Cidadãos libaneses lançaram uma campanha online, dizendo que eles têm o direito de serem vacinados antes de qualquer estrangeiro residente no país. O termo "estrangeiro" se refere comumente às centenas de milhares de palestinos que vivem no Líbano. Enquanto isso, Israel vacinou mais palestinos do que qualquer país árabe. Foto: uma mulher palestina sendo imunizada contra o coronavírus com a vacina da Pfizer-BioNTech em uma unidade do Clalit Health Services em Jerusalém, Israel em 12 de janeiro de 2021. (Foto: Ahmad Gharabli/AFP via Getty Images) |
Embora Israel venha sendo falsamente acusado por alguns órgãos de imprensa internacionais e organizações de direitos humanos de "recusar" vacinar palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza contra a COVID-19, parece que ninguém está interessado no que está acontecendo no Líbano, um país árabe que há muito tempo abriga centenas de milhares de palestinos, sírios e demais árabes.
Primeiro, o Acordo Provisório Israelense-Palestino de 1995 afirma que "os poderes e responsabilidades na esfera da saúde na Cisjordânia e na Faixa de Gaza serão transferidos para o lado palestino".
Segundo reza o acordo, "o lado palestino deverá continuar cumprindo os atuais padrões de vacinação dos palestinos e incrementá-los segundo os padrões internacionalmente aceitos e também continuar a vacinação da população (palestina)."
Em segundo lugar, os palestinos disseram que haviam recusado vacinas de Israel e que o governo palestino estava trabalhando para obter as doses da Organização Mundial de Saúde e de empresas ao redor do mundo.
Terceiro, apesar da negação palestina, Israel admitiu recentemente que deu 100 doses de vacinas aos palestinos e que outras doses seriam entregues brevemente.
Quarto, o governo palestino declarou que nas últimas semanas assinou acordos para a compra de vacinas de quatro empresas diferentes.
Quinto, recentemente Israel facilitou a entrega de 5 mil doses da vacina russa Sputnik aos palestinos. Os palestinos tinham plenas condições de importá-las, com a maior facilidade, conforme eles próprios disseram que prefeririam se encarregar da importação.
Sexto, Israel está de fato dando vacinas para os palestinos, aqueles que vivem em Jerusalém Oriental e que, como portadores de carteiras de identidade israelenses, têm acesso ao mesmo sistema de saúde que os cidadãos israelenses. (A maioria dos palestinos de Jerusalém Oriental são residentes, não cidadãos de Israel).
Todos esses fatos não foram o suficiente para convencer jornalistas e organizações anti-Israel ao redor do mundo de que o governo palestino e não Israel, é o responsável pela obtenção de vacinas para os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Os inimigos de Israel estão levantando a questão das vacinas não porque se preocupam com os palestinos, mas porque querem responsabilizar Israel pelo sofrimento palestino que, para variar, está sendo causado por seus próprios líderes.
Os líderes palestinos tiveram tempo de sobra para pedir a Israel que os ajudassem a obter as vacinas. Em vez de pedir ajuda a Israel, no entanto, eles anunciaram em maio de 2020 que haviam decidido cortar todas as relações com Israel em protesto contra as políticas do governo israelense em relação aos assentamentos. No final de 2020, os líderes palestinos voltaram atrás e decidiram restabelecer as relações com Israel. Eles perderam um tempo precioso que poderia ter sido usado para planejar a maneira de obterem as vacinas para os palestinos.
Será que algum desses inimigos de Israel sequer se deu ao trabalho de perguntar ao governo palestino por que ele demorou tanto na obtenção das vacinas das empresas produtoras dos imunizantes? Será que eles realmente esperam que Israel envie seus soldados aos hospitais da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e apliquem as vacinas à força nos palestinos?
Enquanto a celeuma em torno da suposta responsabilidade de Israel de vacinar os palestinos, que não são (e nem desejam se tornar) cidadãos israelenses está se desenrolando na mídia internacional e em outros fóruns, os inimigos de Israel aparentemente não ouviram nada sobre a polêmica que eclodiu no Líbano nos últimos dias.
Cidadãos libaneses lançaram uma campanha online, dizendo que eles têm o direito de serem vacinados antes de qualquer estrangeiro residente no país. O termo "estrangeiro" se refere comumente às centenas de milhares de palestinos que vivem no Líbano.
A campanha, que é condenada pelos palestinos e por outros como "racista" e "discriminatória", evidentemente não conseguiram chamar a atenção desses indivíduos e organizações que fazem acusações falsas e difamatórias contra Israel. Eles não estão nem aí com essa campanha racista porque se trata de um país árabe e não de Israel, que está discriminando árabes (palestinos).
