Uma abominável campanha global travada por um poderoso lobby cristão está se empenhado em influenciar a Igreja e usá-la para deslegitimar Israel. O grupo que faz uso do lobby é o Sabeel Ecumenical Liberation Theology Center (Centro de Teologia da Libertação Ecumênica Sabeel), que conta com o ganhador do Prêmio Nobel Bispo Anglicano Desmond Tutu, já aposentado, como patrono.
Tutu não só concordou em ser patrono do Sabeel como também de "dar assistência à organização Cristã Palestina em estender e desenvolver o trabalho com Igrejas Cristãs ao redor do mundo".
Em seu Web site, Sabeel se refere a Israel em termos de "opressor", "ocupador", "imoral", violador dos direitos humanos dos palestinos, e seu fundador Naim Ateek se refere à "crucificação" dos palestinos por Israel:
"Somente aqueles com insight podem ver as centenas de milhares de cruzes espalhadas pelo país, homens, mulheres e crianças palestinas sendo crucificadas... O sistema de crucificação do governo israelense opera diariamente".
Como agente principal do lobby de Sabeel, são as palavras de acusação de Desmond Tutu ao se referir a Israel como "opressor".
Tutu conhece o ódio, em primeira mão, do apartheid na África do Sul, mas causa danos profundos a sua estatura e credibilidade quando, de maneira injusta, quer se aproveitar da tragédia imposta pelo regime da África do Sul. Ele o faz em uma mensagem de propaganda difamatória permeando a Igreja Cristã em nome da teologia da libertação. Ele afirma de maneira cabal em um artigo: "eu sei, pessoalmente, que Israel criou uma realidade apartheid dentro de suas fronteiras, por meio da ocupação. Os paralelos em relação a minha amada África do Sul são realmente penosamente gritantes". Enquanto isso árabes e muçulmanos desfrutam de todos os direitos humanos em todas as esferas da vida, inclusive plena participação como membros do Parlamento de Israel, o Knesset.
A teologia da libertação é um movimento radical, originalmente criado na América Latina antes de abrir caminho para a África do Sul. O movimento foi criado, aparentemente, em resposta à miséria e maus tratos às pessoas comuns. Ele foi caracterizado com a frase "se Jesus Cristo estivesse na terra hoje, ele seria um revolucionário marxista".
Subsequentemente a teologia da libertação se tornou influente nas igrejas sob o regime do apartheid na África do Sul. Teólogos negros, com o intuito de responder às questões da fé dos pobres e oprimidos, confrontaram a teologia do status quo cristão, cuja tendência era se alinhar com as instituições no poder vigentes. Daí em diante, em 1985 foi desenvolvido o documento Kairos, que apresentava uma alternativa necessária aos modelos bíblicos e teológicos. Essencialmente o documento Kairos tinha como foco a mensagem da teologia da libertação por meio do incentivo à leitura e interpretação da bíblia através dos olhos dos miseráveis.
Para os teólogos o documento Kairos representava um desafio à igreja para que ela se levantasse contra o apartheid. Os teólogos acreditavam ser "o momento da graça e oportunidade, a hora propícia em que Deus apresenta um desafio para a decisiva tomada de ação". Eles continuaram: "se essa oportunidade for desperdiçada e se for permitido que ela seja ignorada, a perda para a Igreja, para o Gospel e para todos na África do Sul será incomensurável".
Aquilo que foi certa vez elaborado como apenas um desafio à Igreja em 1985 se tornou, assim desvirtuado, em propaganda em 2009, quando um novo documento, o Kairos Palestine, foi escrito. Embora baseados nas mesmas "questões de fé dos pobres e oprimidos" do regime do apartheid da África do Sul, desta vez os palestinos são apresentados como igualmente oprimidos.
Enquanto Tutu e outros conversam sobre Israel o "opressor", os inimigos em volta de Israel procuram destruí-lo de acordo com suas cartas genocidas. Dado o silêncio de Tutu e de outros sobre esse assunto, ao que tudo indica, uma agenda de genocídio não é vista por eles como injustiça.
Continuando o uso indevido do sofrimento dos negros sul-africanos como plataforma de lançamento, Tutu também tem sido contundente em sua exigência quanto ao Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel. Ele afirma que o BDS ajudou a África do Sul a chegar a democracia e que o BDS dará certo em acabar com "décadas de ocupação de território palestino por Israel e o injusto e prejudicial tratamento do povo palestino pelo governo israelense que os governa", apesar do fato de que os judeus morarem na região há aproximadamente 4.000 anos.
Tutu também afirma: "eu testemunhei a sistemática humilhação de homens, mulheres e crianças palestinas por membros das forças de segurança israelenses, a humilhação deles é conhecida de todos os negros sul-africanos que foram encurralados, molestados, insultados e atacados pelas forças de segurança do governo apartheid".
A incômoda verdade, no entanto, é que não há apartheid em Israel. O reverendo sul-africano Kenneth Meshoe (negro), fundador e presidente do Partido Democrático Cristão Africano e membro do parlamento sul-africano desde 1994, revela que no apartheid da África do Sul, os negros não podiam votar nem ocupar altos cargos no governo, as raças eram rigorosamente segregadas nas arenas esportivas, escolas, hospitais, transporte público, banheiros públicos, assentos em salas de espera e os negros tinham cuidados médicos de nível inferior, hospitais e formação escolar, eles eram obrigados a morar em enclaves residenciais separados. Os negros eram obrigados a portarem documentos de identidade para mostrarem o endereço de residência o tempo todo, sob pena de serem espancados ou encarcerados. Em outras palavras, os negros eram criminalizados por serem negros e cruelmente limitados pelas leis do país. Além disso os casamentos inter-raciais eram ilegais.
Taxar Israel como um estado apartheid quando não há nenhuma dessas restrições não é somente propaganda difamatória, mas de acordo com Meshoe, trivializa o sofrimento dos negros que viveram sob o apartheid. Meshoe visitou Israel diversas vezes e afirma nunca ter visto nenhuma prova da existência de apartheid. Ao se referir à puramente defensiva, assim chamada, muralha "apartheid", Meshoe corretamente a chama de barreira de "segurança". "É de responsabilidade de qualquer governo garantir a segurança de seus cidadãos", afirma ele.
Embora Sabeel declare ser sua missão a de dar apoio aos palestinos "oprimidos" pela igreja nativa", ela nunca destaca a opressão e os abusos sofridos pelos palestinos perpetrados pelos seus próprios dirigentes ou por outros países que lhes dão refúgio como a Jordânia ou o Líbano. Tutu também ignora os maus-tratos praticados pelo Hamas, que usa seus cidadãos palestinos como escudos humanos em suas guerras para varrer Israel do mapa.
Como patrono do Centro Sabeel, Tutu também não se incomoda com os inúmeros cristãos que estão sendo massacrados em países muçulmanos, que ainda há escravos negros mantidos em países muçulmanos como a Mauritânia, a captura forçada de escravos "infiéis" pelo Boko Haram e Grupo Estado Islâmico (EI), o genocídio racista em Darfur e os 10 milhões de muçulmanos massacrados por outros muçulmanos desde 1948.
Opositores de Sabeel indicam que na realidade ele parece ser uma organização política promovendo a propaganda contra Israel em igrejas cristãs ao redor do mundo à medida que conduzem as diretrizes da Igreja em favor da destruição de Israel por meio do boicote, desinvestimento e sanções (BDS em inglês).
Sabeel também afirma que "por muitos anos os palestinos rejeitaram o estabelecimento do Estado de Israel porque ele se estabeleceu na negação e violação dos direitos dos palestinos". Historicamente, contudo, foram primeiro os judeus, depois os romanos, depois os cristãos, depois os árabes e mais tarde os turcos que viveram naquela terra por aproximadamente 4.000 anos. Historicamente foram sempre os árabes que rejeitaram todos os direitos dos judeus, incluindo a rejeição no século passado do plano de partilha da ONU. No exato dia da fundação de Israel em 1948, um grupo de exércitos árabes invadiu Israel. Os palestinos também se recusaram até em fazer uma contraproposta aos generosos planos apresentados pelos Primeiros Ministros Israelenses Ehud Barak e Ehud Olmert, ambos ofereciam 97% de tudo aquilo que os palestinos queriam.
De acordo com uma instrução do Jerusalem Center for Public Affairs (Centro Jerusalém para Assuntos Públicos), pesquisas de comunicação direta constatou que a maioria dos palestinos em Jerusalém oriental prefere se tornar cidadão de Israel e não do novo estado palestino.
É de se perguntar, portanto, por que Desmond Tutu, Sabeel e as igrejas antissemitas que apóiam o BDS são tão tolerantes diante da perseguição de cristãos, terrorismo islamista global, perpétua ameaça de destruir Israel e o fato dos muçulmanos terem expulso os cristãos de Belém, justamente o lugar do nascimento de Jesus?
A percentagem de cristãos em Belém era de mais de 85% da população em 1948 e o número vem diminuindo desde então chegando a 12% em 2006. Os territórios em discussão, da Cisjordânia e Faixa de Gaza vêm já por anos sendo administrados pela Autoridade Palestina (AP) e por um eleito Hamas. Sob o comando desses regimes os árabes cristãos têm sido vítimas de abusos dos direitos humanos, inclusive espancamentos, tortura, sequestros, casamentos forçados, assédio sexual, intimidação, roubo de terras, ataques a igrejas com bombas incendiárias, negação de emprego e boicotes econômicos.
Além disso o líder da AP Mahmoud Abbas declarou o seguinte em relação a um futuro estado palestino: "em uma resolução final, não queremos ver a presença de nenhum israelense, civil ou soldado, em nossas terras". E uma declaração como essa não é considerada apartheid?
As conferências Friends of Sabeel continuam acontecendo várias vezes ao ano nas maiores cidades da América do Norte, onde são ouvidas exortações em favor do BDS e onde "derrotar o sionismo cristão em busca da justiça" na "busca da paz de Jerusalém" é o tema principal. Essas calúnias e deturpações dos fatos em relação a Israel não têm nada a ver com a paz e menos ainda com a justiça. Elas são ainda mais inaceitáveis vindas de grupos da igreja ou de um homem de batina.