O Irã continua a se esconder atrás da atenção mundial focada no EIIS para acelerar a prisão de políticos, execuções, "limpeza prisional" e acima de tudo, o programa para alcançar a capacidade nuclear.
O Irã parece estar contando com a relutância dos Estados Unidos em intervir, de maneira séria, em seu programa nuclear, para que possa dar sequência ao programa de armas nucleares até sua conclusão.
Da esquerda para a direita: Mohammad Reza Pour Shajari, Arash Sadeghi, Reyhaneh Jabbari, Ayatollah Hossein Kazamani Boroujerdi. |
Mais recentemente, de acordo com o Comitê Internacional Contra Execuções, Reyhaneh Jabbari, transferida para a Prisão de Rajai Shahr para ser enforcada na segunda-feira, 29 de setembro, foi levada de volta para sua cela na Prisão de Shahr-Ray. Sua execução foi suspensa para finalmente ser reprogramada para 8 de outubro de 2014.
Em 29 de setembro, Jabbari for sequestrada por carcereiros no meio do banho, forçada a se vestir e informada que seria executada no período da manhã. Após o staff carcerário permitir que ela desse o último telefonema a sua mãe, ela foi transferida para a prisão de Rajai-Shahr, colocada em confinamento em uma solitária para aguardar a execução ao amanhecer.
Diante da transferência da filha, a mãe de Jabbari, Shole Pakravan, correu para a prisão de Rajai-Shahr juntamente com o marido, duas filhas e alguns amigos. Em frente da prisão uma multidão foi se aglomerando rapidamente para protestar contra a execução de Jabbari. Autoridades prisionais determinaram à multidão que se dispersasse garantindo à família de Jabbari que ela não seria enforcada, declaração esta que as autoridades normalmente fazem antes de uma execução para que possa ser levada a efeito de forma discreta, sem incidentes. Shole Pakravan se recusou a deixar o complexo prisional até sua filha ser transferida, ilesa, de volta à cela original na Prisão de Shahr-Ray.
Enquanto isso a notícia se espalhou rapidamente nas redes sociais, em uma série de agências de notícias on-line italianas, americanas e suecas. Além disso, a União Européia, as Nações Unidas, juntamente com a maioria das organizações de direitos humanos foram alertadas sobre a iminente execução. Como resultado, a execução foi suspensa, mas reprogramada para 8 de outubro de 2014. Pode ser que o regime iraniano esteja esperançoso que não seja dada a devida atenção ao caso dela, naquele período em meio às manchetes dominadas pelo EIIS.
Jabbari foi condenada à morte quando tinha 19 anos por esfaquear um homem que tentou estuprá-la. Ativistas de direitos humanos têm exigido o cancelamento da sentença e subsequente soltura da prisão, pelo fato dela ter agido em legítima defesa. Entretanto, a lei islâmica raramente reconhece a legítima defesa, principalmente em casos de estupro. Muitas mulheres já foram executadas por se defenderem e muitas mais aguardam execução.
Enquanto isso, o Aiatolá Hossein Kazamani Boroujerdi foi retirado de sua cela para ser executado na Prisão de Evin e desde então encontra-se "desaparecido". O regime iraniano não permite que a mídia interna noticie casos de prisioneiros desaparecidos, por tachar as informações de serem incorretas e propaganda contra o regime.
"Desaparecido" também está Mohammad Reza Pour Shajari, preso novamente há poucos dias, de acordo com sua filha. O regime nega a prisão do Sr. Pour Shajari e afirma não saber nada sobre seu desaparecimento.
Arash Sadeghi, respeitado ativista, estudante de política, foi preso algumas horas após ter postado comentários em sua página no Facebook criticando o regime segundo uma fonte próxima a Sadeghi entrevistada pelo Gatestone Institute que espera continuar anônima:
"Sim, vieram atrás dele e de todos aqueles que estiveram envolvidos no levante de 2009. Estão prendendo a todos, detenção em massa no Irã de qualquer um que se oponha agora ou que se opôs no passado. Estão confiantes que o EIIS desvie a atenção do mundo dessa limpeza sistemática... felizmente eu não estava em casa, de modo que não fui preso. Não fazemos ideia de onde Arash se encontra, só sei que o prenderam horas após seus comentários no Facebook. Temo também que o estão torturando novamente, ele é muito fraco, pesa agora somente 60 quilos, depois do que fizeram com ele na última vez em que foi detido. "
Não há notícias de Sadeghi desde sua detenção em 6 de setembro de 2014. O Irã está, ao que tudo indica, intensificando a limpeza de seus prisioneiros políticos bem como não políticos, muitos prisioneiros foram, aparentemente, levados à prisão de Rajai Shahr para aguardarem execução.
Enquanto isso, a "grande mídia" e os assim chamados grupos de Direitos Humanos estão, como de costume, em silêncio.