A hashtag no Twitter, intitulada "The Vaccine for Lebanese First", atraiu contraditórias reações dos árabes.
"O partido do governo do Líbano está fazendo lobby contra a vacinação de não libaneses que se encontram no Líbano," salientou Wael Kaafarani no Twitter. "A Organização Mundial da Saúde deveria estar ciente disso e redirecionar seu apoio para organizações não governamentais como a Cruz Vermelha no Líbano".
Hani, outro usuário da rede social, escreveu:
"é muito engraçado que os libaneses estejam indo para Dubai para se vacinarem e os libaneses que vivem no exterior estejam sendo imunizados, qualquer que seja o país que estejam, mas ao mesmo tempo quererem negar a imunização a qualquer um que não possua a nacionalidade libanesa."
Também condenando o chamamento para priorizar os libaneses nas vacinações, Marianne Hassoun teceu o seguinte comentário: "a hashtag é a personificação da mesquinhez e do racismo."
Inúmeros libaneses, no entanto, saíram em defesa da campanha.
"Nós, como libaneses, temos pleno direito de sermos vacinados antes de qualquer estrangeiro," ressaltou Amin Tohme no Twitter. "Isto não é racismo, isto é patriotismo."
Outro libanês, que se autodenomina "legalista libanês", escreveu:
"isso não é racismo, somente lógica. Como contribuinte libanês, tenho pleno direito de receber a vacina pela qual estou pagando antes de qualquer cidadão não libanês. Meu dinheiro, dinheiro libanês, trouxe a vacina para cá. Não o dinheiro do refugiado."
O Fórum Democrático para Jornalistas Palestinos no Líbano destacou que ficou "surpreso" com as demandas de limitar as vacinas para os cidadãos libaneses.
"Essas demandas são reivindicadas por aqueles que não sabem nada sobre as estratégias de saúde adotadas para conter a pandemia do coronavírus... Esse racismo prejudica a imagem e a reputação do Líbano."
A campanha não causa espécie naqueles que conhecem as políticas de apartheid do Líbano e as leis contra os palestinos.
De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), os palestinos no Líbano não usufruem de inúmeros direitos essenciais. Eles não têm direito, por exemplo, de trabalhar em 39 profissões e também não têm direito de possuir propriedades (imóveis). Aos refugiados palestinos, oficialmente considerados "estrangeiros" no Líbano, não é permitido adquirir a cidadania libanesa. Eles também enfrentam restrições ao acesso a serviços básicos, como educação e assistência médica.
Aqueles que agora estão atacando Israel por conta da sua pretensa responsabilidade de vacinar os palestinos que vivem sob a Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia e sob o Hamas na Faixa de Gaza, não estão nem aí com os palestinos que vivem no Líbano. Eles não dão a mínima em relação às demandas no Líbano para que os "estrangeiros" não sejam imunizados, incluindo palestinos e sírios.
A bem da verdade, Israel vacinou mais palestinos do que qualquer país árabe. Que ninguém se engane, milhares de palestinos de Jerusalém Oriental, bem como cidadãos árabes de Israel, que muitos na comunidade internacional chamam de palestinos, foram vacinados nas últimas semanas.
Os mesmos indivíduos e as mesmas organizações que estão atacando Israel se referem aos cidadãos árabes e residentes de Jerusalém Oriental como palestinos. Dado que dezenas de milhares de árabes israelenses e residentes de Jerusalém Oriental foram imunizados sem nenhum problema, significa que Israel é o único país que realmente tem vacinado, até o momento, os palestinos.
O governo da Autoridade Nacional Palestina, que conta com seu próprio sistema de saúde, ministrou até agora zero vacinas à sua população na Cisjordânia. O Hamas, que também tem seu próprio sistema de saúde, ministrou até o momento zero vacinas à sua população na Faixa de Gaza.
Indubitavelmente, a Autoridade Nacional Palestina e o Hamas estão ocupados demais com outros assuntos, como por exemplo, incitar e lançar ataques terroristas contra israelenses, pagar às famílias de terroristas pelos sangrentos atos de seus parentes, para lidarem de forma eficiente com o estado de saúde de seu povo. Longe disso, eles preferem sentar e aguardar que a comunidade internacional lhes doe vacinas, em vez de se darem ao trabalho, de maneira séria, de comprarem as doses.
Eles se juntam aos jornalistas e organizações anti-Israel ao ignorar o apartheid médico que os palestinos estão enfrentando em um país árabe: o Líbano.
Bassam Tawil, árabe muçulmano, radicado no Oriente Médio.