavelmente uma das razões pelas quais ele está reticente em enviar forças leais a ele para a Faixa de Gaza.
De acordo com a Sky News Arabic, Israel está debaixo da pressão dos EUA para reabrir a passagem fronteiriça de Rafah e entregá-la à ANP. No início deste mês, as Forças de Defesa de Israel (IDF) assumiram o controle da passagem de fronteira, que se tornou uma séria ameaça à sua segurança. O Hamas controlava o terminal desde 2007, quando derrubou a ANP e assumiu o controle de toda a Faixa de Gaza. Agora, tanto o Hamas quanto o Egito se opõem à reabertura da passagem fronteiriça por conta da presença de Israel do lado palestino.
Os EUA e Israel ofereceram à ANP a gestão da passagem fronteiriça de Rafah entre o Egito e a Faixa de Gaza. A ANP, no entanto, respondeu que só aceitaria se encarregar da gestão se Israel concordar com um plano que resultaria na criação de um estado palestino independente.
A ANP também exigiu que o governo israelense liberasse as receitas tributárias palestinas que estão sendo retidas para impedir que a ANP pague salários para assassinatos de aluguel, conhecidos como "Pay-for-Slay", a terroristas que assassinam judeus e às famílias dos terroristas assassinos mortos. Abbas enfatizou repetidamente que jamais deixará de pagar essas recompensas aos terroristas e às suas famílias, e ressaltou: "mesmo que eu tenha que deixar meu cargo, não abrirei mão do salário (rawatib) de um mártir (Shahid) ou de um prisioneiro..."
"Não cortaremos nem abortaremos o pagamento de salários às famílias de prisioneiros e de mártires, como alguns estão tentando fazer...", declarou ele anteriormente. "Se ficarmos com um centavo apenas, iremos gastá-lo pagando as famílias dos prisioneiros e dos mártires."
Os fundos também estão sendo retidos por Israel devido ao contínuo empenho da ANP de pressionar o Tribunal Penal Internacional (ICC) a emitir mandados de prisão contra altas autoridades israelenses, por supostamente cometerem "crimes de guerra".
O governo israelense, segundo consta, está sendo pressionado pela Administração Biden a enviar o dinheiro para a ANP. Esta equivocada e perigosa proposta significa esperar que os judeus apoiem aquelas mesmas pessoas que os estão assassinando. A Administração Biden também tem lançado uma ofensiva legal e diplomática para desacreditar, isolar e penalizar Israel por este tentar se defender de ataques terroristas.
Enquanto isso, a ANP, em vez de reconhecer que está aterrorizado em voltar à Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, tenta pressionar Israel a aceitar a criação de um estado palestino e liberar as receitas tributárias. É inacreditável, que a ANP e a Administração Biden, ao que tudo indica, querem que Israel conceda aos palestinos um estado que será governado pelos mesmos assassinos, estupradores e sequestradores que invadiram Israel em 7 de outubro de 2023.
O massacre de 7 de outubro serve de alerta: muitos palestinos não desistiram do sonho de eliminar Israel. Desde que todos os judeus deixaram a Faixa de Gaza, em 2005, todo o território tem sido um estado semi-independente, governado exclusivamente pelos palestinos. Os palestinos receberam a Faixa de Gaza, de mão beijada, para que eles pudessem criar uma "Cingapura no Mediterrâneo". Em vez disso, Gaza foi usada como trampolim para o incessante terrorismo ao longo dos anos, e pelos grupos terroristas islamistas que invadiram Israel em 7 de outubro.
Abbas poderá um dia voltar à Faixa de Gaza, mas só quando perceber que o Hamas perdeu todo o poderio militar e não controla mais o enclave. Enquanto isso, ele se sente seguro estando na Cisjordânia, onde Israel é responsável pela segurança e está lutando contra o Hamas e outros proxies terroristas apoiados pelo Irã. Ele sabe que, sem a presença da segurança de Israel na Cisjordânia, o Hamas já o teria matado e derrubado a ANP há muito tempo.
Os que estão pressionando Israel a parar com a guerra estão na verdade exigindo que o Hamas tenha a autorização de continuar governando a Faixa de Gaza, se rearmar, se reagrupar e repetir o ataque de 7 de outubro, ad infinitum, até que Israel seja aniquilado, conforme assinalou Ghazi Hamad, alto funcionário do Hamas. E ressaltou: "tudo o que fazemos é justificado".
