O fentanil é frequentemente enviado aos Estados Unidos pelo correio, o que significa que o estado chinês, por meio do Serviço Postal Nacional da China, é o distribuidor. O Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, descobriu que 13% das encomendas que chegam da China contêm algum tipo de contrabando, incluindo fentanil e outras substâncias letais. Foto: um funcionário do Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos trabalhando com um cachorro para checar encomendas nas instalações dos correios dos EUA no Aeroporto John F. Kennedy em Nova Iorque em 24 de junho de 2019. (Foto: Johannes Eisele/AFP via Getty Images) |
"Eu não estou dizendo que há algum tipo de conspiração, suponho eu, estou apenas e tão somente mostrando os fatos: Fentanil e Covid vieram da China, a China é o nosso principal rival, os chineses estão se beneficiando com a morte de milhares de americanos", salientou Tucker Carlson em seu programa em 16 de outubro.
Há anos que o regime chinês vem fomentando o uso do Fentanil nos Estados Unidos.
No ano passado, a overdose letal de drogas nos EUA bateu um novo recorde de 70.980 casos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Destas, 36.500 foram causadas por opioides sintéticos como o fentanil. As mortes causadas pela cocaína e metanfetamina também aumentaram, principalmente porque estas substâncias foram misturadas com o fentanil.
Trocando em miúdos, conforme Vanda Felbab-Brown do Brookings Institution ressalta em um artigo publicado em julho, "a epidemia do consumo de drogas é a mais fatal da história dos Estados Unidos."
Sobre a origem da droga, não há nenhuma dúvida. "Desde 2013 a China é a principal fonte que inunda com fentanil o mercado de drogas ilícitas nos Estados Unidos ou dos agentes precursores a partir dos quais o fentanil é produzido, geralmente no México", assinala Felbab-Brown.
Um relatório de inteligência da Drug Enforcement Administration publicado em janeiro chega à mesma conclusão quanto à fonte do letal fentanil.
Na China, as gangues trabalham com compostos de fentanil em laboratórios para que a droga provoque cada vez mais dependência física, segundo me confidenciou um ex-funcionário da segurança nacional americana há poucos anos. E não para por aí, os técnicos chineses alteram as fórmulas das drogas o tempo todo para impedir que ela seja detectada na fronteira americana.
Em suma, o regime chinês está matando americanos com fentanil. E o faz propositalmente. Carlson estava certo ao levantar a lebre da intencionalidade.
Pequim, diante da incessante insistência do governo Trump, anunciou em abril de 2019 a proibição da produção, venda e exportação, sem autorização, de substâncias da classe fentanil.
Não resta dúvida que a proibição foi um passo na direção certa, todavia analistas salientaram que é muito complicado colocar em prática as novas regras. "O problema fiscalizatório", salienta o documento Brookings, "é descomunal, uma vez que as indústrias farmacêutica e química chinesas são compostas por dezenas de milhares de empresas e centenas de milhares de unidades, somam-se a isso o fato da China não dispor de condições adequadas de inspeção e monitoramento".
A implicação é que gangues criminosas chinesas têm condições de operarem por baixo dos panos. Portanto, a proposta é altamente controversa.
Antes de mais nada, o Partido Comunista, por meio de suas células, controla qualquer setor relevante.
Além do mais, o governo central da China dispõe e opera, o que é considerado sem a menor sombra de dúvida, o modelo de controle social mais sofisticado do planeta. Servindo-se do big data e da inteligência artificial, dezenas de milhares de agentes do governo fazem o patrulhamento de 1,4 bilhão de pessoas com a ajuda de aproximadamente 626 milhões de câmeras de monitoramento e dezenas de milhões de vigilantes de bairro, fora as unidades do Partido Comunista. Pequim controla rigidamente o sistema bancário e fica sabendo instantaneamente de qualquer transferência de dinheiro.
Das gangues chinesas fazem parte enormes contingentes de pessoas, além delas dominarem grandes áreas. No estado quase totalitário chinês, não seria possível elas operarem sem o conhecimento do Partido Comunista. E se o partido por alguma razão não sabe a respeito de alguma gangue em particular, é porque resolveu não saber.
E não é só isso, não é possível o fentanil sair do país na surdina, já que praticamente tudo que é embarcado é inspecionado antes de partir do solo chinês. Jonathan Bass, CEO da importadora PTM Images, disse ao Gatestone Institute que as autoridades inspecionam e lacram todos os contêineres que saem da China. O fentanil é frequentemente enviado aos Estados Unidos pelo correio, o que significa que o estado chinês, por meio do Serviço Postal Nacional da China, é o distribuidor. O volume do tráfego postal do fentanil é pesado.
O quão pesado? O Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, com base em dados colhidos nas inspeções "blitz" Operation Mega Flex, descobriu que 13% das encomendas que chegam da China contêm algum tipo de contrabando, incluindo fentanil e outras substâncias letais. Não tem como o serviço postal chinês não saber que se tornou a mula de drogas mais atarefada do mundo, entre outras coisas.
As autoridades chinesas acreditam que o custo de vender drogas é uma gota no oceano e que ele vale a pena para alcançar a grandeza nacional. Conforme Cleo Paskal, da Fundação para a Defesa das Democracias com sede em Washington, DC, disse ao autor desta matéria que elas estão obcecadas com o "abrangente poder nacional" (CNP em inglês). Elas o medem minuciosamente, o estudam tim-tim por tim-tim e o comparam constantemente com as classificações da China com a de outros países, especialmente com as dos Estados Unidos.
As autoridades chinesas não recuarão diante de nada se a meta for aumentar o relativo poder do regime. Há duas maneiras de se alcançar esse objetivo, observa Paskal: aumentar o CNP da China e diminuir o CNP de outros países. A China está, maliciosamente, tentando reduzir o abrangente poder nacional dos Estados Unidos com o fentanil. Não há outra explicação plausível para que Pequim permita que organizações criminosas operem ao seu bel-prazer.
Portanto, o regime chinês está se valendo da criminalidade como instrumento de política de estado. "Ninguém que eu tenha conhecimento na força pública duvida por um instante sequer que os agentes chineses sabem à risca o que está acontecendo, dado o total controle interno", salientou o ex-oficial da segurança. "A premissa é que Pequim sabe, aprova e lucra com isso."
O regime chinês adotou a doutrina da "Guerra Irrestrita", explicada em um livro publicado em 1999 de mesmo nome escrito por Qiao Liang e Wang Xiangsui. A tese dos autores, ambos coronéis da Força Aérea chinesa, é que a China não deve se limitar por nenhuma lei ou acordo que impeça a derrubada dos Estados Unidos.
O regime chinês sempre foi caracterizado pela crueldade. Mao Tsetung, fundador da República Popular da China, criou uma sociedade do tipo mate ou seja morto, os valores desta sociedade são desumanos.
A mistura da ânsia implacável da China em aumentar sua relativa força e a crença de que no mundo das táticas o vale-tudo significa que Pequim vê o fentanil como arma viável.
No final de 2017, um amigo no condado de Anne Arundel em Maryland, estava em frente a uma igreja em Severna Park. Lá ele viu meninos e meninas, todos adolescentes, todos vestidos de preto, descendo os degraus da frente da casa funerária local, todas as meninas em prantos, agarradas umas às outras e os meninos, olhando para o vazio. Então vieram os pais, ainda em estado de choque.
"Você e eu sabemos do que se tratava", disse ele. "Alguém estava enterrando o filho e alguém - alguém na China - estava contando dinheiro."
A gente de bem de Anne Arundel e todos os demais americanos estão sendo atacados. Os agressores são da China, a espada é fentanil e as mortes são o resultado da hediondeza na capital chinesa.
Recentemente meu amigo deixou a seguinte mensagem: "há", escreveu ele, "alguns idosos viciados em heroína, mas não conheço nenhum idoso viciado em fentanil."
Gordon G. Chang é o autor do The Coming Collapse of China, Ilustre Senior Fellow do Gatestone Institute e membro do Conselho Consultivo.