Em Viena, Londres, Paris, Berlim, Bruxelas e em dezenas de outras cidades europeias, foram organizadas manifestações "em apoio à Palestina" mesmo antes dos israelenses terem respondido ao pogrom jihadista de 7 de outubro perpetrado pelo Hamas, apoiado pelo Irã, enquanto os cadáveres de mais de 1.400 vítimas israelenses torturadas, estupradas, assassinadas e mutiladas, bebês decapitados ou queimados vivos ainda estavam quentes. Segundo um comunicado do JNS:
"Na segunda-feira (23 de outubro) "a IDF publicou dois segmentos do interrogatório de terroristas do Hamas que participaram do massacre.
"O propósito de entrar em território israelense... era o de sequestrar civis, eles queriam o maior número de reféns possível', revelou um dos terroristas. Ele ainda acrescentou: 'Eles (Hamas) nos prometeram que quem trouxer uma pessoa sequestrada receberá um apartamento e US$10.000.'"
Mesmo assim, cada uma destas manifestações na Europa continha palavras de ordem repletas de ódio contra Israel e contra os judeus.
Em Bruxelas, os berros das palavras de ordem e a atmosfera de violência e sede de sangue estavam por toda parte. À minha volta, rodeado por cerca de 2.000 manifestantes cheios de ódio, um grupo de cerca de doze jovens árabes gritava "morte aos judeus" e "morte a Israel", ao mesmo tempo que trocavam sorrisos de aprovação e algumas piadas. Um deles exigiu que eu parasse de filmar. Eu parei.
Recentemente o ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger explicou em uma entrevista, que a Europa cometeu um erro grave ao criar em seu bojo, por meio da imigração em massa, populações que rejeitam todas as suas normas, valores e a "base constitucional". Ele deplorou o fato de em 2023, em Berlim, quase 80 anos após o Holocausto, as pessoas, gritarem pelas ruas "morte aos judeus" com total impunidade.
Nas horas que se seguiram à revelação da carnificina cometida pelo Hamas, começou uma onda de violência e ataques racistas na Europa, principalmente na França. Contra árabes ou muçulmanos? De maneira alguma. Contra os judeus, é claro. Na Europa, os judeus ainda são vítimas do ódio e da violência. Ao que tudo indica, é um jeito dos nossos europeus locais pró-Hamas celebrarem o pogrom jihadista de 7 de outubro.
Apesar da mídia nos ter alertado no decorrer de 30 anos sobre o perigo de haver violência contra os muçulmanos, em ações e dados, os nossos concidadãos judeus são vítimas de violência e abuso infinitamente maiores do que os muçulmanos que vivem na Europa. Já em 2015, Jeffrey Goldberg alertou na revista The Atlantic: "em 2014, judeus foram assassinados, estuprados, espancados, cercados, caçados, assediados, cuspidos e perseguidos na Europa simplesmente por serem judeus."
Sinto uma certa exaustão em relação àqueles que responsabilizam igualmente israelenses e árabes. Não é só a esquerda europeia, que muitas vezes já nem se dá ao trabalho de esconder seu antissemitismo. Não, também os da direita que, por covardia ou ignorância, nos dizem que Israel fez por merecer isso.
Vejamos alguns fatos: em 2005, ao ver que o processo de paz tinha chegado a um impasse, Israel expulsou à força 8.500 judeus de suas casas na Faixa de Gaza e demoliu todas as suas casas e centros comunitários. Daquele dia em diante, não havia mais nenhum israelense em solo de Gaza, portanto Gaza era "livre". Agora, sem nenhum judeu lá, os árabes de Gaza finalmente controlavam totalmente aquela linda terra na costa do Mediterrâneo e poderiam construir a "Cingapura do Oriente Médio". Um grupo de americanos chegou a doar US$14 milhões para comprar 3.000 estufas dos judeus que foram expulsos e as doou à Autoridade Nacional Palestina (ANP) para garantir que os habitantes de Gaza pudessem lá começar com os seus negócios. Em poucos dias, tudo foi saqueado e destruído.
Em 2006, houve eleições em Gaza, a maioria dos habitantes de Gaza votou na organização terrorista totalitária Hamas, cujo objetivo abertamente declarado era, e continua sendo, a destruição total de Israel e a erradicação dos judeus (Artigos 7, 32).
Em 2007, em resposta ao contrabando de armas por parte do Hamas para cumprir a sua missão genocida, foi imposto um bloqueio à Gaza por Israel e pelo Egito, em acordo com a Autoridade Nacional Palestina, que o Hamas tinha acabado de persuadir a abandonar Gaza por meio do assassinato de centenas dos membros da ANP, alguns jogados do alto de edifícios.
Israel não tem nenhuma responsabilidade no pogrom que sofreu em 7 de Outubro, cuja responsabilidade cabe inteira e exclusivamente não só aos psicopatas do Hamas e no mínimo também tanto quanto à República Islâmica do Irã, marionetista mestre, no afã da hegemonia na região.
Mas voltemos à Europa. Na maioria dos países da Europa Ocidental, o apoio ao terrorismo e o incitamento ao ódio e à violência contra os não muçulmanos deixaram de ser ofensas, virando apoio à diversidade e ao "multiculturalismo". 99% dos que cometem estes crimes nunca são processados, muito menos condenados. Dizer "morte aos judeus" e "judeus nas câmaras gás" já é de novo aceitável no Ocidente.
Segundo Tucídides, ninguém em sã consciência, deseja a pior forma de guerra, que é a guerra civil. É por esta razão que a Europa precisa compreender melhor o que fez consigo mesma. A Europa pretendia, sem dúvida, "fazer o bem", mas se sobrecarregou demograficamente com pessoas que os europeus poderiam ter imaginado que fugiam da tirania, mas que na realidade traziam a tirania consigo. Vale a pena considerar três medidas.
Uma delas é uma moratória na imigração. Os europeus terão a enorme dificuldade em integrar as populações que já estão presentes em seus países. É possível que nem tenham condições para isso. Ao que tudo indica, muitos não querem se integrar na cultura europeia, a impressão é que eles querem que os europeus se integrem na cultura deles. Já deveria ser óbvio que trazer outros milhões de recém-chegados todos os anos não irá resolver o problema.
Isto significaria abandonar a Convenção Europeia dos Direitos Humanos (CEDH). A jurisprudência extremista "fronteiras abertas" do Tribunal de Estrasburgo impede qualquer disposição de uma política de racional asilo. Em 2012, o ECHR promulgou a assim chamada "decisão Hirsi", em homenagem ao processo judicial de Hirsi Jamaa e outros x Itália, que reza que os países europeus têm a obrigação legal de resgatar migrantes onde quer que se encontrem no Mar Mediterrâneo, mesmo a apenas 200 metros de distância da costa da Líbia e transportá-los para um porto europeu, para que eles possam solicitar o status de refugiado.
Quando a marinha italiana interceptou migrantes ilegais no Mar Mediterrâneo e os enviou de volta ao seu ponto de origem na Líbia, a ECHR não só condenou a Itália por esta "óbvia" violação dos direitos humanos, como também multou os italianos a pagarem US$17.000 a cada um destes migrantes ilegais em nome de "danos morais". Este montante equivale a mais de 10 anos de rendimentos nos países de origem do Sr. Hirsi Jamaa e de seus companheiros: Somália e Eritreia.
Em 2016, o PIB per capita estimado da Somália era de US$400 e US$1.300 da Eritreia. É claro que todo mundo ficou sabendo da decisão Hirsi. Especialmente na África, muitos entenderam que, se conseguissem chegar ao Mediterrâneo, as marinhas europeias agora seriam obrigadas a transportá-los diretamente para a Europa. Antes da decisão Hirsi, quando os refugiados tentavam chegar às costas da Europa, centenas morriam todos os anos de forma trágica no mar. Depois de Hirsi, o objetivo passou a ser simplesmente ser interceptado. Consequentemente, centenas de milhares de pessoas tentam esta jornada, muitas vezes com a ajuda de organizações não governamentais como a Médicos Sem Fronteiras, cujos ativistas esperam que os barcos apareçam no mar, perto da costa da Líbia.
Ao fim e ao cabo, os europeus terão de fazer o impensável: aplicar as suas próprias leis. Qualquer um, muçulmano ou não, que quiser comemorar os pogroms jihadistas contra os judeus, bem, podem ir e se regozijar no Irã ou no Catar. Não na Europa.
Cada "morte aos judeus" ou "morte a Israel" ditos na Europa, especialmente depois que bebes foram torturados, queimados vivos e decapitados, mulheres estupradas e mais de 200 israelenses arrastados para Gaza como reféns no dia 7 de outubro, é um insulto não só para judeus, mas para nós, o que somos, as nossas leis, as nossas democracias e a vontade do povo.
Drieu Godefridi é jurista (Universidade Saint-Louis de Louvain), filósofo (Universidade Saint-Louis de Louvain) e doutor em teoria jurídica (Paris IV-Sorbonne). Ele é o autor do The Green Reich.