Dias depois que Antony Blinken, secretário de estado dos EUA, reafirmar o compromisso da Administração Biden à "solução de dois estados", os palestinos responderam repetindo sua rejeição à ideia e de que eles apoiam a realização de mais atos terroristas contra Israel.
A resposta palestina veio por meio de uma pesquisa de opinião pública publicada em 13 de dezembro pelo Palestinian Center for Policy and Survey Research e por declarações do Hamas, grupo islamista palestino, que controla a Faixa de Gaza.
O levantamento descobriu que 69% dos palestinos acreditam que a "solução de dois estados" não é mais viável nem prática. Outros 72% acreditam que as chances de criação de um estado palestino ao lado de Israel nos próximos cinco anos são mínimas ou inexistentes.
Em suma, os palestinos, estão adiantando a Blinken e à Administração Biden que eles podem continuar sonhando à vontade com a ilusão de dois estados o tempo que quiserem, mas que os palestinos preferem a "luta armada" e o terrorismo às negociações de paz com Israel.
Quando foram perguntados sobre o meio mais eficiente de estabelecer um estado independente, 51% dos palestinos optaram pela"luta armada". Outros 55% defenderam a volta dos confrontos armados e da intifada (revolta) contra Israel.
Ainda mais preocupante é que 72% da população palestina respondeu ser a favor da formação de grupos terroristas a exemplo da Cova dos Leões, cujos integrantes, de uns meses para cá, desfecharam ataques a tiros contra soldados e civis israelenses no norte da Cisjordânia.
No início do corrente mês, Blinken salientou em um discurso perante a Conferência Nacional do J Street, que a Administração Biden continuará se esforçando para "atingir o duradouro objetivo de dois estados". Ele ressaltou:
"sustentamos esta visão porque ela é pragmática. Continuamos acreditando, conforme realçou o presidente em sua viagem à Terra Santa no verão passado, que dois estados, com base nas linhas de 1967 e com trocas mutuamente acordadas, continua sendo o melhor caminho para alcançar nosso objetivo, de israelenses e palestinos, viverem lado a lado em paz e segurança."
No mês passado, Blinken reafirmou a fantasia de dois estados da Administração Biden, após uma conversa, em particular por telefone com o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas, sobre as linhas notoriamente indefensáveis do armistício de 1949 quando os combates na época simplesmente pararam
Os resultados de várias pesquisas de opinião pública, incluindo a mais recente, mostram que Blinken e sua equipe estão se autoiludindo ou simplesmente não conseguem entender ou ver o que a maioria dos palestinos quer: matar mais judeus e varrer Israel do mapa.
Esta não é a primeira pesquisa de opinião que mostra a maioria dos palestinos se opondo à "solução de dois estados". Isso porque eles estão clamando por um estado palestino não ao lado Israel, mas sobre as ruínas de Israel.
Acima de tudo, esta não é a primeira pesquisa de opinião que mostra que a maioria dos palestinos continua apoiando o Hamas, o grupo terrorista, cujo estatuto defende abertamente a jihad (guerra santa) e a eliminação de Israel.
O estatuto do Hamas cita Hassan al-Banna, fundador espiritual da Irmandade Muçulmana: "Israel existe e existirá até que o Islã o destrua, assim como já destruiu outros."
A intensificação da ascensão da popularidade do Hamas entre os palestinos é um claro sinal de que a maioria deles se identifica com o objetivo do grupo islamista de destruir Israel.
A exemplo do Hamas, esses palestinos querem colocar um estado islamista no lugar de Israel cujas fronteiras se estenderiam do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo.
De acordo com o último levantamento, se novas eleições presidenciais para a Autoridade Nacional Palestina fossem realizadas hoje, Mahmoud Abbas, o favorito interlocutor palestino da Administração Biden, obteria 36% dos votos e Ismail Haniyeh, líder do Hamas 54%. E não para por aí, 75% afirmaram que querem que Abbas, de 87 anos, renuncie.
Não seria uma má ideia se Blinken tivesse prestado atenção ao que os líderes do Hamas disseram claramente nos últimos dias durante os comícios em comemoração ao 35º aniversário da fundação da organização. Os líderes do Hamas repetiram as ameaças de "extirpar o inimigo sionista" de Israel por meio do terrorismo. Eles também elogiaram os grupos terroristas que se encontram nas regiões controladas pela Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia que estão desfechando ataques contra os israelenses.
Em 14 de dezembro, em homenagem ao aniversário do Hamas, o grupo emitiu uma declaração que essencialmente refuta as assertivas de alguns no Ocidente que o Hamas se tornou um grupo "moderado" e que está pronto para aceitar a "solução de dois estados":
"No dia 35º aniversário de sua fundação, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) confirma o seguinte: a Palestina, desde o Rio (Jordão) até o Mar (Mediterrâneo), é a terra do povo palestino. Continuaremos totalmente apegados a ela e ao nosso legítimo direito de defendê-la e libertá-la por quaisquer que sejam os meios, acima de tudo, pela resistência armada".
Se os palestinos realmente quisessem seu próprio estado ao lado de Israel, eles já poderiam tê-lo tido há muitos anos. No entanto, Mahmoud Abbas e seu antecessor, Iasser Arafat, rejeitaram todas as propostas de paz que receberam dos líderes israelenses nos últimos 22 anos, sem ao menos apresentar uma contraproposta.
"O rejeicionismo palestino saiu por cima sempre que uma partição concreta estava na agenda, como por exemplo, na proposta do ex-primeiro-ministro Ehud Barak em 2000 ou na proposta pelo ex-primeiro-ministro Ehud Olmert em 2007," salientou Efraim Inbar, presidente do Jerusalem Institute for Strategy and Security. "Qualquer estado palestino não será o bastante quanto às fronteiras e a intenção de usar a força para atingir seus objetivos continuará."
A proposta de Barak a Yasser Arafat incluía o estabelecimento de um estado palestino com cerca de 92% da Cisjordânia e 100% da Faixa de Gaza, bem como o estabelecimento da capital palestina na região leste de Jerusalém. Arafat disse não.
Olmert propôs a retirada de 93% da Cisjordânia, toda a Faixa de Gaza e grandes regiões de Jerusalém Oriental. Abbas disse não.
Blinken e seus conselheiros poderiam aprender muito com o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que sediou a cúpula de paz de 2000 em Camp David. Nela, Arafat recusou a generosa oferta de Barak. Quando Arafat disse não, Clinton bateu na mesa e disse: "você está levando seu povo e a região a uma catástrofe."
Desde então, os palestinos não têm medido esforços para tornar realidade a profecia de Clinton. Eles continuam recorrendo ao terrorismo, glorificam os terroristas e sustentam suas famílias financeiramente e apoiam o Hamas em a sua jihad para destruir Israel.
Qualquer um que apoie o estabelecimento de um estado palestino estará abrindo caminho para os palestinos usarem a Cisjordânia e a Faixa de Gaza como plataformas de lançamento para atacar e destruir Israel.
A última coisa que Israel e os vizinhos árabes precisam é de um estado terrorista controlado pelo Irã na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, que será usado para lançar ataques tanto contra israelenses quanto para os árabes. Tal estado será uma receita para a guerra, não para a paz no Oriente Médio.
Hoje, é o óbvio e ululante que o desejo de matar judeus e eliminar Israel continua sendo, para muitos palestinos, mais importante do que construir um estado que viva em paz e segurança lado a lado com Israel. Já está na hora da Administração Biden acordar para o fato que Clinton compreendeu há mais de 20 anos, que o rejeicionismo dos líderes palestinos está arrastando o povo palestino e todo o Oriente Médio para um futuro sangrento e sem saída.
O caminho para a comunidade internacional, começando pelos EUA, solucionar o problema é insistir que qualquer ajuda está rigorosamente condicionada aos palestinos abandonarem os chamamentos para o terrorismo, que já infestam toda a sociedade palestina, até nos jogos de palavras-cruzadas. Se houver algum descumprimento que seja, os pagamentos devem ser efetivamente retidos. Quando alguém vai a um banco pedir um empréstimo, há condições atreladas, então por que não atrelar condições à ajuda também? Caso contrário, toda ajuda que não "desaparece" está sendo abertamente usada para financiar o terrorismo, a jihad e a matança de judeus.
Bassam Tawil, árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio.