O massacre em massa de cristãos na Nigéria que observadores internacionais classificaram de genocídio, está chegando a patamares nunca vistos. Foto: cidade de of Auno, Nigéria 10 de fevereiro de 2020, após o ataque no dia anterior no qual jihadistas assassinaram pelo menos 30 pessoas e sequestrarem mulheres e crianças. (Foto: Audu Marte/AFP via Getty Images) |
O massacre em massa de cristãos na Nigéria que observadores internacionais classificaram de genocídio, está chegando a patamares nunca vistos.
De acordo com um relatório emitido em 4 de agosto, pelo menos 171 cristãos foram massacrados por pastores muçulmanos Fulani num período de cerca de três semanas:
"e estes são só os casos que tomamos conhecimento. Na realidade, é provável que o número de vítimas seja bem maior. Muitos, na casa dos milhares, também estão sendo desalojados de suas casas e de seus meios de vida que deixaram para trás devido à violência depois que o lockdown, por conta do covid, provocou o caos na economia... Nossa redação vem sendo inundada por histórias desse tipo há meses, no entanto, essa sanguinária carnificina de vidas cristãs está desconcertantemente ausente da grande mídia."
Em um dos recentes ataques, ocorrido em 10 de julho, pastores muçulmanos massacraram 22 cristãos ("em sua maioria mulheres e crianças") e incendiaram inúmeras casas numa comunidade agrícola." Os Fulani entraram atirando, " lembra Bilkisu James da cama do hospital. "Eles assassinaram dois filhos meus e o meu marido." Eles também "assassinaram outros cinco parentes de Bilkisu com golpes de peixeiras, entre eles uma mãe e sua filha ainda bebê e outra mãe e seus dois filhos".
Ao que tudo indica, um vizinho muçulmano dedurou a família cristã ao bando dos invasores: "Antes de ser baleada," Bilkisu conta: "eu vi o Fulani vizinho meu, foi ele que me caguetou. Eu me entreguei de joelhos", em vão. Eles atiraram no peito e nas costas dela e a largaram para morrer, mas ela ainda "ouviu eles acendem um fósforo e botarem fogo na casa dela."
No dia seguinte, um vilarejo vizinho foi atacado: "dez mulheres, um bebê e um idoso morreram queimados em uma casa onde haviam se refugiado. Outros sete camponeses ficaram feridos e quatro casas foram reduzidas a cinzas." Em 19 de julho, convidados presentes em uma cerimônia de casamento estavam entre os 32 cristãos massacrados em ataques dos Fulani.
Em outro "dantesco ataque noturno durante uma chuva torrencial ocorrida em 23 de julho, pelo menos sete cristãos foram mortos... os militantes mutilaram brutalmente com facões homens, mulheres e crianças desarmados até a morte". O relato ressalta que "este foi o segundo ataque ao vilarejo em poucos dias, sendo que no ataque anterior sete pessoas foram assassinadas em 20 de julho."
Em 29 de julho, pastores muçulmanos assassinaram mais 14 cristãos, treze eram familiares. Somente um membro da família conseguiu sobreviver, sua esposa, todos os filhos, tia, tio, irmão e demais parentes foram massacrados.
Na semana passada, jihadistas armados invadiram a Igreja Leão de Judá em Azikoro e abriram fogo contra os fiéis, quatro cristãos foram mortos.
Enumerar mais atrocidades, foram centenas ao longo dos anos, é inútil em um artigo. (Para obter uma visualização mais abrangente do sofrimento dos cristãos na Nigéria e em outras nações muçulmanas, acesse a publicação mensal do Gatestone Institute: "Perseguição aos Cristãos".)
Vejamos apenas o mês de abril de 2020. pastores muçulmanos empunhando peixeiras assassinaram pelo menos treze cristãos nos primeiros dois dias do mês de abril. Segundo relatos de uma fonte: "nós acordamos para enterrar sete pessoas mortas queimadas vivas, vítimas de um ataque noturno". Os mortos "em sua maioria cristãos idosos que não conseguiram escapar enquanto integrantes da comunidade fugiam correndo para o matagal vizinho em meio ao ataque".
Na sequência, em 7 de abril, os pastores Fulani massacraram um pastor e três membros da congregação, entre eles um menino de dez anos. O pastor Matthew Tagwai que foi assassinado dentro da sua casa, deixa esposa grávida e dois filhos pequenos.
Em 10 de abril, pastores muçulmanos Fulani assassinaram o pastor Stephen Akpor, de 55 anos. "Dois pastores foram a uma unidade de nossa igreja, a Igreja Celestial... onde atiraram nele enquanto ele rezava e aconselhava cinco membros da igreja", segundo salientaram seus colegas. "Os pastores atiraram no pastor inúmeras vezes e o esfaquearam até a morte." Ele deixa esposa e cinco filhos.
Em 11 de abril, pastores muçulmanos Fulani mataram a tiros um fazendeiro cristão.
Em 13 de abril, pastores muçulmanos Fulani decapitaram dois cristãos de um jeito que precisaram ser "enterrados sem as cabeças".
Em 14 de abril, pastores muçulmanos Fulani massacraram nove cristãos, seis crianças e uma mãe grávida. "Eles estavam armados com facões e rifles AK-47 quando nos atacaram", lembra um sobrevivente: "Eles atacaram nosso vilarejo por volta das 20h e aos gritos de 'Allahu Akbar!' atiraram em nossas casas. " Trinta e três casas foram incendiadas.
Em 16 de abril, pastores muçulmanos Fulani assassinaram Sebastine Stephen, um jovem estudante cristão. "Os pastores Fulani carregavam mais de 50 armas sofisticadas e atiravam esporadicamente. Depois de matar o jovem", relata, um sobrevivente: "invadiram a casa do Sr. Jack Nweke e o sequestraram juntamente com sua esposa, deixando para trás seus três filhos."
Em 19 de abril, pastores muçulmanos Fulani mataram quatro cristãos. "Trinta e oito casas com 86 quartos também foram destruídas, cerca de 87 famílias foram atingidas", ressaltou uma fonte.
Em 20 de abril, "o fazendeiro cristão, Titus Nyitar, foi morto a tiros e teve a cabeça decepada", segundo um residente da região. Tito estava "trabalhando em sua fazenda quando foi morto pelos pastores". Na sequência, eles "foram para o vilarejo para incendiar casas onde sequestraram três camponeses".
Em 22 de abril, pastores muçulmanos Fulani assassinaram 12 cristãos, antes, observa o relato, eles sequestraram um casal que estava contraindo matrimônio dentro da igreja.
Em 23 de abril, os Fulani, "em ataques a regiões predominantemente cristãs no centro-norte da Nigéria mataram duas pessoas, sequestraram outra e incendiaram uma igreja que continha a casa do pastor".
Fora alguns dos mais hediondos incidentes, como o estupro e massacre de um estudante cristão abrigado em uma igreja, a assim chamada grande mídia não informa nada sobre a magnitude dessa perseguição. Será que os jornalistas poderiam estar receosos com a possibilidade de vir à tona um padrão politicamente incorreto no qual os ataques pareceriam mais ideologicamente motivados, ao invés de somente "crimes"?
"É como se a vida dos cristãos não tivesse mais importância", assinalou um pastor nigeriano sobre o ataque na cerimônia de casamento que ceifou 32 vidas.
"É extremamente preocupante que esses violentos ataques contra cristãos que ocorrem todos os dias... e vêm se arrastando por tanto tempo, tenham sido ignorados tanto pelo governo federal quanto pelo estadual... não há visitas de solidariedade às vítimas remanescentes nas comunidades... Não se tomam medidas para atenuar seu sofrimento, como por exemplo socorro emergencial, já que eles viraram desabrigados, aos milhares."
"Acredito piamente" salientou um sobrevivente de um recente ataque Fulani que ceifou a vida da sua irmã e de outros quatro cristãos, "que vários desses seguranças muçulmanos estão mancomunados com os homens armados que atacam nossa gente... a triste realidade é que entramos com representações nos órgãos governamentais tanto estaduais quanto federais, em vão."
"Que crime esses inocentes cometeram contra os pastores Fulani?" perguntou um morador da região em relação a um ataque que deixou um pastor e uma criança de 10 anos mortos.
"Por quanto tempo ainda teremos que continuar baixando a cabeça diante dessa matança? Por quanto tempo ainda devemos implorar ao governo e aos órgãos de segurança que venham nos auxiliar?"
As perguntas são particularmente relevantes à luz das estatísticas divulgadas recentemente: desde 2009 "não menos de 32 mil cristãos foram massacrados pelos principais jihadistas do país" e praticamente nenhuma providência foi tomada de acordo com um relatório:
"os pastores militantes Fulani e o Boko Haram... intensificaram a violência anticristã... por meio de golpes fatais desferidos com peixeiras, isso só nos últimos quatro meses e metade de 2020 contra nada menos de 620 cristãos indefesos (470 por pastores Fulani e 150 pelo Boko Haram), além de incêndios desenfreados e destruição desenfreada de locais de culto e aprendizagem. As atrocidades contra os cristãos estão correndo soltas, chegando ao alarmante ápice com o descaso das forças de segurança do país. Os assustados atores políticos fazem vista grossa ou estão mancomunados com os jihadistas. O número de residências incendiadas ou destruídas durante esse período já se encontra na casa das centenas, assim como as dezenas de locais de culto e aprendizagem dos cristãos."
A razão pela qual desde 2015, antes simples pastores Fulani, conseguiram matar quase o dobro de cristãos a exemplo dos terroristas "profissionais" do Boko Haram, de acordo com vários líderes cristãos da Nigéria, ocorre, citando o bispo nigeriano Matthew Ishaya Audu, "porque o presidente Buhari também faz parte da etnia Fulani".
Em uma declaração proferida em janeiro, a Associação Cristã da Nigéria, órgão central que representa a maioria das correntes cristãs, ainda acusou "o governo federal sob a presidência de Muhammadu Buhari" de "conspirar" com os terroristas islâmicos "para exterminar os cristãos da Nigéria". A Associação perguntou:
"uma vez que o governo e seus defensores afirmam que os assassinatos não têm conotações religiosas, por que então os terroristas e pastores têm como alvo as comunidades predominantemente cristãs e também os líderes cristãos?"
Alguns líderes nigerianos não se limitam a Buhari, eles vão mais longe e culpam "o mal chamado Barack Obama", segundo palavras de Femi Fani-Kayode, ex-Ministro da Cultura e Turismo da Nigéria. Em 12 de fevereiro, o ex-funcionário do governo escreveu o seguinte em sua página do Facebook:
"o que Obama, John Kerry e Hilary Clinton fizeram à Nigéria ao financiarem e apoiarem (o atual presidente Muhammadu) Buhari na eleição presidencial de 2015 e ajudarem o Boko Haram em 2014/2015 foi pura maldade e o sangue derramado de todos os mortos pela administração Buhari, seus pastores Fulani e Boko Haram nos últimos 5 anos está nas mãos deles."
Embora os companheiros Fulanis do presidente Buhari tenham se responsabilizado pela maioria dos ataques aos cristãos desde que ele foi alçado ao cargo de presidente, o Boko Haram, flagelo primordial dos cristãos da Nigéria, ainda está em franca atividade. No início deste ano, por exemplo, o grupo divulgou um vídeo de uma criança muçulmana mascarada segurando uma pistola atrás de um refém cristão amarrado e ajoelhado, estudante de biologia de 22 anos que foi sequestrado enquanto ia para universidade. Depois de cantar em árabe e xingar com palavras anticristãs, a criança muçulmana atirou várias vezes na nuca do cristão.
Semanas antes, homens islâmicos armados, sequestraram o reverendo Lawan Andimi, pastor e presidente do distrito da Igreja dos Irmãos da Nigéria. Depois que os terroristas exigiram uma quantia exorbitante de resgate pela sua libertação, dois milhões de euros, soma que a sua igreja e família simplesmente não tinham condições de levantar, eles decapitaram o pai de nove filhos. Anteriormente, em um vídeo divulgado pelos sequestradores em 5 de janeiro, o pastor Lawan disse que ele esperava voltar para a sua esposa e filhos, contudo "se não for possível, talvez seja esta a vontade de Deus. Quero que todas as pessoas próximas e distantes e colegas, sejam pacientes. Não chorem, não se preocupem, agradeçam a Deus por tudo."
O governo nigeriano, salientou o bispo Matthew Hassan Kukah a respeito da decapitação de outros 10 cristãos no início deste ano: "usa os instrumentos do poder para garantir a supremacia do Islã. A única diferença entre o governo e o Boko Haram é que o Boko Haram está com as armas nas mãos".
Raymond Ibrahim, autor do livro recentemente publicado Sword and Scimitar, Fourteen Centuries of War between Islam and the West, é Ilustre Senior Fellow do Gatestone Institute, Shillman Fellow do David Horowitz Freedom Center e Judith Rosen Friedman Fellow do Middle East Forum.