Dos grandes perigos que enfrentamos hoje em dia fazem parte: governos centralizados que microadministram a sociedade, a crescente perspectiva de guerra global, a crescente perspectiva de rendição forçada e a substituição do debate racional e da liberdade de expressão por "narrativas" e censuras sancionadas pelo estado: a governança totalitária, ao que tudo indica, não está lá nos confins. Trata-se de uma nova modalidade de guerra contra os civis pelo controle de suas mentes.
As torrentes que nos envolvem parecem ser catastróficas em potencial. Em poucos anos, o mundo suportou a pandemia da COVID-19, os enérgicos lockdowns instituídos pelos governos, a extrema volatilidade da economia, a escassez de commodities e as tentativas do Fórum Econômico Mundial de explorar essa cascata de crises como desculpa para conduzir um "Grande Começar do Zero" no qual o consumo global de alimentos e de energia pode ser estritamente regulamentado de acordo com os objetivos de "mudança climática" segundo uma facção política eleita por ninguém. Os governos estão cada vez mais recorrendo ao controle das "narrativas" públicas e à vilificação da divergência.
Embora burocratas e políticos ligados ao setor da saúde tenham afirmado estarem "agindo conforme os ditames da ciência", o cumprimento obrigatório da unilateral regulamentação impedia qualquer debate fundamentado na boa fé.. O resultado previsível: as consequências letais do vírus de Wuhan foram exacerbadas pelas consequências letais das equivocadas políticas públicas impostas para combater o vírus. Estudantes cujas escolas foram fechadas agora sofrem os efeitos permanentes da perda de aprendizagem. Pacientes cujos oportunos diagnósticos e cuidados preventivos foram empurrados com a barriga agora sofrem as debilitantes consequências das doenças não tratadas. Pequenas empresas incapazes de suportar fechamentos prolongados quebraram sem possibilidade de recuperação. Poupanças da classe média reservadas para inesperados "casos de necessidade" ou mesmo reservas para a futura educação dos filhos secaram. A dívida do cartão de crédito está subindo enquanto mais e mais pessoas lutam para sobreviver com menos. O custo dos "mecanismos de segurança" dos programas de bem-estar dos governos dispararam deixando os estados-nação mais endividados do que nunca, mas também mostraram ser muito porosos com vazamentos (muitas vezes drenando os recursos diretamente para as contas bancárias das empresas de doadores de campanha, lobistas de grupos de interesse e hackers estrangeiros) em vez de serem encaminhados para os mais vulneráveis da sociedade para sua sobrevivência. As justificativas dos governos para suas imprudentes políticas fiscais, monetárias e de crédito durante as emergências de curto prazo enfraqueceram as perspectivas de solvência de longo prazo das nações e a probabilidade de serem capazes de preservar moedas estáveis. Ainda assim, apesar de todos os danos que suas ações causaram, os governos não se desculparam por terem aplicado as políticas que alteraram a vida das pessoas enquanto silenciavam os críticos. É como se os "engenheiros das narrativas" tivessem adotado uma posição oficial de serem incapazes de estarem errados.
O conflito geopolítico está rompendo violentamente a ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial. À medida que as políticas de "mudanças climáticas" dos Estados Unidos e da União Europeia já inflaram os custos de energia, alimentos e muito mais, a invasão da Ucrânia pela Rússia só fez aumentar a mazela financeira dos europeus comuns, pondo em risco a segurança do continente de forma mais abrangente. As ambições territoriais da China ameaçam a paz em relação a Taiwan, Japão por todo Sudeste da Ásia e por aí afora. As investidas dos Estados Unidos no sentido de ampliarem a adesão de países europeus à OTAN, ao mesmo tempo em que expandem seus objetivos missionários na região Indo/Pacífico, na prática garantem que os EUA, China e Rússia permaneçam em rota de colisão.
Não dá para os estrategistas políticos não terem enxergado a magnitude dos paralelos da rápida queda dos dominós geopolíticos que deram início à Primeira e à Segunda Guerras Mundiais, queda dos dominós ocorrida em questão de fatídicas semanas apenas. Não é possível eles não terem se tocado que o insustentável acúmulo de dívidas governamentais ao redor do mundo e a avalanche de investimentos em derivativos que se equilibram de forma instável ancorados em moedas frágeis, desvinculadas de qualquer valor real em ouro ou prata, temendo assim os riscos de uma grave depressão. Não é possível que eles não tenham observado o revanchismo russo e a expansão territorial chinesa como sinais de que as grandes potências caminham para o perigo. Quanto mais nervosos ficam os formuladores de políticas do futuro, mais comprometidos eles parecem estar para impor uma "narrativa" padrão que possam controlar.
Foi a detonação de duas ogivas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki, é claro, que encerrou o combate no Pacífico acabando assim a Segunda Guerra Mundial com um ponto de exclamação.
Agora nos encontramos em um novo tipo de campo de batalha. Diante das armas nucleares, os civis não têm como se esconder dos efeitos desta modalidade de guerra. Sistemas de armas estão espalhados pela Internet, implantados em telefones celulares, ativos em todos os chips de computador, rastreando, compartilhando e enviando informações digitais por todo o planeta. Em vez de explosivos e balas, temos "narrativas" conflitantes que passam zunindo. A amplitude da campanha para controlar quais informações estamos vendo, como as processamos e, finalmente, o que pensamos e dizemos faz com que até as operações psicológicas mais eficazes do passado pareçam antiquadas e rudimentares. Considerando que a "destruição mutuamente assegurada" até agora teve sucesso como dissuasão contra a guerra nuclear, as tentadoras oportunidades para os governos usarem programas de monitoramento e comunicação digital em massa com o objetivo de espalhar mentiras, manipular opiniões e influenciar o comportamento humano criaram uma espécie de distopia mutuamente assegurada," onde as pessoas levam vidas desumanizadas e temerosas."
Nos anos de 1930, Adolf Hitler discursava com espalhafatosa energia e teatral gesticulação diante de dezenas de milhares de tropas de assalto, Juventude Hitlerista e fiéis do Partido Nazista. Hoje, o parlatório do ditador foi substituído pelo Twitter, Facebook, YouTube, TikTok e qualquer outra coisa onde o pipocar de uma plateia online possa ser encontrada. Os estímulos visuais que encantaram as multidões de Hitler agora são reproduzidos com a liberação de endorfinas, causadoras de prazer, que correm para o cérebro depois que cada declaração online "politicamente correta" é "recompensada" com a aprovação de estranhos, proporcionando fama instantânea. Os "influenciadores" online viraram os intermediários dos passos de ganso nas campanhas publicitárias de massa que tocam mais pessoas em um dia do que uma década de discursos de Hitler. Em uma época em que a informação nunca foi acessível com tanta facilidade, o mundo se encontra inundado de mentiras.
Em vez de estimular o debate público e o argumento racional, os governos enfiam goela abaixo, mais do que qualquer outra coisa, a batida constante da "narrativa". Ou o cidadão aceita obedientemente as vastas e invasivas regras da COVID-19 do governo ou é rotulado de "negacionista da COVID". Ou o cidadão aceita obedientemente as vastas e intrusivas regras da "mudança climática" do governo ou é rotulado de "negador da mudança climática". Ou o cidadão aceita o "laptop do inferno" de Biden como "desinformação russa" ou é rotulado de "simpatizante da Rússia". Ousar dizer o contrário poderá banir o sujeito da rede social, punido profissionalmente ou até mesmo demitido do emprego. A não ser que nenhuma dessas "narrativas" estabelecidas tenha provado ser verdadeira.
Retrospectivamente, fica claro que os lockdowns desencadearam mais problemas de saúde, educacionais e econômicos do que resolveram. À medida que a Europa enfrenta a expansão da crise energética que deixa a sua população vulnerável ao frio, fica claro que as políticas da "mudança climática" podem matar justamente aqueles que elas deveriam proteger. E conforme a recente liberação de Elon Musk das comunicações internas do Twitter provam que o laptop de Hunter Biden não era apenas uma notícia verdadeira censurada ao público durante a eleição para presidente. O discurso político também foi censurado por meio de investidas colaborativas do FBI e de mais de 50 agências de inteligência em violação da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos da América. Em cada um dos casos, a "narrativa" provou ser uma propaganda enganosa ou uma mentira deslavada. No entanto, elas foram criadas e sustentadas por plataformas de comunicação online que promoveram as mentiras e vedaram as verdades.
À medida que os eventos globais ameaçam cada vez mais a estabilidade do Ocidente, os governos não demonstraram nenhuma inclinação no sentido de contemplar alguma diversidade de pontos de vista ou discussões durante suas governanças. Na contramão, ao que tudo indica, quanto mais sério o problema, mais comprometidos estão com uma "narrativa" única e abrangente. A dissidência é achincalhada. O argumento fundamentado é satirizado. Espera-se que o cidadão aceite de bom grado as mensagens aprovadas pelo governo e disseminadas online ou arriscar ter a ira da tecnocracia atrás dele.
Essa guerra por oito bilhões de mentes significa que os cidadãos devem estar mais vigilantes do que nunca no processamento e avaliação do que veem e leem. Quer gostem ou não, eles estão sempre sob ataque daqueles que procuram manipulá-los e controlá-los. Como no século passado, estamos cercados por propaganda totalitária rotineiramente disfarçada de "a verdade". Neste século, porém, o alcance e a escala da doutrinação em massa parecem estar em constante expansão.
JB Shurk escreve sobre política e sociedade.