Permitir que o Hamas vença sua guerra contra Israel agradaria imensamente a dois países profundamente comprometidos em apoiar o terrorismo. O primeiro é o Catar, um campo de petróleo protegido por uma base aérea dos Estados Unidos e um país com o qual James, irmão do presidente Joe Biden, de acordo com depoimentos em um tribunal, pode, ter tido negócios. Parece que o Catar nunca encontrou um grupo terrorista islamista que não tivesse apoiado (para visualizar clique aqui, aqui e aqui) ou uma grande universidade norte-americana que não tivesse financiado e doutrinado. De acordo com o MEMRI (Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio):
"as organizações terroristas apoiadas pelo Catar entre elas Hamas, Talibã, ISIS, Al-Qaeda, Hayat Tahrir Al-Sham, Frente Al-Nusra, Hezbollah e até os Houthis, com quem os EUA estão atualmente envolvidos em uma batalha no Mar Vermelho."
O Catar também administra a Al Jazeera, chamada de "canal do terror", "uma incubadora de homofobia" e "um lobo em pele de cordeiro, completamente gratuita". Ela é basicamente o porta-voz jihadista da Irmandade Muçulmana, cujo lema é:
"Alá é o nosso objetivo; o profeta é o nosso líder; o Alcorão é a nossa lei; a Jihad é o nosso caminho; morrer no caminho de Alá é a nossa maior esperança".
De acordo com o MEMRI (Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio):
"a rede de TV Al-Jazeera é um braço do regime catarense. É de propriedade do governo e promove a sua política externa por meio da doutrinação das massas de língua árabe em todo o mundo. De modo que a Al-Jazeera, não deveria ser considerada como um meio de telecomunicações, e sim como uma ferramenta política inflexível e contundente da política externa catarense disfarçada de meio de comunicação de massas."
O segundo país profundamente comprometido em apoiar o terrorismo é o Irã, repetidamente classificado como "principal país patrocinador do terrorismo" e atualmente correndo para obter as condições necessárias para produzir armas atômicas. O regime iraniano, que atualmente controla quatro capitais do Oriente Médio, fora a sua própria, Sana'a, Damasco, Beirute e Bagdá, deseja tomar o Oriente Médio, bem como o Sudão, rico em petróleo e minerais. Os governantes do Irã, sem sombra de dúvida, não só abririam caminho para mais atrocidades ao estilo do 7 de outubro contra Israel, como também contra outros vizinhos, como a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Egito e Bahrein, principalmente se o Irã obtiver armas atômicas.
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Quem disse que, se Abbas voltasse à Faixa de Gaza, ordenaria que suas forças de segurança combatessem o terrorismo e evitassem ataques contra Israel?
Entre 2005 e 2007, Abbas governou a Faixa de Gaza, contudo não tomou nem uma medida para impedir que grupos terroristas disparassem foguetes contra Israel. Ele também não tomou nem uma medida para impedir que grupos terroristas acumulassem um considerável arsenal na Faixa de Gaza.
Mesmo contando com milhares de seguranças na Cisjordânia, Abbas pouco ou nada fez para impedir a formação de grupos armados em diversas cidades e vilas sob sua jurisdição.
Nos últimos anos, milhares de homens armados organizaram grupos terroristas, em particular no norte da Cisjordânia. Estes grupos foram responsáveis por inúmeros ataques contra israelenses. Abbas, temeroso de ser chamado de traidor, reluta em agir contra os terroristas. Tal atitude poderá significar a sua morte. Fora isso, ele provavelmente não está atrás dos terroristas porque eles não o ameaçam nem à ANP diretamente.
Se um líder palestino não tem sequer a coragem de condenar as inimagináveis atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de Outubro, como esperar que ele enfrente o terrorismo emanado da sua Autoridade Nacional Palestina?
A Faixa de Gaza precisa de líderes moderados e pragmáticos que iniciem um processo de desradicalização e reeducação dos gazenses para que possam levar vidas pacíficas, prósperas e construtivas, livres da subjugação de seus líderes, que finalmente preparem seu povo para a paz na região. Neste momento, infelizmente, não há tais líderes entre os palestinos.
Bassam Tawil, é árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio.