A deputada americana Rashida Tlaib (esquerda) havia pedido para ir à "Palestina" que até o momento não existe, em uma excursão organizada e patrocinada pela organização palestina sem fins lucrativos, Miftah, um grupo descrito no Washington Examiner como "um grupo extremamente antissemita que enaltece terroristas palestinos e diz que os judeus usam sangue de cristãos na Páscoa Judaica." (Foto: Adam Bettcher/Getty Images) |
A deputada americana Rashida Tlaib (Partido Democrata por Michigan) decidiu cancelar a visita que faria a Israel com a colega membro do "Squad" (grupo de quatro deputadas do Partido Democrata), Ilhan Omar, após ambas terem sido convidadas a uma visita oficial de congressistas, no entanto recusaram o convite.
Muito embora a ambas, Tlaib e Omar, que se manifestam abertamente, doa a quem doer, tenha sido inicialmente negada a entrada no país devido aos seus posicionamentos radicais que promovem varrer Israel do mapa via boicote, boicotá-las não fazia parte do plano, pelo menos aparentemente. À deputada Tlaib foi finalmente concedida a permissão de entrar por "razões humanitárias", após um pedido emocionado ao Ministro do Interior de Israel Aryeh Deri, no qual ela apresentou as razões da visita à sua avó palestina que vive na Cisjordânia.
A nova deputada recém empossada voltou atrás e agora resolveu cancelar a viagem.
Tlaib tuitou que sua avó não quer que ela venha visitá-la nas condições que ela já havia aceito, ou seja: não usar a visita como plataforma política para atrair os holofotes. "Silenciar e me tratar como se eu fosse uma criminosa não é o que ela quer para mim," postou Tlaib ponderadamente.
A avó de Tlaib tem 90 anos de idade, de modo que esta poderia até ser a última chance delas se encontrarem. Para Tlaib, ao que tudo indica, essa chance perdida é meramente um efeito colateral se comparado com a oportunidade de promover a agenda política anti-Israel. Dá a impressão que mostrar um certo grau de moderação por um ou dois dias constitui uma afronta à sua consciência.
Considerando que ambas, Tlaib e Omar foram convidadas a participarem de uma visita programada a Israel juntamente com outros membros novos e recém empossados do Congresso, recusaram o convite justo duas semanas antes, todo esse episódio parece mais uma cortina de fumaça para camuflar a motivação primeira delas: criar confusão.
Inicialmente Tlaib manifestou o desejo de visitar a "Palestina", que até o momento não existe, em uma excursão organizada e copatrocinada pela organização palestina sem fins lucrativos Miftah, comandada pela porta-voz palestina de longa data Hanan Ashrawi. Becket Adams do Washington Examiner considera a Miftah "um grupo extremamente antissemita que enaltece terroristas palestinos e diz que os judeus usam sangue de cristãos na Páscoa Judaica. A organização também publicou o artigo Neo-Nazis e prega a destruição de Israel."
A Miftah também chama as terroristas suicidas de heroínas. Não é fácil ser "extraordinariamente antissemita."
Portanto, para Israel parece óbvio que qualquer decisão tomada às pressas estaria logo de cara fadada àquela situação: 'se correr o bicho pega, se ficar o bicho come'. Onde está a crítica de Tlaib à China pela ocupação do Tibete, à Turquia pela ocupação do Norte do Chipre, ao Paquistão pela ocupação da Caxemira ou à Inglaterra por impedir a entrada do estimado escritor Robert Spencer, ao mesmo tempo em que pregadores do ódio são bem-vindos?
O comportamento denotador de Tlaib escancara a verdadeira motivação por trás da propositura da visita, que agora parece ser muito menos o desejo de ver a avó e avassaladoramente mais a forte inclinação de espezinhar Israel e a ribalta política. O que parecia uma ideia interessante, ir para Israel e criar discórdia na frente das câmeras obviamente ficou menos atrativo por ela ter que se comprometer a se comportar. O que parece é que se ela não puder juntar a visita com algum tipo de controvérsia sob os holofotes, então não interessa ir.
Tlaib dispõe de um histórico bem documentado na investida em prol de seus interesses políticos, como montar um espetáculo em torno de si mesma. Em 2016, em um comício em Detroit do então candidato à presidência Donald Trump, o "protesto" de Tlaib logo se deteriorou em caos. As cenas mostram ela brigando com os agentes do Serviço Secreto e também com os seguranças do próprio Trump, gritando: "vocês são todos loucos!", antes de ser escoltada à força para fora do auditório.
Em 2018, ainda candidata ao Congresso, ela chegou acompanhada por uma multidão, em uma demonstração teoricamente "pacífica" em frente a uma lanchonete do McDonald's em Detroit. De novo Tlaib foi escoltada para fora do local, só que desta vez foi detida enquanto protestava por um salário mínimo de US$15 a hora.
Quando ela não é removida de um local, ela acha patriótico atacar os policiais do Capitólio que fazem o trabalho a eles incumbido pelo Congresso: deter manifestantes que desrespeitarem a lei e a ordem.
"Eu nunca me senti mais palestina do que no Congresso" declarou ela em tom desafiador à Coalizão dos Direitos Humanos de Michigan em abril de 2019. Isso soa um tanto pesado, vindo da mesma mulher que se arroga o direito de tuitar a senadores que apoiaram um projeto de lei pró-Israel que eles "esqueceram qual o país que representam."
Os dois pesos e duas medidas contidos em suas frases de efeito infelizmente apequenam qualquer credibilidade que ela possa ter tido por ser uma palestina que luta pelos direitos da terra natal de sua avó. As atitudes dela servem apenas para diluir a seriedade das questões que ela diz representar. Tudo indica que ela simplesmente não está interessada em manifestações que não envolvam ações pirotécnicas ou prisões ou nas quais ela não atrairá atenção ou não será vista como vítima. É difícil imaginar o que ela está fazendo de bom para os seus eleitores. Será que é a vontade de atacar Israel que na realidade mantêm acordados durante a noite os eleitores de Michigan? E será que o antissemitismo é a cara nova aceita pelo Partido Democrata? Não é de se admirar que a sugestão de sua visita tenha causado certa preocupação a Israel.
Conforme M. Zuhdi Jasser, autor e fundador do American-Islamic Forum for Democracy, salientou em relação ao incidente:
"Devo dizer, temos que entender em primeiro lugar o que é o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções). É um movimento antissemita, basicamente genocida que quer destruir Israel. Portanto não se enganem, elas não são deputadas moderadas que vêm visitar Israel. Israel, de acordo com a lei de 2017, tem o direito de proibir ativistas, principalmente aqueles que querem ver Israel varrido do mapa, de entrarem no país."
Uma das últimas ideias que vieram à tona da Indústria de Fustigação a Israel é um debate envolvendo "cerca de doze Democratas" na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos sobre a viabilidade de censurar o embaixador de Israel nos EUA, Ron Dermer e o embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, por "profunda falta de confiança e integridade." McClatchy citou uma fonte do Congresso dizendo: "estamos revendo todas as nossas opções."
Na sequência em um tuíte Tlaib propôs boicotar o programa de TV de Bill Maher, que teve o azar de observar corretamente a intenção do movimento de destruir Israel por meio do estrangulamento via "BDS", "é uma m.... uma espécie de teste de pureza de pessoas que querem parecer acordadas, mas que na verdade dormiram na aula de história. "Ele ressaltou:
"Ele se baseia na seguinte noção, que eu acredito ser uma forma extremamente superficial de pensar, que a maioria dos judeus que vivem em Israel são brancos e que os palestinos são mais escuros, logo os palestinos têm que ser inocentes e corretos e que os judeus têm que estar errados.
"É como se a ocupação tivesse aparecido do nada, é como se o povo palestino, totalmente pacífico, se viu, sem mais nem menos, ocupado... Esqueçamos as intifadas e os homens bomba, os foguetes e tantas guerras.
"Deixe-me ler um trecho de um texto de Omar Barghouti, um dos cofundadores do movimento: 'nenhum palestino racional... jamais aceitará um estado judeu na Palestina.' Então é daí que vem isso, esse movimento, de alguém que de maneira alguma aceitará um estado judeu. De um jeito ou de outro esse lado nunca aparece na mídia americana. É muito estranho."
O deputado americano Ted Lieu (Partido Democrata pela Califórnia), não querendo ficar de fora entrou na dança e acusou o embaixador dos EUA em Israel David Friedman de "lealdade a uma potência estrangeira", contudo se absteve de acusar a deputada Tlaib de lealdade à "Palestina."
Em uma entrevista coletiva à imprensa, cheia de lágrimas, todos os fatos espinhosos foram distorcidos ou omitidos, como por exemplo, qual era o itinerário da visita e por que cargas d'água Israel se viu obrigado a construir barreiras de proteção? Será que tinha algo a ver com os incontáveis ataques terroristas perpetrados pelos palestinos nos quais "mais de 900 pessoas foram mortas" e "milhares ficaram feridas'? A barreira de proteção cumpriu seu papel de impedir esses ataques terroristas? Segundo o então governador de Wisconsin Scott Walker, houve uma redução de "mais de 90% no número ataques terroristas em Israel, o que o país atribui à eficiência do muro... Se em Israel deu certo, não há razão para não dar certo nos Estados Unidos."
Entre as histórias da carochinha que apareceram durante a entrevista coletiva encontram-se as seguintes calúnias: comparar Israel ao apartheid da África do Sul, quando na realidade os árabes, de modo geral, são tratados em pé de igualdade com os judeus, são juízes da Suprema Corte e membros do parlamento, têm partidos políticos e exercem qualquer profissão. A deputada Omar também classificou os postos de controle como desumanizantes, sendo que a única razão de sua existência é a de impedir ataques terroristas dos palestinos. Obviamente não foi dado nem um pio na entrevista coletiva sobre o fato da Autoridade Nacional Palestina, chefiada por Mahmoud Abbas, já perto do 14º ano no cargo do mandato de quatro anos ter "proibido um grupo de direitos humanos palestino LGBT de qualquer atividade na Cisjordânia, além de colocá-lo atrás das grades sob a alegação de que tais atividades são contrárias aos valores da sociedade palestina." Em contrapartida, em Israel todos os anos é realizada uma das maiores marchas do orgulho gay do mundo.
Esses são os resultados adversos a um convite a pedido da própria Tlaib. "Essa pode ser a última chance de eu vê-la (a avó). Eu respeitarei quaisquer restrições e não irei promover boicotes contra Israel durante minha visita" indicam que a preocupação de Israel faz sentido.
Andrew Ash está radicado no Reino Unido.