Éric Zemmour, candidato à frente nas pesquisas para as eleições presidenciais de 2022 na França. (Foto: Bertrand Guay/AFP via Getty Images) |
Paris, 18 de dezembro de 2021. A seleção argelina de futebol ganhou a Copa Árabe no Catar. Dezenas de milhares de torcedores argelinos, agitando bandeiras argelinas, correram para o Champs-Élysées em Paris. Vitrines destroçadas. O quebra-quebra dura até o anoitecer. Slogans são entoados aos gritos: "viva a Argélia", "por Alá, o Alcorão!" -- e também "Fo*a-se a França!" e "Fo*a-se Zemmour!" Os policiais recebem ordens para não intervir. Mesmo assim são atacados.
No dia seguinte, Jean Messiha, ex-integrante do Partido União Nacional,observa na televisão: "a grande substituição e o ódio étnico, a olhos vistos".
Éric Zemmour, candidato judeu à presidência da França, não comenta. Ele simplesmente declara em uma entrevista: "cenas tristemente banais".
Dez dias antes, 8 de dezembro, em Nanterre, a poucos quilômetros a leste de Paris, uma procissão católica organizada para celebrar a festa da Imaculada Conceição foi atacada por jovens muçulmanos, que aos gritos insultavam e ameaçavam. Os católicos eram chamados de kuffar ("infiéis"). "Wallah (eu juro) pelo Alcorão, vamos cortar suas gargantas", um jovem gritava para um padre e depois cuspiu nele. "Esta é a terra de Alá", gritaram outros, "vá embora."
Incidentes desta natureza viraram lugar comum na França. Alguns ainda mais violentos ocorreram no passado recente. A França é o único país da Europa onde um professor foi decapitado na rua com uma faca de açougueiro porque um estudante o acusou de desrespeitar Maomé, o profeta islâmico. A França é também o único país da Europa onde um padre foi assassinado dentro de uma igreja enquanto celebrava a missa. Na era pós-Segunda Guerra Mundial, a França é o único país da Europa onde crianças judias foram assassinadas no pátio de uma escola judaica. A França também tem o maior número de "zonas proibidas" (mais de 750) da Europa.
A França é um país onde cristãos e judeus são insultados e agredidos com tanta frequência que os jornais só noticiam o fato quando alguém é morto ou ferido.
As zonas proibidas da França deveriam ser chamadas de "zonas da shariah". Elas são governadas por imãs radicais e gangues muçulmanas que fazem do roubo e do tráfico de drogas seu meio de vida. Embora a maioria dos residentes sejam cidadãos franceses, esta maioria não se considera francesa e sim cidadãos dos países do Oriente Médio de onde eles vieram. Eles não aceitam nenhuma presença judaica ou cristã e a maioria dos judeus e cristãos que lá moravam partiu para morar em outro lugar anos atrás. A polícia não entra e as autoridades até acham perigoso quando carros de bombeiros e ambulâncias adentram aquelas regiões.
Nas últimas quatro décadas pelo menos, sucessivos governos franceses evitaram falar sobre a situação ou então disseram que o problema era a pobreza, que ela poderia ser resolvida com um programa do tipo bolsa família ou com o envio de psicólogos e sociólogos. No entanto, a situação só mudou para pior. A classe governante evita falar sobre o Islã ou diz que o Islã "tem seu lugar" na França e que agora é uma "religião francesa."
O presidente francês Emmanuel Macron salientou que quer fazer mais do que seus antecessores e prometeu lutar contra o que ele chamou de "separatismo islâmico". Ele diz que todos os problemas vêm de um pequeníssimo grupo de islamistas, que ele chamou de seguidores de "movimentos radicais que nada têm a ver com o Islã" e que foram incitados a viverem separados dos demais franceses por conta de perigosos encrenqueiros que estão traindo a fé muçulmana. Macron, portanto, continua se recusando a enfrentar qualquer coisa que seja "constrangedora".
Segundo uma pesquisa de opinião publicada em setembro de 2020, 74% dos muçulmanos franceses com menos de 25 anos disseram que as leis do Islã eram mais importantes do que as leis da República Francesa. Outra pesquisa publicada dois meses depois mostrou que 57% dos muçulmanos franceses com menos de 25 anos queriam viver de acordo com a lei islâmica da sharia.
As sondagens também mostraram que as gangues muçulmanas que vivem nas zonas proibidas e enveredam no tráfico de drogas, também realizam operações de roubo e saque a negócios geridos por não muçulmanos que estão próximos dessas zonas. A ilegalidade estimula estes não muçulmanos a venderem seus negócios aos muçulmanos, que não correm o risco nem de saques e nem de ameaças. Os integrantes das gangues dizem que quando eles roubam e saqueiam, eles só "levam o jizya", um imposto islâmico para "proteção" cobrado de não muçulmanos em territórios regidos pela lei islâmica.
Por anos a fio, aqueles que ousaram retratar de forma explícita a situação foram levados às barras dos tribunais,acusados por organizações antirracistas de "racismo islamofóbico", depois condenados a pesadas multas. Há dez anos, em 2011, o escritor Renaud Camus publicou o livro, Le grand remplacement ("A Grande Substituição"), que dizia que a civilização muçulmana estava substituindo a civilização francesa e que essa substituição vinha acompanhada, no caso para os não muçulmanos, de violência e falta de segurança. Camus não pagou somente multas. Ele nunca mais foi convidado a programas de rádio ou televisão e todas as editoras francesas disseram que não publicariam mais seus livros. Agora ele próprio publica seus livros.
Outro escritor e jornalista, Éric Zemmour, também escreveu a mesma coisa e foi inúmeras vezes condenado, também por "racismo islamofóbico", a pagar multas pesadas. Seus livros, no entanto, viraram best-sellers e os programas de entrevistas que o convidaram tiveram enorme sucesso, o que o protegeu. As estações de rádio e televisão e o jornal que publicou suas opiniões não o demitiram.
É neste contexto que a decisão de Zemmour de concorrer à presidência da França precisa ser entendida.
La France n'a pas dit son dernier mot ("A França Não Disse Sua Última Palavra"), o livro que Zemmour publicou em setembro de 2021, narra suas conversas desoladoras com líderes políticos franceses. Ninguém contestou uma palavra sequer do que ele escreveu. Ele organizou reuniões em todo o país para explicar o que ele achava que precisava ser feito e declarou sua candidatura em 30 de novembro, ao postar um vídeo no YouTube.
O que Zemmour disse contrastava fortemente com seus concorrentes. Ele não tentou agradar nem dourar a pílula. Ele falou sobre a destruição da França:
"a França não é mais a França, e salta aos olhos de qualquer um... O "terceiro-mundismo" no qual nosso país e nosso povo se transformou empobrece tanto quanto desintegra, arruína tanto quanto atormenta".
Ele enfatizou a falta de coragem dos políticos franceses:
"eu percebi que nenhum político teve coragem de salvar nosso país do destino trágico que o espera. Eu percebi que todos esses supostos profissionais eram, acima de tudo, impotentes".
Ao explicar sua decisão, ele ressaltou:
"decidi pedir seu voto para ser o Presidente da República, para que nossos filhos e netos não conheçam a barbárie. Para que nossas filhas não sejam veladas e nossos filhos não sejam obrigados a serem vaquinhas de presépio ".
Zemmour criou um partido político e o chamou de Reconquista, visto por alguns como uma referência à Reconquista, a reconquista da Espanha pelos cristãos após séculos de ocupação muçulmana.
Por poucas semanas, ele conseguiu colocar a questão da sobrevivência da França e de sua civilização no cerne de todos os debates. Cada vez que a mídia o convidava para falar, ele repetia incansavelmente que o que está em jogo é a sobrevivência da França e que a eleição de 2022 poderá ser a última chance de salvar o país. Ele falou sobre o risco de uma guerra civil: "não quero que a França vire um Líbano em grande escala", enfatizou ele.
Os demais candidatos à presidência foram então forçados a levantar as mesmas perguntas que ele estava fazendo, contudo não as responderam. Marine Le Pen, presidente do Partido União Nacional, salientou que Zemmour era muito pessimista e que dividia os franceses. Valerie Pecresse, a candidata escolhida pelo partido moderado de direita, Les Republicains, simplesmente enfatizou que "Éric Zemmour é cúmplice da extrema direita. Eu pertenço a uma direita que construiu um dique contra a extrema direita". Os candidatos de esquerda se recusaram por completo a responder e disseram que Zemmour era um "fascista".
A grande mídia francesa que convidou Zemmour também teve que levantar as perguntas que ele estava fazendo, quase todos diziam que ele era desmedido, obsessivo e que a França não estava em perigo.
Hoje, organizações "antirracistas" muçulmanas e francesas continuam classificando Zemmour de racista. Francis Kalifat, presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF), salientou que nenhum judeu deveria votar em Zemmour e Yonathan Arfi, vice-presidente do CRIF,escreveu: "como judeus, é claro que não somos responsáveis pelo que Éric Zemmour diz. Mas temos a responsabilidade de nos posicionarmos contra ele". Haim Korsia, o rabino-chefe da França, chegou até a declarar que Zemmour, que se considera um "judeu berbere", é um "antissemita".
O presidente Macron nunca fala de Zemmour, mas integrantes do governo e líderes do partido Em Marcha, criado por Macron em 2017, falam e em palavras fortes. O ministro da saúde Olivier Veran disse que "Éric Zemmour encarna rejeição, racismo e xenofobia" e se encontra em "permanente estado de delírio". O ex-ministro do Interior Christophe Castaner ressaltou que Zemmour "insulta o povo francês entra dia, sai dia".
As eleições presidenciais na França acontecem em dois turnos. No primeiro turno há muitos candidatos, oficialmente 24 candidatos para a eleição presidencial de 2022, a maioria dos quais terá de 1% a 2% dos votos. No segundo turno, concorrem apenas os dois candidatos que obtiveram o maior número de votos.
Antes de Zemmour decidir concorrer, as pesquisas indicavam que, no segundo turno, o presidente Macron enfrentaria Marine Le Pen e que ganharia de lavada. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, foi condenado inúmeras vezes por fazer comentários antissemitas. Embora não tivesse medido esforços para mostrar que ela é completamente diferente de seu pai e nada antissemita, ela ainda carrega o nome dele, o que parece ser um complicômetro intransponível. Na esperança de mudar sua imagem, ela chegou a ponto de moderar suas posições, que evidentemente não adiantaram nada.
De setembro a meados de dezembro de 2021, as pesquisas de opinião mostravam que no segundo turno, Zemmour poderia muito bem ser o adversário de Macron. Já a partir de meados de dezembro, no entanto, as pesquisas mostravam outros resultados e Marine Le Pen, Valerie Pecresse e Éric Zemmour estariam empatados. Portanto, é possível que Le Pen chegue ao segundo turno. Caso isso aconteça, o resultado será o mesmo de antes da candidatura de Zemmour e Macron será reeleito. Se Valerie Pecresse chegar ao segundo turno, Macron também será reeleito: suas ideias estão muito próximas às de Macron, o que significa que os eleitores que querem uma política mais conservadora provavelmente não votarão nela. "Valerie Pecresse tem as mesmas ideias de Emmanuel Macron e não tem condições de derrotá-lo", ressaltou Guillaume Peltier, vice-presidente do Partido Les Republicains em 10 de janeiro. "Só Eric Zemmour poderia derrotá-lo". Na véspera, em 9 de janeiro, Peltier deixou Les Republicains para se juntar à campanha de Zemmour.
Se Zemmour chegar ao segundo turno, Macron ainda tem uma boa chance de ser reeleito. Macron aumenta o medo da Covid-19. As regras impostas à população francesa continuam extremamente rigorosas. A França está em estado de "emergência da saúde" e a polícia que impõe o cumprimento das regras tem amplos poderes para tanto. Foi implantado um passaporte de vacinação, somente pessoas totalmente vacinadas podem ir a restaurantes, cafés, cinemas ou viajar de trem. A polícia tem o direito de solicitar passaportes de vacinação e documentos de identidade onde quer que seja, menos na casa das pessoas. Todos os dias, as primeiras páginas dos jornais são dedicadas à pandemia e ao número de casos. O número de pessoas hospitalizadas e mortes são destacadas em letras garrafais. Os noticiários de televisão também estão amplamente dedicados à pandemia. Quando Macron fala, ele trata quase exclusivamente da pandemia. Ao que tudo indica, os analistas políticos acham que se ele conseguir desviar o foco no sentido de evitar todos os demais temas, sua reeleição será líquida e certa. Se ele não conseguir, só Deus sabe o que será.
Uma recente pesquisa mostra que a grande maioria dos franceses, 60% aprova a utilização do passaporte das vacinas e das rigorosas regras em vigor. O medo da doença e da morte continua intenso.
As pesquisas, no entanto, também mostram que as ideias que estão no cerne da campanha de Zemmour são amplamente aceitas pelos franceses. Recentemente um instituto de pesquisas de opinião perguntou a uma amostragem de franceses:
"há os falam da grande substituição, populações europeias, brancas e cristãs ameaçadas de extinção por conta da imigração muçulmana do Magrebe e da África negra. Você acha que tal fenômeno ocorrerá na França?"
Dos entrevistados, 67% responderam que sim. Os entrevistadores então perguntaram aos entrevistados se eles se preocupavam com a possibilidade de uma grande substituição. De novo 67% dos inquiridos responderam que sim, 63% responderam que achavam que o Islã representava um perigo para a França.
Os jornalistas que comentaram sobre a enquete disseram que "a grande substituição é uma fantasia". Muitos franceses indubitavelmente discordam.
Zemmour salientou em um recente programa de rádio, "não, a grande substituição não é uma fantasia". Ele mostrou alguns dados:
"quatrocentos mil imigrantes muçulmanos entram na França a cada ano. Em cinco anos, serão mais dois milhões de muçulmanos. Estes muçulmanos irão morar nas regiões muçulmanas e não irão se integrar... O que vocês acham que isto significa?"
Em vez de responder, os jornalistas que o entrevistaram mudaram de assunto. Os dados apresentados por ele foram obtidos de documentos oficiais, eles são precisos.
Ele também falou sobre suas experiências pessoais. Em 25 de outubro de 2021, o apresentador de TV Jean-Marc Morandini o convidou a fazer uma visita aos moradores de Drancy, uma pequena cidade nos subúrbios da região leste de Paris, onde Zemmour passou a infância. Na década de 1960, lembrou Zemmour, a classe média francesa e muitos judeus que deixaram a Argélia em 1962 no final da guerra franco-argelina moravam naquela região. Na época, continuou ele, a vida em Drancy era calma e tranquila. Agora, ressaltou Morandini, não há mais uma única família judia em Drancy, ela é hoje uma cidade predominantemente muçulmana, como muitas cidades circunvizinhas e que em 2017 houve quebra-quebras acompanhados de alegações de "violência policial". Em Aulnay-sous-Bois, uma cidade vizinha de Drancy, o jovem criminoso de descendência africana, Theodore Luhaka, resistiu violentamente aos policiais que o prenderam e os acusou de ataque sexual. Todos os subúrbios na região oriental de Paris ficaram em chamas por uma semana. Os policiais foram demitidos, acusados e depois absolvidos pelo judiciário. O então presidente François Hollande se colocou ao lado de Luhaka, não da polícia.
Zemmour só conseguiu andar pela cidade protegido por uma dozena de policiais armados. Ele se encontrou com poucas pessoas apenas, todas hostis. Uma multidão gritava "Zemmour vá embora" e "Allahu Akbar" o seguiu. Quando ele entrou em um açougue muçulmano e perguntou ao açougueiro se havia um açougue não muçulmano na cidade, o açougueiro respondeu: "um açougue francês? Acho que ainda há um no bairro francês". "Ainda há um bairro francês em Drancy?" perguntou Zemmour.
Em 26 de novembro de 2021, Zemmour tentou visitar Marselha. Em todos os lugares ele foi saudado aos gritos de "Allahu Akbar". Jovens muçulmanos o ameaçaram verbalmente. O restaurante onde ele iria almoçar foi saqueado por inteiro. A polícia nem tentou protegê-lo. Hoje a população muçulmana de Marselha já chega a 40%. Analistas preveem que em menos de uma década, Marselha, a segunda maior cidade da França, será predominantemente muçulmana.
A reunião pública que Zemmour organizou para lançar a campanha eleitoral em 5 de dezembro de 2021 teve que contar com a proteção de centenas de policiais. Quem apareceu foi recebido por grupos que gritavam "Allahu Akbar" e "Zemmour, o fascista". Um homem que se encontrava no enorme salão onde ocorria a reunião agrediu Zemmour e tentou estrangulá-lo. Os guarda-costas de Zemmour levaram o elemento até os policiais, ele foi acusado de lesão corporal intencional. Treze mil pessoas estavam presentes. Em seu discurso, Zemmour disse aos participantes, "eles me odeiam porque eles odeiam vocês".
O jornalista Ivan Rioufol escreveu no Le Figaro: "o que o candidato está dizendo, além de que é urgente tentar salvar a moribunda França e ouvir os temores da desprezada população francesa?"
"Se Macron for reeleito", ressaltou Zemmour na TV em 13 de janeiro, "a guerra civil é praticamente certa. Muitos franceses sabem disso".
Em 21 de abril de 2021, 1.200 soldados profissionais, entre eles 20 generais, publicaram uma carta aberta na revista semanal Valeurs Actuelles, dizendo a mesma coisa. Macron não reagiu, mas a ministra da Defesa, Florence Parly, declarou que os signatários eram "irresponsáveis" e seriam duramente penalizados. Muitos dos que ainda estavam na ativa foram exonerados. Passado um mês, em 11 de maio, Valeurs Actuelles publicou outra carta aberta, desta vez assinada por milhares de soldados profissionais que pediram que seus nomes não fossem divulgados. O texto é claríssimo:
"vemos a violência em nossas cidades. Vemos o comunitarismo se firmando no espaço público, no debate público. Vemos o ódio à França e sua história se tornando a norma... Vocês abandonam, sem reagir, distritos inteiros do nosso país para a lei do mais forte... se estourar uma guerra civil, o exército manterá a ordem em seu próprio solo... Ninguém pode querer uma situação tão terrível quanto esta... mas sim, de novo, a guerra civil está batendo na porta da França e vocês estão cansados de saber disso".
A Valeurs Actuelles transformou a carta aberta em petição. Em poucas horas, milhares de franceses a assinaram. Mais uma vez, Macron não reagiu. Até o momento, ele não mudou seu posicionamento. Ele não fala sobre a crise na França.
Jornalistas da grande mídia e inimigos políticos de Zemmour, no entanto, examinam tim-tim por tim-tim, cada palavra, com o intuito de achar justificativas para atacá-lo. Em 15 de janeiro, durante uma reunião com professores e pais de alunos, Zemmour disse que achava que as crianças com necessidades especiais deveriam ter aulas em estabelecimentos especiais e acrescentou: "essas crianças estão exaustivamente sobrecarregadas... De modo que eu acho que precisamos de professores especializados para cuidarem delas". Em vez levar em conta as reais dificuldades sobre as quais ele falava, Sophie Cluzel, a Secretária de Estado responsável pelas Pessoas com Necessidades Especiais o acusou de querer "tirar as crianças com necessidades especiais das escolas da república" e "rejeitar as diferenças". Marine Le Pen acusou Zemmour de "atacar crianças enfraquecidas pelas deficiências". Valerie Pecresse realçou: "meu projeto é de mais inclusão para crianças com necessidades especiais". Em 15 de janeiro Zemmour respondeu que recebeu o apoio de milhares de pais de crianças com necessidades especiais que disseram estarem se sentindo abandonados pelo governo. Ele acusou os críticos de hipocrisia e de estarem mentindo e enfatizou que pretendia suprir a falta de escolas especializadas no atendimento de crianças com necessidades especiais.
Indubitavelmente virão mais ataques a qualquer declaração que ele faça. Em 17 de janeiro, um juiz condenou Eric Zemmour a pagar uma multa de US$11.350 por "incitação ao ódio racial" por ele ter dito em 29 de setembro de 2020, em um programa de entrevistas na TV que "menores de idade desacompanhados" estrangeiros que estão na França não estão, nem isolados, nem são menores e que cometem muitos crimes. Registros policiais atestam que é verdade mesmo. Zemmour não tinha falado nada sobre raça. A sentença será, sem dúvida, revogada, mas durante alguns dias a grande mídia francesa teve a oportunidade de dizer que Zemmour havia sido, de novo, condenado por "racismo".
Quando Zemmour era jornalista, ele era universalmente odiado pelos defensores do politicamente correto. Eles tentaram de maneira implacável destruí-lo, porém sem sucesso. Agora que ele é candidato à presidência, aqueles que o odiavam, ao que tudo indica, o odeiam ainda mais e estão dispostos a redobrar os esforços para destruí-lo. Quando a campanha presidencial francesa começar de verdade em fevereiro, os ataques provavelmente se intensificarão.
Não obstante, outros políticos sérios começaram a juntar forças. Guillaume Peltier foi o primeiro: Jérôme Rivière chefe da facção da União Nacional no Parlamento Europeu também veio a bordo em 19 de janeiro, bem como Gilbert Collard, um dos líderes da União Nacional, em 22 de janeiro. Será que uma tendência está tomando forma?
Dr. Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa.